sábado, 9 de outubro de 2010

Sonia Nogueira


Antagonismo
.
O dia surge, um olhar que deslumbra
Sol abraçando o mundo em claridade
Treva sugando a noite na penumbra
Duas forças opostas, liberdade
*
Molhando a terra, a chuva condoída
Levando ao solo pranto que afaga
Suspira a semente grão rogando vida
No mesmo lema escassez em fraga
 *
Definha a vida a flor pálida e triste
A sede cobre a pétala que murchou
Na lágrima faltou pranto, que acinte
Canta a natureza alento não soprou
 *
Olhando a janela, o coração aflito
Descubro no dilema obra e criação
O vento vem soprando, rir e insisto
Quão sublime o mistério extensão
*
No espelho o rosto triste dos invernos
Dos verões, outonos, quimera amiúde
Roubados dos anos, rios primaveras
Que contraste Deus, vida e ataúde
*
Horas sou chão firme, forte, poema
Noutras, solidão companhia ativa
Às vezes, serenidade que amena
Horas furacão farejando a vida
*
De repente o amor correu liberto
Que faço das correntes no porão!
Perdi o tino, no rastro só deserto
Atônitos errantes, amor e coração

Sonia Nogueira

Nenhum comentário:

Postar um comentário