sexta-feira, 25 de junho de 2010

CLÓVIS CAMPÊLO

POEMA PARA SARAMAGO
.
Clóvis Campêlo
.
Quando chegares aos céus
não mais terás consciência
para percebê-lo.
Serás etéreo, vapor,
nuvem passageira.
No entanto, também serás
a essência preservada
da natureza,
simples circunstância.
O teu, era um sonho
terreno, cosistente,
feito em rocha,
não mais caberia
nas nuvens.
O que te alimentava
era o desvendar
e a recriação constante
do código dos homens.
Nada era definitivo
e a verdade escondia-se
nas entrelinhas.
Talvez tenhas sido
o bobo da colina
ou o último guardião
das possibilidades negadas.
Teu vulto frágil
era assustador
e o verbo, desde
o princípio, recusava
o sonho inútil
e o tempo desperdiçado.

2 comentários:

  1. Um homem que vê Estrelas além do Ceu, aquém...
    Abaixo, na profundeza do solo, merece um poema tão belo!
    Parabéns, poeta.

    ResponderExcluir