quarta-feira, 16 de junho de 2010

Campanha de oficialização do Português, Espanhol e Guarani na América do Sul

A paz pela palavra - Unidade na diversidade

Campanha de oficialização do Português, Espanhol e Guarani na América do Sul

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A história e a ciência têm se esforçado para explicar a origem do universo, a origem de nossa galáxia, de nosso sistema solar. Tem-se tentado explicar a origem de nosso planeta, a origem da vida, vegetal e animal. Tem-se tentado explicar a origem do homem.

Falta-me o interesse e a pretensão de aqui questionar se o homem originou-se de alguma espécie de símio, se o primeiro homem e a primeira mulher vieram da África. Não questiono sua trajetória, se da África foram para a Europa, depois Ásia e de lá, finalmente, vieram para as terras que um dia se chamariam América.

Parece-me haver consenso entre os historiadores que o homem pré-colombiano teria vindo do Velho Mundo ultrapassando o estreito de Bering, porta de entrada para o domínio do tríplice continente do Novo Mundo: do norte, central e do sul.

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Primeiras invasões

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Quando a expedição do cristão novo Cristóvão Colombo, patrocinada pela rainha espanhola Isabel de Castela, cruzou o Atlântico e aqui aportou, em 1492, o novo mundo já estava habitado.

Com Colombo e depois dele veio o florentino italiano Amerigo Vespucci, (Américo Vespúcio), a quem coube a percepção e divulgação de terem os europeus chegado não às Índias, mas a um novo continente.

Ao contrário do que registra a história oficial, a descoberta do “Novo Mundo” não foi de Colombo e nem de Vespúcio. Como já dito anteriormente, outros povos aqui chegaram bem antes dos navegadores europeus do século XV. Os outros, sim, foram os descobridores. Estes, os invasores.

Os invasores europeus conquistaram o novo mundo à custa do derramamento de muito sangue, do tombamento de muitas vidas, pelos quatro cantos do tríplice continente. Milhões de vidas foram barbaramente trucidadas em guerras de conquistas pelos invasores, os quais contavam com absoluta superioridade bélica, pois já contavam com armas de fogo, enquanto os ameríndios lutavam com armas brancas.

Em 1976, o geógrafo William Denevan (Estimativas do século XX em Thornton, p. 22) usou variações de estimativas para chegar a uma "conatgem consensual" de cerca de 50 milhões de pessoas na América pré-colombiana. Em 1492 teria a América contado com cerca de 25 milhões no Império Asteca e 12 milhões no Império Inca, dando as estimativas mais baixas um total de mortos de 80% até ao fim do século XVI. Segundo o historiador David Henigue, apenas em 1650 deu-se cerca de 8 milhões de óbitos de indígenas (Jennings, p. 83; Royal's quote). Pesquisas dão conta de que no Brasil a população indígena declinou de um máximo pré-colombiano estimado de 4 milhões para cerca de 300 mil em 1997. (História demográfica dos povos indígenas das Américas – Wikipédia).

Vale ressaltar que a mortandade não se deu apenas pelas guerras dos brancos, mas também por causas outras, a exemplo de doenças acometidas a partir da chegada dos europeus.

Quando os emissários da Península Ibérica aqui aportaram vários agrupamentos humanos foram encontrados, de norte a sul do continente. Sabe-se que a invasão do Novo Mundo foi inaugurada pela expedição de Colombo nas Antilhas, na América Central, e por Cabral, no Brasil.

Sucessivas expedições invasoras ocorreram, comandadas por espanhóis e portugueses e, anos mais tarde, também outros europeus como os franceses, ingleses e holandeses, entre outros.

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Os Guarani

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Como interessa a este trabalho principalmente a América do Sul, vamos recorrer a Manuel Fernández, traduzido ao português por Carlos Garayo e Cecy Fernandes de Assis. Segundo Fernández (www.guaranirenda.com – 2004), três mil anos antes de Cristo teria vindo da América Central para a América do Sul grupos da nação guarani, conquistando, gradativamente, uma boa parte do continente sul-americano.

Como este escriba não teve acesso a informações que contrariassem a afirmação de Fernández, vamos adotá-la como verdadeira. Até porque ela vem corroborar com sustentação ao aqui proposto, uma abordagem específica à propagação do idioma guarani pelo continente sul-americano.

Na América do Sul, os guarani embrenharam-se pelos quatro cantos do território, chegando mesmo, em muitos casos, a perderem contatos de uns grupos com os outros. Essa ausência de contatos ampliou-se com as dificultados geradas pela exuberância do meio e as enormes distância entre eles. Isso, ao longo do tempo, oportunizou diferenciações entre os diversos grupos, inclusive de seu jeito de falar, dando origem à grande variedade de línguas entre eles, embora de um tronco comum.

Apenas para nos restringirmos ao Guarani, sem tocarmos a outros agrupamentos menores e com línguas próprias, lembremo-nos de que, segundo Fernández, por volta de 200 anos AC o grupo Guarani propriamente dito dividiu-se em dois, expandindo-se um grupo pelo sul do Brasil e região platina, desde o Uruguai, norte da Argentina até Paraguai e Bolívia.

O outro grupo migrou-se para o litoral leste do continente (São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Bahia, dando origem aos tupi, cuja língua sofreu mutações, ganhando feições próprias, embora com as mesmas raízes do Guarani. O tupi, graças à ação dos jesuítas, chegou a ser o idioma adotado na diocese de Salvador como o oficial para a catequese, passando a ser falado inclusive por não índios.

O exemplo do ocorrido com o idioma Guarani aconteceu também na Europa com o latim, dando origem aos diversos idiomas neolatinos, entre eles o Português e o Espanhol, também objetos da abordagem deste trabalho um pouco mais adiante.

Não cabe neste ponto historiarmos as origens dos idiomas da península Ibérica, que para nós tornaram-se as línguas ibero-americanas, faladas em toda a América do Sul. Excetuam-se as porções norte do continente que vieram a constituir as três Guianas, hoje com identidades e línguas próprias.

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O idioma

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De volta aos Guarani, vamos apresentar o que poderíamos dizer de algumas curiosidades históricas. Talvez algumas ou muitas pessoas desconheçam, pelo menos em parte, essas particularidades.

Já ficou registrado acima que o Guarani veio para a América do Sul a partir da América Central, por volta do ano 3000 aC.

Afirmou-se também que, por volta de 200 anos AC, uma parte dos Guarani expandiu-se pela bacia Platina (sul do Brasil, Argentina e Paraguai) e a outra seguiu para o litoral leste do Brasil. Estes, com o consequente afastamento do outro grupo, experimentou mudança em seu falar, dando origem ao Tupi, que se tornou uma variável do Guarani.

Em 1583 o Concílio de Lima recomendou a tradução do Catecismo para o Guarani, segundo Manuel Fernández. O catecismo seria aplicado no então Vice-Reino do Peru, cuja abrangência se estendia a quase todo o domínio espanhol nas Américas (Wikipédia).

Durante a guerra do Paraguai (iniciada em 1865) o presidente Francisco Solano López fez todos os seus discursos oficiais em Guarani. O Paraguai, naquele período, publicou livros e jornais nesse idioma indígena.

Em 1950 Anselmo Jover Peralta e Tomás Osuna publicaram o Diccionario Guaraní-Español y Español-Guaraní. No Paraguai fundou-se a Asociación de Escritores Guaraníes e, em Montevidéu-Uruguai, realizou-se o Congresso da Língua Guarani, que estabeleceu uma nova grafia para este idioma, com delegados de Argentina, Brasil, Bolívia, Paraguai e Uruguai.

Em 1955 o presidente brasileiro Café Filho instaurou a obrigatoriedade de incluir um curso de Tupi (variável do Guarani) nas carreiras de Letras de todas as universidades do Brasil.

Em 1988 a Constituição Federal do Brasil outorgou às sociedades indígenas o direito ao uso de suas línguas maternas. No ano seguinte a Constituição do Estado de Santa Catarina estabeleceu que "O ensino fundamental regular será ministrado em Língua Portuguesa, assegurada às comunidades indígenas também a utilização de suas línguas maternas e processos próprios de aprendizagem" (Artigo 164, parágrafo 2). Segundo Manuel Fernández, isto supõe uma educação bilíngüe, com sistemas diferenciados, se bem que aplicável somente às comunidades indígenas.

Em 1992 a nova Constituição Nacional do Paraguai estabeleceu a obrigatoriedade da educação bilíngüe, em espanhol e em guarani (artigo 77), e reconheceu-se formalmente que o guarani é língua oficial do Paraguai no mesmo nível que o idioma espanhol (artigo 140).

Em 1994 o Conselho Estadual de Educação do Rio de Janeiro aprovou uma recomendação de que o Tupi (variável do Guarani) fosse incluído no ensino do segundo grau, medida não implementada pela falta de professores.

Em 1998 Eduardo Navarro, da Universidade de São Paulo (a única que ensina Tupi), fundou a organização Tupi Aqui, com a pretensão de formar professores da língua Tupi, para incluí-la como matéria opcional, nas escolas do Estado de São Paulo.

No Paraguai, atualmente, cerca de 60% da população falam o guarani com regularidade, utilizando-se do Espanhol apenas em situações formais.

Em Mato Grosso do Sul, no município de Tacuru, o Guarani foi oficializado como segunda língua, medida recomendada, inclusive, pelo Ministério Público Federal. No mesmo Estado, no município de Paranhos, o Guarani pode vir a ser proximamente adotado como língua oficial.

No Mercosul, a partir de janeiro de 2007, o Guarani tornou-se língua oficial, ao lado do Português e do Espanhol.

Tem-se informação de que na Argentina e na Bolívia não existe nenhuma língua oficial, mas o Espanhol é reconhecido como tal pela administração pública. Entretanto nestes países o Guarani, embora também não oficial, vem sendo ensinado em algumas escolas.

Os veículos de comunicação na América do Sul começam a dar atenção ao Guarani, com forte presença em programas de rádio e televisão do Paraguai e também em um canal de televisão na Argentina.

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A paz pela palavra

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Terminada a digressão histórica acerca do idioma Guarani, passemos a contemplar considerações pertinentes ao título deste trabalho: A paz pela palavra, unidade na diversidade. Comecemos por uma expressão extraída do parágrafo inaugural do Manifesto Universal dos Poetas do Mundo:

“Poetas do Mundo, é chegada a hora exata para unir nossas forças na defesa da continuação da vida: somos guerreiros da paz e mensageiros dessa nova história para a humanidade. Somos os poetas da luz – veículo que nos conduz para levar o chamado de alerta de que não podemos nos furtar”.

Ainda em seu primeiro parágrafo, o “manifesto” declara:

“A humanidade vive momentos decisivos de luta pela sobrevivência, mas ainda não acordou para o fato de estar caminhando rumo a um precipício, direto para a extinção”.

O parágrafo introdutório do manifesto conclui-se com a conclamação a uma tomada de posição: “Urge que tomemos o leme e mudemos o caminho para a elevação coletiva, para que recuperemos o patrimônio da vida como dom universal e direito de todos”.

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Com o intróito acima retomamos esta reflexão, em sua segunda parte, pois o que aqui se pretende defender encaixa-se como mão e luva na carta de origem de Poetas Del Mundo.

“Guerreiros da paz” e “poetas da luz” constituem-se nas expressões que dão os fundamentos básicos da tese em pauta.

Vejamos:

O poeta é guerreiro da paz. Se ele é guerreiro, por certo, tem uma arma. E se tem arma e é guerreiro, por certo tem intimidade com essa arma, sabe bem manejá-la. Pelo menos deveria saber.

Onde se quer chegar?

Atente-se para a pergunta: qual é a arma do poeta?

Sem nos esforçarmos, a transparência da resposta baila à nossa frente: a palavra.

A palavra é a arma do poeta.

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E aqui vale uma generalização: a palavra é arma do poeta e de todos que a utilizam quaisquer que sejam os fins: poetas, escritores, oradores, letristas musicais e intérpretes dos mais diversos textos e contextos.

Como temos manejado nossa arma?

Por vezes, a utilizamos de forma a atingirmos nossos próprios pés. Ou, por outro lado, por vezes somos suficientemente omissos ao ponto de passarmos pela vida de forma inócua, incolor, inodora e insípida.

Usamos nossa arma, a palavra, de forma a fazermos diferença no mundo, em nosso mundinho e em nosso mundão de meu Deus? Nós a usamos para fazer esse mundo melhor?

Melhor para quem? Para a sobrevivência da raça humana?

Ou, ao contrário, estamos entre aqueles que utilizam suas armas para matar a esperança, para matar o sonho de uma vida com dignidade?

Será que usamos a palavra na busca de uma democracia que seja de todos e para todos de boa vontade e fé, e não para os oportunistas, os espertalhões, os que querem se dar bem a qualquer custo?

Estamos atentos para o fato de que crianças, aqui, ali e alhures, estão morrendo à míngua? Morrendo em nossa própria aldeia, nossa aldeia global, mais próximo ou distante de nós?

O mundo hoje, mais que ontem e, ao visto, menos que amanhã, torna-se mera aldeia, cada vez menor e mais vulnerável. Basta alguém tossir aqui que o outro já deve se precaver ali ou acolá.

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Cada continente, cada país, a cada dia, mais globalizado.

Com a nova ordem econômica mundial teve lugar a formação dos grupos de nações, por motivações econômicas e de conseqüências socioculturais, históricas e políticas, a exemplo do Mercado Comum Europeu e do Mercosul. Esses grupos afrouxam entre si as barreiras de diversas ordens, chegando até à adoção de moeda única, como o euro.

As Américas, em nosso caso a do Sul, tornam-se uma pequenina aldeia. Hoje, como ontem, estamos ao alcance simultâneo de eficazes sistemas de comunicação e, por isso, tornamo-nos mais sugestionáveis.

Tornamo-nos vulneráveis pela arma-palavra e por outras armas. Vulneráveis por nossa predisposição a aceitar valores alienígenas, ditados pelos modismos de “n” feições.

Enquanto isso nossa arma-palavra, ao contrário do que deveria ser, submete-se a serviço de forças dominadoras. Nós a deixamos enferrujar-se pela inação, pelo desuso ou pelo uso ineficiente.

Enquanto isso, a cada dia, agrava-se mais e mais o quadro de agressão à vida em função da busca do lucro a qualquer custo. E aqui, vale dizer, lucro por parte dos que já têm de sobra, em detrimento dos que nada tem.

E nós poetas, nós escritores, temos usado nossa arma, a palavra, de forma a fazer a diferença em favor da paz? Alguém já bem disse que paz não é ausência de guerra, mas estado de bem estar de uma pessoa, de uma comunidade.

E então? Será que nossas comunidades estão em paz? Em paz consigo mesmo cada indivíduo? Com sua comunidade familiar, de bairro, cidade, estado ou nação?

Ou estamos nós como o boi ou o elefante, que ainda permanecem inconscientes de suas forças? Como no manifesto dos poetas Del mundo: “a humanidade ainda não acordou para o fato de estar caminhando rumo a um precipício, direto para a extinção”.

E exorta a seguir: “Urge que tomemos o leme e mudemos o caminho para a elevação coletiva, para que recuperemos o patrimônio da vida como dom universal e direito de todos”.

E a tomada desse leme de mudança apregoado pelo fundador de Poetas Del Mundo no manifesto, o chileno Arias Manzo, está em um eficaz apropriar-se de nossa arma, a palavra, está em um manuseio competente que dela fizermos.

E de que forma?

Primeiramente com a tomada de consciência de que temos uma identidade em grande parte comum. E por isso também interesses comuns deveríamos ter.

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Permita-nos recorrer a duas imagens deixadas pelo maior líder de todos os tempos, aquele que marcou a história em antes e depois dele. O nazareno Jesus Cristo recorreu ao sal e à luz para nos deixar a lição de que não devemos ser omissos. E aqui este escriba se apropria da mensagem para atribuí-la aos poetas e escritores, aos titulares da palavra articulada.

Sejamos o sal, o tempero que dá melhor sabor ao mundo. Sejamos como a luz, uma luz que possa propagar-se no tempo e no espaço. Não uma luz que fique debaixo da mesa ou em um recipiente em vácuo, num mundo opaco.

Já disse a ciência que é com a luz que se consegue perceber as cores. Sejamos essa luz, no uso eficaz da palavra, para fazer esse mundo mais colorido.

Ainda que fisicamente um ou outro possa ser cego ou mudo, usemos da palavra, esse instrumento que transcende condicionantes físicos. A palavra não se delimita por fatores orgânicos dos órgãos dos sentidos, mas sobretudo, depende de nosso cérebro.

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De volta ao que apregoa o manifesto dos Poetas del Mundo reitero que, de nossa convergência responsável, há de vir o estímulo para nossa revolução. Não uma revolução bélica, mas de consciência.

Não percamos de vista que a praia constitui-se de minúsculos grãos de areia. A floresta, em sua exuberância, constitui-se pelo somatório de uma e de outra árvore, de dezenas, milhares, um incógnito número de árvores.

Façamos o trabalho de formiguinhas, ou de abelhinhas. Uma abelha pode chamar a atenção em um ambiente. Uma formiga também. Imaginemos milhares e milhares de abelhas ou de formigas.

Nós, os poetas e escritores do Mundo, quantos somos? Apenas os associados a nosso movimento somos milhares. Só no Brasil, mais de 2 mil. Faltam-nos referências exatas, mas se pode imaginar cerca de mais de 4 mil na América do Sul, base objetiva deste trabalho.

Vale dizer que este número está longe de representar a totalidades dos poetas e escritores brasileiros e sul-americanos, se se considerar os que ainda não se associaram a Poetas Del Mundo.

Segundo o site www.blocosonline.com.br, até 14 de março de 1985, haviam registrados no Brasil o total de 10 mil 124 poetas. Pode-se garantir que somos bem mais que esse número.

No continente sul-americano podemos ultrapassar em muito a cifra dos 20 mil. Não vem ao caso aqui emitir juízo de valor literário de todas as nossas obras, mas sim, o fato de sermos agentes que tem na palavra literária a nossa ferramenta de expressão, um instrumento que, se bem utilizado, muita diferença pode fazer na formação de consciência das comunidades nacionais e do continente como um todo.

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Unidade na diversidade

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Um pouco antes referimo-nos a alguns pontos de identificação entre as nações sul-americanas, sobretudo as que hoje têm como idiomas oficiais os trasladados da Península Ibérica, os neolatinos Português e Espanhol. Acrescenta-se a este, outro ponto de identificação: além dos idiomas ibéricos, toda a América do Sul, nos primeiros tempos da presença humana em seu território, tinha como língua geral o guarani, que só mais tarde, com o passar do tempo, sofreu alterações, chegando mesmo a incontáveis delas. Mas as raízes são as mesmas, uma relativa identidade cultural por certo se perdura.

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E daí? Onde pretendemos chegar?

A um desafio.

Em sendo a tendência dos povos dentro da nova ordem econômica mundial organizarem-se em blocos de relações multilaterais, sejam eles com objetivos políticos, econômicos ou todos estes juntos e mais alguns, por que também nós da América do Sul não seguimos esse exemplo positivo? Uma certa “união” faz o açúcar mas anossa união há de fazer também a força.

Peguemos o próprio exemplo do Mercosul. Vamos considerá-lo nos pontos e interesses comuns e façamos deles pontos de união. E nada melhor para isso, do que começarmos pelas línguas aqui faladas: as ibéricas Português e Espanhol e a terceira, o Guarani. Esta até mesmo em respeito à memória do continente, em respeito aos que primeiro aqui se instalaram, alguns deles chegando a formar civilizações notáveis, a exemplo da nação Inca. O império Inca, em seu apogeu, tornou-se uma verdadeira civilização, contando em seu apogeu com dinastias que contaram com 13 imperadores. O primeiro deles, iniciado com Manco Cápac em 1200 da era cristã e o último, de 1532 a 1533, com Athaualpa. Este último tem sido questionado por alguns historiadores, com o argumento de que ele ter-se-ia declarado súdito de Carlos I, da Espanha.

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O foco central deste trabalho não é a história pela história e nem a literatura pela literatura, e sim as lições que se pode tirar daquela e as conquistas que se podem advir por meio desta.

Nesse ponto encaixa-se o desafio que se nos é apresentado: a luta por fazer da América do Sul uma comunidade continental em que se possa falar de forma simultânea as mesmas línguas históricas, com a produção de literatura em todas elas, no caso o Espanhol, o Português e o Guarani.

Para atingirmos os objetivos propostos faz-se necessário realizarmos uma ampla campanha, com o envolvimento de todos os poetas e escritores do continente. A campanha buscará a viabilização de se fazer desses três idiomas línguas oficiais em todos os países sul-americanos, respeitadas as realidades das três Guianas, que tiveram colonização com idiomas diferentes, com uma cultura diferente, com coincidências outras, diferenciadas do restante continental.

Esse trabalho apresenta cronograma previsto para cumprimento a médio e longo prazos. Uma vez concretizado irá beneficiar a todos. Além de sermos uma comunidade continental no sentido sociocultural, também se poderá contribuir para estreitamento dos laços políticos e econômicos de nossas nações. Também nós, poetas e escritores e nossos leitores, sairíamos ganhando com uma maior facilidade de circulação de nossos livros por todo o continente, onde teríamos versões de nossas obras em qualquer dos três idiomas e, o que é mais importante, teremos leitores.

A economia também receberá reflexos, pois em alguns setores aumentará a demanda em novos mercados e profissões, a exemplo da indústria gráfica, do turismo e da educação. Tais setores terão aumentada a demanda por mão de obra qualificada no setor.

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Paralelamente à oficialização dos três idiomas, ou mesmo em decorrência disso, a legislação interna de cada país do continente poderá ser flexibilizada para oportunizar a livre circulação de pessoas e produtos por todo o continente. É o exemplo da Europa que hoje tem diminuídas as barreiras internas entre os países do Mercado Comum Europeu. Lá até a moeda, hoje, como sabemos, já é comum. Talvez no futuro, mais próximo ou mais remoto, também poderão os sul-americanos atingir semelhante grau de integração ou até mais e melhor.

Isso pode parecer, para alguém, uma utopia. Um sonho de visionário. Mas não nos esqueçamos de que muito do que hoje é realidade, um dia foi sonho, utopia. E até houve quem morresse por defender idéias e bandeiras utópicas em seu tempo. Pessoas hoje reverenciadas como beneméritas da humanidade. Isso porque elas acreditaram no sonho e lutaram por ele.

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Viabilização da campanha

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Esse trabalho se dará com início pelos Poetas e Escritores Del Mundo, que buscariam, no decorrer do tempo, parcerias com outros setores de cada país.

Para atingirmos o objetivo proposto podemos recorrer ao bloco multilateral de nações do Mercosul e, em cada um desses países e também nos demais, buscar parcerias entre outros setores. É o caso dos sistemas educacionais de todas as esferas e níveis; junto aos sistemas culturais diversos, academias de artes, letras e ofícios, institutos e associações culturais, entre outros.

Na busca de atingirmos esses objetivos até já adiantamos em parte a tarefa. Ofícios estão sedo encaminhados a todas as embaixadas de Poetas del Mundo do continente.

A seguir, uma síntese da proposta em encaminhamento:

1 – De início, faremos uma reunião de embaixadores(as) e cônsules representando todos os países, oportunidade em que se poderá estruturar as bases da campanha. Na ocasião se poderá promover a formalização da campanha em âmbito internacional;

2 – Em segundo lugar, cada embaixador e cada cônsul, nos respectivos territórios de circunscrição e atuação, poderão fazer o lançamento local simultâneo (país, estado, província, departamento, região e município), preferencialmente em solenidades que possam contar com as respectivas mídias (impressa, falada, televisada e provedores de internet);

3 – Promover contatos com órgãos culturais e educacional, por meio de expedientes impressos, prospectos, folders, visitas e/ou reuniões, promovendo a conscientização das respectivas comunidades, nos diversos níveis do poder publico e de órgãos e instituições de natureza privada.

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Quando das ações acima, esclarecer que a campanha terá um cronograma com metas para serem atingidas a curto, médio e longo prazos, a saber:

1 – Incentivar a criação de cursos livres, a exemplo dos institutos de idiomas nos moldes já existentes;

2 – Estimular a criação de cursos de formação de professores para atender a demanda em todos os países com habilitação nos três idiomas. Talvez a própria Associação Internacional de Poetas del Mundo, com sede no Brasil, possa organizar uma instituição se ensino superior, obtendo do Ministério da Educação autorização para oferecimento de tais cursos. Pode ser que sejam oferecidos estímulos especiais, a exemplo de bolsas de estudos;

3 – Uma vez contando, já, com oferta de professores habilitados e/ou capacitados, oficializar a implantação de disciplinas (ou matérias) com ofertas dos três idiomas nas escolas de ensino básico, em caráter obrigatório. Além do idioma pátrio as matrículas seriam obrigatórias para os alunos em um dos dois outros idiomas e facultativas para o terceiro, a critério do aluno;

4 – Reconhecimento, por parte dos órgãos públicos e/ou de natureza pública, a exemplo de empresas estatais, fundações, autarquias, com incentivo também a órgãos, empresas e entidades de natureza privada, para estimularem a prática interna de atividades (escrita e fala) nos três idiomas, ampliando, assim, a capacidade de comunicação e atendimento aos clientes ou usuários dos respectivos serviços;

5 – Realização de uma convenção internacional do continente com a tirada de um acordo internacional em que todos os países reconheçam e adotem os três idiomas como oficiais em seus respectivos territórios;

6 – Gestão conjunta (resultante da convenção internacional acima mencionada) dos governos dos países da América do Sul junto à ONU no sentido de se tornar oficiais o idioma Guarani, uma vez que os dois outros, a essas alturas, já estarão oficializados. Enquanto procedimentos em vistas de oficialização do Português estão sendo trabalhados, o Espanhol já tem o status de oficialidade.

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Este escriba tem a consciência de que talvez nem testemunhe algumas ou diversas das ações e andamentos propostos. Mas compartilha da máxima segundo a qual “o sonho que se sonha só não passa de sonho. Mas se o sonho for sonhado no conjunto da comunidade poderá vir a se tornar realidade.”

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Posto o desafio, como disse Arias Manzo no manifesto de Poetas Del Mundo, “É chegada a hora exata para unir nossas forças na defesa da continuação da vida: somos guerreiros da paz e mensageiros dessa nova história nos conduz para levar o chamado de alerta de que não podemos nos furtar. A humanidade para a humanidade. Somos os poetas da luz – veículo que vive momentos decisivos de luta pela sobrevivência, mas ainda não acordou para o fato de estar caminhando rumo a um precipício, direto para a extinção. Urge que tomemos o leme e mudemos o caminho para a elevação coletiva, para que recuperemos o patrimônio da vida como dom universal e direito de todos”.

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José Faria Nunes

Cônsul Poetas del Mundo de Goiás

http://www.poetasdelmundo.com:80/verInfo.asp?ID=1812

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