CA-NIN-DÉ:
LE-TRAS
A-CA-DÊ-MI-CAS
SO-LE-TRA-DAS
EM VER-SOS
.
CUIABÁ-MT - 2014
Primeiro verso
Araras arredias.
Arvoredos em chamas incandescentes. Fauna e flora ausentes. Paisagem natural
alterada. Tamanduá na estrada. Freio e colisão. Tamanduá em extinção. Meio
ambiente da bandeira sem pavilhão. Presidente, presidenta ou previsão
constitucional? Governadoria ou administração municipal? Ouvidoria ou operação
federal? Cantoria desafinada ou gritaria geral?
Nariz de
Pinóquio. Boneco travesso. Estória infantil. Meio, fim e começo. Trapaça e
tropeço. Lobo disfarçado de cordeiro. Gepeto brasileiro. Marceneiro quase aposentado.
Operário acidentado. Dedo amputado. Dedal improvisado. Figurino modelado. Alta
costura. Gravata borboleta. Abotoadura de diamante. Diploma de farsante. Popularidade
imitada. Vida pública maculada. Manchete de jornal. Maquinações, maquinários,
etc. e tal...
Gancho de pirata.
Perna com gesso. Papagaio sem preço. Papagaio de estimação. Papagaio criado na
ração. Papagaio das penas da asa direita cortada. Papagaio com ares de anu. Papagaio
do papo estufado com angu. Papagaio do pé de pavão. Papagaio do bico de gavião.
Papagaio carcará. Papagaio de Cuiabá. Papagaio do Distrito Federal. Papagaio
disfarçado de periquito australiano. Papagaio com fome de pelicano. Papagaio
delatado. Papagaio investigado. Papagaio empinado. Papagaio engaiolado. Será?
Papagaio de realejo. Blá blá blá?
Poema longo em
mais de uma lembrança. Poesia pesada nos pratos de uma mesma balança. Criança
com esperança de ensino e de educação. Paciente na fila de internação. Bolso
furado. Bola rasteira. Arena brasileira. Porteira fechada. Grama aparada. Grana
alta. Bolada. Casa com suíte presidencial. Gado na invernada. Boiada no curral.
Canjica, pamonha assada ou curau? Sobremesa, entrada ou prato principal?
Cantina italiana.
Taberna portuguesa. Comida chinesa. Iguaria francesa. Charuto cubano. Vinho
chileno. Café pequeno. Café com adoçante. Comanda faturada. Cama de campanha
desarmada. Mesa servida. Banho de água gelada. Primeiro verso so-le-tra-do em
plena liberdade de expressão. Próxima página?
Segundo verso! Mesma edição...
Segundo verso
Hora da amarelinha
riscada no mesmo chão. Minuto da queimada disputada por mais de uma seleção.
Segundo do verso aonde se rima fome e corrupção. Hora de fazer acontecer.
Minuto da força pela união. Segundo da égide garantida nos capítulos de uma
Constituição. Fim da corrupção.
Ponteiros
desencontrados. Ampulheta de areia dos desterrados. Relógio de bolso dos
afortunados. Despertador digital. Termômetro social. Geladeira política. Forno
eleitoral. Biscoito de vento. Parlamento em tabuleiros untados. Derrames dos
empossados. Inconfidência em nada mineira. Sina da população brasileira. Fim de
feira.
Hora do abacaxi
sem coroa. Minuto do tomate amassado. Segundo do pepino descascado. Cebola e
cebolinha. Mandioca e batatinha. Açafrão e noz moscada. Pimentão ou berinjela
recheada? Carne moída ou carne serenada? Cozinha ou copa equipada? Culinária
regional ou comida super faturada? Água mineral gelada ou cantil de boiadeiro?
Torcedor nacional ou turista estrangeiro?
Primeiro ato sem
palco, sem cortina e sem ribalta iluminada. Segundo prato de uma mesma refeição
super faturada. Sardinha em lata ou pão com mortadela? Café pingado ou chá de
capim limão? Mate gelado ou cuia de chimarrão?
Aqui no Centro
Oeste, o Sul é mais do que uma colonização. Aqui em Mato Grosso, o Nordeste vai
além de uma tapioca adocicada com goiabada cascão. Aqui neste estado federado,
o Sudeste é considerado a origem da nossa população. Aqui neste Cerrado, o
Norte em portal da Floresta Tropical. Aqui nesta paisagem, os meandros
abandonados de um único Pantanal.
Aqui boi é boi.
Aqui curral é curral. Aqui pasto é pasto. Aqui agricultura é agricultor. Aqui
meio ambiente é muito mais que uma clareira sim senhor. Aqui nascente soterrada
é crime sem autor. Aqui grão é grão. Aqui algodão é cultivo, colheita e exportação.
Aqui estrada é muito mais do que pista de caminhão carregado de produção.
Terceiro verso, em construção!
Terceiro verso
Cuiabá: Uma
cidade histórica. Uma aluvião de abril esgotada. Uma bandeira hasteada. Um
arraial elevado a categoria de capital. Uma forquilha afluente em manancial
mais do que pesqueiro. Um povo brasileiro. Uma fé milenar. Um porto sem
navegação. Um pronto socorro combalido. Um eleitorado preterido. Um trilho
atrasado. Uma trincheira inoperante. Uma Arena deslumbrante. Cuiabá: Uma cidade
sede da Copa Mundial. Versos de uma cantoria além de uma viola artesanal.
Ingressos de uma bilheteria. Cidadania exaltada além de uma roda de cururu ou
siriri. Manga, caju e pequi. Quantos bairros? Aonde a urbanização?
Mundéu,
Despraiado e Grande Terceiro. Araés, Bandeirantes e Baú. Planalto, Alvorada e
Bela Vista. Morada da Serra, Morada do Ouro e Carumbé. Santa Helena, Santa Rosa
e Duque de Caxias. Goiabeiras, Popular e Verdão. Porto, Jardim Paulista e
Jardim Tropical. Chacará dos Pinheiros, Copema e São Gonçalo Beira Rio. Jardim
das Américas, Jardim Itália e Boa Esperança. Santa Cruz, Santa Amália e Jardim Nossa
Senhora Aparecida. Jardim Universitário, Chácara das Garças e Parque Ohara.
São Francisco,
Tijucal e Pedra 90. Osmar Cabral, Jardim Imperial e Recanto dos Pássaros. Cidade
Alta, Jardim Industriário e Cophamil. Dom Aquino, Poção e Jardim Petrópolis.
Jardim Paulista, Jardim Araçá e Quilombo. Jardim Santa Marta, Jardim Mariana e
Ribeirão da Ponte. Jardim Bom Clima, Jardim Monte Líbano e Eldorado. Canjica,
Bosque da Saúde e Jardim Aclimação. Jardim Alencastro, Jardim das Palmeiras e
Jordão. Alto do Coxipó, Jardim dos Ipês e São João Del Rey. Jardim Passaredo,
Jardim Presidente e São Sebastião.
Jardim Cuiabá,
Tancredo Neves e Terra Nova. Campo Verde, Sol Nascente e Santa Inês. Três
Lagoas, Novo Horizonte e Itamarati. Cohab Nova, Santa Laura e Santa Isabel.
Novo Terceiro, Jardim Guanabara e Jardim Leblon. Campo Velho, Jardim Europa e
Praeiro. Praeirinho, Pedregal e Renascer. Vila do Ipase, Morada dos Nobres e
Shangrilá. Califórnia, Jardim Bela Marina e Jardim Aroema. Jardim Mossoró,
Parque Atalaia e Parque Cuiabá. Jardim Buriti, Vista Alegre e Parque Georgia.
Residencial Coxipó, Residencial Itapajé, Nova Esperança e Pascoal Ramos...
Quarto verso
Quarteto mais do
que violado em prisma musical. Público pagante em campeonato mundial. Turista
internacional. Bairros de uma Capital. Desvios de uma obra colossal. Tapumes e
canteiros. Máquinas e maquinação. Maquinistas e manobristas de plantão.
Escavadeiras e picaretas. Bueiros e sarjetas. Calçadas e passarelas. Transito
congestionado. Motoristas impacientes. Pedestres sem vez. Transtornos da
mobilidade urbana. Cofres da pátria republicana.
Confins de uma República Federativa. Pátria
viva em direitos elencados. Pátria cativa em deveres ignorados. Pátria da
liberdade nunca tardia. Pátria da democracia desgovernada. Pátria da corrupção
institucionalizada. Pátria marcada a ferro e fogo além de um morro ocupado em
nome da pacificação. Pátria do descaso constatado em mais de um rincão. Pátria
remendada em mais de uma legislação. Pátria burlada numa mesma Constituição.
Quarto ato, em
apresentação nada teatral. Quarto quatro por quatro, em escala dimensional.
Quarto de solteiro. Quarto de casal. Quarta feira de cinzas depois de um
carnaval. Quarta parte de uma receita federal. Quarta porção do território
nacional.
Quarta nota da escala musical. Fá em fazer
social. Fá em formação educacional. Fá em fado governamental. Fá na flâmula de
um lábaro estrelado. Fá na férula de um eleitorado. Fá festejado. Fá fiado. Fá
festim. Fá figurativo. Fá faturado. Fá fechadura. Fá feijão. Fá feijoada. Fá
federação. Fá feitura. Fá fenda. Fá ferrolho. Fá fábula. Fá faísca. Fá fagulha.
Fá fogo. Fá fogueira. Fá falcatrua.
Fá falta. Fá
farnel. Fá farsa. Fá farsante. Fá fausto. Fá favela. Fá fundido. Fá
fragmentado. Fá fervura. Fá figurante. Fá figura. Fá figurão. Fá finalidade. Fá
fiscalização. Fá fisco. Fá fisgado. Fá flagrante. Fá flauta. Fá fole. Fá folha.
Fá flor. Fá formalidade. Fá forma. Fá forjado. Fá forja. Fá foro. Fá forró. Fá
fosso. Fá fortuna. Fá fracionado. Fá frágil. Fá forte. Fá franjado. Fá
fraqueza. Fá fraseado. Fá frevo. Fá fronte. Fá fruto. Fá fulano. Fá furto. Fá
furtado. Fá fuso. Fá fuzil. Fá fusível. Fá fuzuê. Fá futebol. Fá futuro do
Brasil.
Quinto verso
Cinco dedos de uma
mão. Cinco sentidos apurados. Cinco regiões em territórios delimitados. Cinco
dias da semana trabalhados. Cinco picadeiros numa mesma lona mais do que usada.
Cinco anos de uma obra paralisada. Cinco ecossistemas de uma paisagem natural
alterada pela ocupação humana. Cinco anos no calendário de uma pátria dita
republicana.
Quinto ato sem
ator de televisão. Quinto fato sem legislador e sem legislação. Quinto parto
sem dor. Quinto filho na conta de uma mesma bolsa de finalidade assistencial contestada.
Quinta essência de uma flor perfumada. Quinto espinho de uma rosa despetalada.
Quinta feira agendada em sessão mais do que parlamentar. Quinta rodada de uma
infernal esfera federal. Quinta de um quintal aquém de Portugal. Quinta coluna
de um templo em nada medieval.
Quitanda em nada
comercial. Escambo eleitoral. Bolsa mensal. Bolsa fome atenuada. Bolsa
falsificada. Bolsa do fundo falso. Bolsa do fim sorrateiro. Bolsa do povo
faminto. Bolsa da população desafortunada. Bolsa do brasileiro excluído do
progresso da pátria amada. Bolsa da família ignorada em prantos mil. Bolsa da
miséria em nada gentil. Bolsa da assistência em nada social. Bolsa bornal.
Bolsa milho. Bolsa milhão. Bolsa baião. Bolsa arroz. Bolsa feijão.
Quíntuplo da
quirela da democracia. Quota da panela cada vez mais vazia. Quociente mais do
que eleitoral. Quizila governamental. Quitação da representação política em
prisma social. Quiosque da reforma constitucional. Quinquilharia estatal.
Quimera com cabeça de leão, corpo de cabra e cauda de dragão. Quietude da
população. Sim ou não? Queijo é queijo é queijo. Beijo é beijo. E o pão?
Amanhecido ou torrado? E o circo? Armado ou em armação? Câmbio final. Desligo.
Ligo a televisão!
Quilometragem
rodada. Quentão. Quadrilha de São João. Bandeirolas, fogueiras, querela em
questão. Queixa ou lamentação? Queimadura ou lesão? Chama o SAMU! Aciona o
cirurgião! Dívida pública? Quitação!
Sexto verso
Meia dúzia de
banana nanica amassada. Seis gotas de arnica concentrada. Desarranjo mais do
que intestinal. Contusão em nada acidental. Receita ou recital? Pronto socorro
ou plano de saúde inoperante? Paciente terminal ou atendimento acumulado?
Dívida pública ou quesito sucateado?
Seis por seis ou
sexteto violado? Seis por três ou político empavonado? Seis por um ou aluno
matriculado? Seis por nada ou meia dúzia a prestação? Seis por regra ou por
exceção? Seis balaios ou seis gatos emaranhados? Seis valetes ou seis reis
destronados? Carta de baralho ou cartel na mesa? Alho picado ou cebola à
milanesa? Pimenta malagueta ou pimenta calabresa?
Bolo sem cereja.
Pudim sem calda açucarada. Marmelada ou goiabada? Travessura ou guloseima
inventada? Fome ou fartura desregrada? Mesa ou casa arrumada? Cama ou maca
enferrujada? Banho francês ou banheira furada? Sabão ou água clorada
concentrada? Lavar ou alvejar? Comer ou degustar? Dormir ou despertar? Anular
ou eleger? Votar ou não comparecer?
Quem vai às urnas
com sede e com fome de democracia? Quem vai continuar com a barriga vazia? Quem
vai fazer de conta que tudo está certo como dois e dois são quatro? Quem vai
lamber o prato? Quem vai ficar às margens do mesmo regato? Quem vai morrer na
praia? Quem vai nadar de braçada? Quem vai sentar no comando do Palácio da
Alvorada? Quem vai reformar a pátria amada? Quem colheu os marmelos de uma
mesma marmelada?
Hora
da virada. Minuto da massa em fermentação. Segundo do bolo finalizado num mesmo
fogão. Biscoito doce ou salgado? Óleo quente ou tabuleiro untado? Receita
familiar ou quitute inventado? Mestre cuca ou cozinheiro especializado? Quem
lava as panelas? Quem serve a mesa? Quem se faz de palatino da pobreza? Quem
viverá em perpétua realeza? Quem nadará contra a correnteza? Quem naufragará
diante da mesma enseada? Quem permanecerá com a boca fechada? Uma mosca
pousou...
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