PARA MAMÃE FAZENDO UMA OMELETE
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Cícero Melo
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Mamãe, eu te reflito como um lago
A cor do céu estende na água clara.
No teu olhar esconde-se minha alma,
Quando cansado de viver naufrago.
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E quando a solidão, à noite, afago,
A noite crespa que me fere a palma,
Meus cabelos de dor teu canto espalma,
E, menino de novo, durmo e vago.
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Mamãe – foi tão errada a rota e vã
A batalha tecida em meu afã,
Que de tanto morrer não me sei morto;
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Pois, sempre que me vejo ao léu da vida,
Busco-te a vela que não sei perdida,
Ò nau primeira do primeiro porto!
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(Este soneto foi escrito em 09/05/87. Minha mãe morreu no Natal do ano passado.)
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