domingo, 26 de setembro de 2010

Théo Drummond

SOLIDÃO
Théo Drummond
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À noite a soidão é mais sofrida
e a dor que dói tão fundo, me parece,
que vai ficar comigo toda a vida
como um castigo que ninguém merece.
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O tempo passa e a noite é consumida
em suportar a solidão que cresce
e me faz crer que por não ter saida
era melhor que nada disso houvesse.
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Então eu sonho com o nascer do dia,
quando posso livrar-me da agonia
de estar sozinho e junto aos meus segredos.
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Sabendo que outra noite vai chegar,
e a solidão vai me fazer chorar
perseguido por todos os meus medos.
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PRESENTE
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A flor que vou te dar não significa
que tenha o amor por ti que tinha antes.
É um gesto gentil que não se aplica
aos sentimentos, hoje, tão distantes.
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O amor que foi vivido se complica
e deixa de existir. Os dois amantes
esquecem ligações que a vida explica:
as que eram firmes tornam-se distantes.
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Portanto, aceite a flor como se o gesto
nada tivesse com o que já vivemos
- ao que vivemos nem saudade empresto.
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Esta flor nada diz, não compliquemos,
ao dar valor ao que é somente o resto
da lembrança do amor que já não temos.

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