quinta-feira, 4 de junho de 2009

EUCLIDES DA CUNHA POR JOÃO CARLOS LUZ





Euclides, antes de tudo é um forte.
Os 100 anos da morte de Euclides da Cunha.

Em 1909 morria Euclides da Cunha em um duelo de morte por suas convicções. Ao completar 100 anos de sua morte Euclides da Cunha escritor, historiador, sociólogo, engenheiro e jornalista, deixou uma obra inacabada sobre sua viagem ao Amazonas. Em 1905, Euclides subiu o rio Purus na Amazônia no Alto-Purus, a região ainda desconhecida para uma missão de demarcação da geografia de terras brasileiras, a região ele intitulou de “Um Paraíso Perdido”. O resultado da viagem resultou em um livro que ficou por terminar. Os Ensaios Amazônicos.
Resistir ao tempo. Manter-se vivo. É o que a obra de Euclides está fazendo. Há que se manifestar em torno de todas as forças que deixam de lado valores humanos e ou de conhecimentos que podem levar a luz da nação. É o que se verifica no Brasil, que esse ano tem na sua carne, no seu corpo e em pouco na sua História datas de nascimentos e mortes de ilustres cidadãos brasileiros, poetas, escritores, pensadores, filósofos, que estarão como posso dizer: “esquecidos”, pode até ser, mais fortemente largados na falta de estudos e divulgação. Há as cobranças por parte da sociedade que os valoriza e que tem no conhecimento um fator de esperança e de reconhecimento. Esse ano está-se comemorando, nem “comemorando”, que a comenda social ainda não chegou, mas os 100 anos sem Euclides datando sua morte, nascendo desse escritor e poeta, que é conhecido do mundo pela obra Os Sertões. –baixar o livro em: www.dominiopublico.com.br - “Canudos não se rendeu”. Sim, Canudos se fosse hoje os seguidores de Antonio Conselheiro e a comunidade que o apoiava, seriam chamados de “terroristas”, “comunista”, “anarquistas”, “bandidos” etc. Mas, o que se pode fazer em torno de Euclides, que foi um ser além do seu tempo, sua obra nos mostra mais do que um registro atemporal, mas sim uma obra que revela um povo, e quem se debruçar sobre ela e analisá-la a ponto de retirar do conhecimento, meios para conhecer melhor o “meio”; verás um corpo de olhar para o ser humano e seus caminhos; vive-se e prestam-se as devidas salvas de saberes em torno de sua obra. Quem acredita nessa premissa, vão em frente, rompendo com o comodismo, arrancando da boca os saberes Euclidianos e mostrando para uma nova geração, quem foi e o que foi o tempo de Euclides. O Projeto 100 anos sem Euclides, encabeçada pela professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Anabelle Loivos, que ministrou um curso de extensão “Letras verdes em Euclides da Cunha”, nos diz: “Há diversos pesquisadores e grupos de pesquisa interessados na obra de Euclides da Cunha, sob as mais variadas perspectivas: historiadores, antropólogos, críticos de literatura, geógrafos, cientistas políticos e muitos outros estudiosos. Fica difícil mensurar o tamanho da comunidade euclidiana no Brasil, mas o interesse despertado pelas questões que subjazem aos escritos de Euclides é crescente, dada a perenidade e a força de seus relatos sobre sertões e selvas e a representação findu- siècle que ele faz, no hibridismo de seu discurso”. Os pesquisadores demonstram que é buscar na participação dos cidadãos um estudo e uma divulgação, que a partir daí é que saberemos mais sobre a formação do povo brasileiro. O curso teve como objetivo estudar e transmitir os saberes sobre os ensaios amazônicos de Euclides da Cunha, sua obra inacabada acerca da viagem que o autor realizou ao coração da imensa floresta, deixando impressões de interessante valor sobre a vida das comunidades isoladas, as gritantes diferenças sociais e a dicotomia entre a miséria presente e a pompa da infante - República Federativa do Brasil -. Quando uma Universidade estende um braço na - extensão - é sinal de que o Curso tem intenções de chegar ao público e a comunidade. E o público agradece ao empenho e parte para conhecer melhor a vida e a obra de Euclides da Cunha que ainda encontra-se marcada pelos arroubos dos que fazem das obras brasileiras, um desdém, daí a explicação dos esforços de manter e divulgar o que se escreveu em terras brasileiras sobre as características do seu povo e de suas florestas. O Projeto 100 anos sem Euclides - http://www.projetoeuclides.iltc.br/ reúne o que há de melhor no que se refere ao escritor e aos acontecimentos neste ano em prol da obra Euclidiana.

Euclides poeta
A obra poética de Euclides ainda é muito pouco vista e analisada, ainda discute-se sobre o poeta de Euclides, mas, vale saber que a escrita do poeta entra para a literatura como um avanço, diante da sociedade da sua época. A concepção mórbida do dualismo entre Ciência e Religião, entre o Homem e a Natureza; no seu poema Lirismo em disparada, vê essa dicotomia entre o Homem e Deus, características estas, poéticas, constatadas em vários poetas de sua época, diz ele: /Não vou mais lá, por isso... Mas que importa.../Por que falar nesses sucessos tristes?/Trancam-me os céus: eu tenho o teu olhar.../Nem me faz falta Deus _ pois tu existes!/; tal qual Olavo Bilac, contemporâneo. Diz ele: /homem fico na terra a luz dos olhos teus/terra melhor que o céu, homem maior que Deus./. Essa dualidade fez parte da poética realista do início do século XX. Para ver poemas de Euclides http://www.culturabrasil.pro.br/ondas.htm. Para uma síntese do poeta Roberto Ventura descreve bem essa fase - “Euclides pretendia sintetizar suas impressões da Amazônia em Um paraíso perdido. Fazia referencia ao poema épico de John Milton, Paradise lost (1674), sobre a queda de Adão e sua expulsão do paraíso. Seria, em suas palavras, o seu "segundo livro vingador". Queria integral', como em Os sertões, uma ampla interpretação, histórico-cultural ao tom elevado do clamor por justiça social. Sua morte repentina, em 1909, em tiroteio com o amante de sua mulher, Ana, interrompeu a redação do livro.” -. Em tese; toda a escrita de Euclides; incide em prosas e em versos adaptado aos conhecimentos de fauna, flora, terra, ar e o homem na derme da terra pela existência, galgado pela força que emana pela sobrevivência. O que se escreve e se relata na poética de Euclides é pouco, muito pouco do que se pode extrair de um poema, sendo ele de interação com os universos interiores e exteriores, na busca de completude, na necessidade de se expressar diante de todo um universo particular, que só quem teve a oportunidade e a dignidade de enfrentar florestas pode em si utilizar-se dessa amiga intima e constante que é a poesia.
Euclides é verde
Os Ensaios Amazônicos é de grandes revelações no contexto do homem dentro da natureza, como se postar e de como aceitar a floresta que é só a natureza na sua forma mais original. O próprio Euclides ao chegar lá no Amazonas, com a missão de demarcação, não gostou do viu, mas aos poucos a floresta foi lhe dando os caminhos da exuberante relação de conquista do conviver com o “meio”, - verde que te quero verde -, verde é minha emoção que compartilha o universo no seu bojo de aceitação de que a natureza é o que é e tem em seu seio um coração, um coração coroado de verdejantes plantas, arvores e animais que vivem da pujança e da sua forma de se desenvolver na composição do verde natural que o cercam. O Tratado de Petrópolis que foi assinado para dar fim aos conflitos no Acre e na região, notadamente os seringueiros foram atingidos pelos ditames dos interesses alienígenas que se fez, dá-se uma iniciativa dos governos em demarcarem terras e os brasileiros pra lá se foram sob o comando de Euclides nessa missão. Missão essa que se faz presente na filosofia do tempo, no inicio do século movia as consciência do “em torno”. O próprio em carta a um amigo confessou, em a Luis CruIs, de fevereiro de 1903, seu desejo de viajar a Amazônia: "Alimentava há dias o sonho de um passeio ao Acre. Mas não vejo como realizá-lo". A sua necessidade de conhecer de se integrar com o conhecimento das regiões sempre foi marcante no contexto de contra partida com o cenário em transformação que o Rio de Janeiro vinha realizando na urbanização, e das “cocotes” da Rua do Ouvidor caia em ouvidos “moucos” diante da sua convicção de que alimentar-se de necessidades fazendo com que movesse uma força interior e ir de encontro com seu destino.

BIOGRAFIA DE EUCLIDES DA CUNHA

Euclides Rodrigues da Cunha nasceu em Cantagalo, 20 de janeiro de 1866 – Rio de Janeiro - Brasil. Foi Poeta, Escritor, Sociólogo, Jornalista, historiador e Engenheiro Militar brasileiro. Órfão de mãe desde os três anos de idade foi criado e educado pelas tias. Freqüentou conceituados colégios fluminenses e, quando precisou prosseguir seus estudos, ingressou na Escola Politécnica e, um ano depois, na Escola Militar da Praia Vermelha. Um de seus mentores foi Benjamin Constant, professor da Escola Militar, durante a revista às tropas atirou sua espada aos pés do Ministro da Guerra Tomás Coelho. Foi submetido ao Conselho de Disciplina e, em 1888, saiu do Exército. Proclamada a República, foi reintegrado ao Exército com promoção
João Carlos Luz
Cônsul Poetas del Mundo para o Rio de Janeiro

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