domingo, 28 de julho de 2013

ESPECIAL 4 - SEMANA DO ESCRITOR

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ESPIA CORAÇÃO
© Reginaldo Honório da Silva
 
Espia coração
Por entre as cicatrizes
O que fez pra mim
 
Não me ofereça ilusão
Não inventa paixão
Tenha dó de mim
 
Eu já me cansei de amar
De brincar de sonhar
De me dar por inteiro
 
Me escuta coração
Desta vez não!
Não quero mais amar
 
Vou me por em casulo
E dormir no escuro
Para acordar mais feio
 
Não me julgo bonito
Mas já morri aflito
Por amores em vão
 
Que morreram por mim
Prometendo o fim
Que não puderam cumprir
 
Deixa eu quieto aqui
Brincando de só existir
No que restou de mim!
 
Rio Claro, 24 de julho de 2013, às 22h33min.
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Poesia

Candy Saad

A poesia é um sonho
que sustenta nossa alma...
Sai do fundo do coração
de quem ama.
O poeta cria  um mundo á parte,
onde expressa
seus sonhos de amor,
de dor,de alegria e outros mais.
O poeta entra no imaginário,
 procura dar sentido a vida,
 ajudar a elevar as pessoas
e suas reações.
Na problemática do ser humano,
poesia é amor!
Ela pulsa dentro do coração do poeta,
Que a coloca no papel
com rimas ou sem rimas...
A luz dessa utopia!
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 NO MEIO DA NOITE
O SILÊNCIO ACORDOU-ME,
PARA DIZER
QUE ERA HORA,
SEM DEMORA,
DE ESCREVER
         Anair Weirich
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LAVAS E TELAS
Adilvo Mazzini


Um vulcão é sempre temido. Estremecem céus e terra ao seu troar assustador.
Suas cinzas incandescentes provocam arrepios e gritos. Correria.
As lavas em fogo avassalam tudo que encontram pela frente.
Destruição certa. Atrás, a vida deixa de existir. Permanece o tom escuro da morte.
Passam-se anos. Talvez séculos. Ou milênios.
A natureza se encarrega de colocar outras telas naquele cenário fúnebre.
O magma, transformado, poderá ser pedra ou solo.
Se pedra, impenetrável. Se solo, o mais fecundo e produtivo.
Podemos ser vulcão. Podemos ser destruição. Podemos ser medo.
Podemos sentir todo o medo.
Poderemos ser pedra. Mas poderemos ser solo da mais alta qualificação.
Os frutos dependem do enfoque que dermos àquela massa sem definição.
Das nossas decisões dependem a semeadura e a colheita.
As pedras são áridas. O solo, fecundo.
Se a semente for lançada sobre a pedra, morre. Se ao solo, fecunda e frutifica.
Como a natureza, depende de nós termos novas telas em nossas paredes, a cada novo dia.
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GUAVIRAS DO MATO PARA SEMPRE

A preciosidade de um amigo é coisa que nunca se apaga. Eu ainda não amava os Beatles nem os Rolling Stones quando conheci meu melhor amigo de infância e a sua lembrança despencou sobre mim enquanto atravessava o bairro que vivemos. Não sei qual a diferença entre nostalgia e saudade, mas tenho certeza que quanto mais viajamos para o passado, aquela dorzinha, antes suave e doce, vai aumentando até doer e daí vira nostalgia. Venho de tempos antigos, quando a Avenida Bandeirantes, que hoje tem asfalto e muitos buracos, era apenas uma estrada cortada por patrolas que formavam trechos em desalinhos e nas margens algumas casas conviviam com o mato verde reinante, no qual se podia caçar passarinhos, brincar de esconde-esconde e comer guaviras colhidas diretamente do pé. Zé Lata era meu amigo inseparável. Eu era um ano mais velho, talvez um pouco mais e, por isso, ele me tratava como se eu fosse uma espécie de guia, numa reverência que eu fingia não ver, mas gostava. Para ele eu tinha a solução para todos os mistérios do mundo e seguia num ato de cego no deserto tudo o que eu falava. Acreditou, sem questionar, quando eu falei que o sol era uma estrela, da mesma forma que acreditou que um dia, naquela mesma mata, topei com o saci-pererê. Vi certa vez os garotos mais velhos prendendo passarinhos numa arapuca a achei aquilo tão genial que elaborei na cabeça algumas estratégias para caçar um pássaro raro. No outro dia eu e o Zé estávamos lá, embrenhados na mata, rastejando os minúsculos corpos pela grama molhada de orvalho que entupia a relva. Meu amigo se aquietava até para respirar, as mãos tremulas segurando o barbante e ouvindo atentamente minhas ordens. Como o passarinho demorava a aparecer, resolvi fazer o que mais gostava: comer guaviras enquanto com os dedos dava ordens para o Zé não se mexer, o que ele atendeu com denodo. Ficou paralisada aquela cena em minha mente, que guardo comigo para sempre, lembranças do amigo que mudou de cidade e nunca mais nos reencontramos. A minha memória trabalha junta com a imaginação, embora não tenha certeza se pagamos o passarinho, digo que era um belíssimo sanhaço azul do peito amarelo, que às vezes troco por canário ou curió. Que pena que o mato deu lugar ao concreto e os passarinhos se foram. Mas as guaviras ainda existem. E quando sinto falta dos ventos de outrora, procuro socorro com as índias em frente ao mercadão, encho a boca de guavira, antes que a nostalgia vire melancolia e fico notando as pessoas passando, buscando em cada uma o rosto do amigo que nunca mais vi. Talvez ele tenha voltado à procura do doce gosto da infância e do seu jeito desajeitado ainda busque o amigo mais velho do qual nunca se esqueceu.
André Luiz Alvez – Publicitário, escritor, ator de teatro

Um comentário:

  1. Parabéns Adiulvo Maravilha d texto Já falei com você sobre ele Besos Janda

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