segunda-feira, 19 de julho de 2010

Fátima Paraguassú

CORRUPÇÃO
Fátima Paraguassú
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Termo estranho!
De boca em boca ele anda
Tanta tramóia comanda,
Não sei bem o seu tamanho.
Fala-se dele no correio, no corredor,
No banco, na repartição,
Na loja, no salão.
No congresso, nem paga ingresso,
Entra e sai, quando quer,
Todo político tem acesso.
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Corrupção… Corre o pição…
Não sei ao certo seu nome.
É homem, assombração?
É tão falado esse sujeito!
A ele todo meu respeito!
Que companheirão!…
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Este senhor de quem falo
Hoje comanda nosso país.
É ele um presidente?
Ou um conselheiro somente?
Em tudo, mete o nariz.
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Eita sujeito famoso!
Ou será um travesti?
Meretriz? Garota de programa?
Pois, a tantos faz feliz!
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Nada sei de tudo que sei,
Só sei que pouco sei
Deste fulano,
Cicrano, beltrano…
Um furacão que causa dano
Maior que um tsunami.
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Merece aplausos,
Medalha, condecoração.
É um corajoso!
Espalha migalha de pão na mesa do desafortunado,
Na mesa do abastado… Espalha luxo, ostentação.
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Ao pobre, sem a cedilha dá a maior força;
Joga pra cima, grita: - avante! Meu irmão!
Sobe a ladeira, pega a mala, com ela escala
os degraus da salvação.
Ajude a fortalecer nosso partido
Enche nosso saco de suor sofrido.
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Cheio de esperança na melhora de vida,
Sem entender bem o discurso enrolado,
Sem um dicionário que decifra o que um político fala;
O eleitor, coitado! Enche aquela mala,
Com imposto, que lhe é imposto,
Com míseros trocados, repassados num mínimo salário…
Enche o saco do salafrário.
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Os dias vão passando,
Os trouxas só levando.
A esperança ruindo…
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A conclusão que se chega,
É que a cédula era vesga
Na hora da eleição.
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Com o traseiro
em chama
O cidadão só reclama da nefasta posição.
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De gato e sapato foi feito o pacato.
Jogado de quatro, de lado, de costas,
Papai e mamãe, sessenta e nove vezes no ano.
De hora em hora, a coisa piora…
Quanta humilhação!
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Amedrontado, infeliz, o violentado apenas diz:
-Por favor, deputado, senador, meu companheirão!…
Aceito que me invada, aceito que me exploda.
Estrangulou o meu pescoço com a força sem cedilha,
Enfartou minha esperança com a desilusão.
Poupe-me o resto,
Seja uma vez correto:
Não tire a cedilha do pição!
Fátima Paraguassú
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