sábado, 19 de junho de 2010

Elane Tomich

Florescer
.
Num gesto assaz delicado
tocou estrelas com a mão
esquerda, e, do outro lado
tocou o pólen dourado
com os lábios
e assim beijado
fez-se grão, semen alado
espargiu metamorfoses
doces, vindas de overdoses
de vírgulas, momento sábio
onde a pausa une os tempos.

Da beleza das corolas
do mistério das auréolas
vivo em nós, som de um instante
presente igual pretérito
numa arrumação de brilhos
nessa ética do estético
dentro do som do estribilho.
.
Num céu, pradaria d'antes
céu milagre em chão de amantes
flor silábica floresce
flor de murta anoitece
fruta de polpa amanhece
eu paro e a pausa acontece
um pouco mais, sou vontade,
para ver esta passagem
viva em meus olhos, paisagem,
num instante. eternidade
.
Elane Tomich

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