sábado, 8 de maio de 2010

CÍCERO NASCIMENTO

PARA MAMÃE FAZENDO UMA OMELETE

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Cícero Melo

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Mamãe, eu te reflito como um lago

A cor do céu estende na água clara.

No teu olhar esconde-se minha alma,

Quando cansado de viver naufrago.

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E quando a solidão, à noite, afago,

A noite crespa que me fere a palma,

Meus cabelos de dor teu canto espalma,

E, menino de novo, durmo e vago.

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Mamãe – foi tão errada a rota e vã

A batalha tecida em meu afã,

Que de tanto morrer não me sei morto;

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Pois, sempre que me vejo ao léu da vida,

Busco-te a vela que não sei perdida,

Ò nau primeira do primeiro porto!

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(Este soneto foi escrito em 09/05/87. Minha mãe morreu no Natal do ano passado.)

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