QUERO GRITAR O MEU GRITO
Lúcia Helena Pereira
23-04-2010
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Um grito dilacerado, torturado, atormentado
Entre brancos e perfumados lençõis
De uma volúpia vermelha, cor de fogo.
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Quero gritar o meu grito mais intenso e forte
E que seja ouvido e amado através das planícies esquecidas,
Dos rios de todos os lugares,
Como um grito que pede socorro!
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Ah! Esse grito que trago n´alma, hoje,
Vem de uma canção longínqüa,
Talvez da música das esferas, em noites de luares.
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Quero gritar o meu grito de pássaro ferido
Deixar voarem as minhas penas todas
E colher flores nas pedras de montes azuis, aveludados,
Chorar e refulgir como luz de vaga-lume.
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Ah! Deus, meu grito estronda e desperta o rebanho,
O gado foge, os carneirinhos pulam,
As borboletas sobrevoam com a música de suas asas...
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Quero um grito de felicidade extrapolando do peito,
Abrir os olhos, morder os lábios e sentir todo o calor daquelas mãos,
Como labaredas crepitando sobre o meu corpo branco e macio
Largado num chão de luz e orgasmo de flores!
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