terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Irene Zanette de Castañeda


MULHERES SOLITARIAMENTE FELIZES: O MUNDO ENLOUQUECEU?

Irene Zanette de Castañeda

A solidão é a mais nova companheira da mulher moderna. O sistema familiar está mudando assustadoramente. Companheiros?  Companheiras? Só temporários. A liberdade de escolha  está cada vez mais nas mãos de mulheres emancipadas. Não querem mais dependência de um homem que as faça pensar que são inválidas.    Poucas são as que ainda se sentem presas ao domínio machista. A maioria delas trabalha fora para garantir seu sustento. Coloca os filhos nas creches. Saem, vivem com mais autonomia. Serão mais felizes que as submissas de antigamente? Que sabe?  Se deu certo o relacionamento? Muito bem e bonito! Parabéns! São poucos os encontrados. A família prevaleceu. Mas onde está o padrão de família, se o mundo enlouqueceu? O consumismo contaminou o ser humano de todo mundo. Tanto o homem, como a mulher, o homossexual se deixam consumir sendo descartados, depois da química enlatada que o mundo absorveu. Amor? Quem mais acredita nele? Incompreendido Cupido escondeu-se por vergonha porque a carne prevaleceu. Ninguém mais sabe de sua Psiquê ( a alma). Tudo indica que ela desapareceu. Coisificou-se o homem. E neste mundo inovador, a mulher está construindo sua identidade. Tanto um como outro, hoje, andam solitários e, nem por isso, frustrados. Cada um, ao seu estilo, buscam novas formas de convívio digno de quem do velho mundo se perdeu. As mulheres são criadas com mais liberdade. Escolhem seus parceiros e não aceitam mais um relacionamento forçado, apanhando de seus companheiros. Quando amam de verdade, são excelentes amantes, mães abnegadas e ainda cuidam de suas casas, além do trabalho extra lar. São companheiras, amigas não mais escravizadas. Quando buscam o amor, o fazem como um ato de felicidade. Por que sofrer? Não querem mais ver seus olhos derramando lágrimas por um companheiro indesejado. Não querem mais permitir que seu corpo, com exceções, seja apenas usado para o sexo frio embrutecedor. Velam por seu nome e por sua dignidade. Só desperdiçam o seu  tempo nos braços do bem amado. Falam macio como o ronronar dos gatos e não mais aceitam os gritos de brutos neuróticos ou desesperados. Elas buscam a estética. Põem-se belas à espera do seu homem, quando encantado, carinhoso que queira estar ao seu lado. Elas têm os pés na terra, mas não deixam de sonhar gostoso, enquanto ele não transformar seu sonho em pesadelo. Ah! Como isso é verdade! Mas também se previnem para que “seu útero não mais gere um filho sem pai”. Buscam seus direitos, por isso, poderosas, inteligentes e, muitas vezes, temidas, ou até mortas pelo temor da perda do poder do seu “macho”. Diferentes das mal instruídas. Não se permitem mais a tristeza, o ressentimento, o ódio, coisas que lhe  tiravam  o brilho dos seus olhos, quando ficavam  sós, abandonadas por seus companheiros. As de hoje são mulheres fortes. Sem perderem sua dignidade, vão à  luta por outro que as acolhe com sabedoria do coração com a qual se fazem amar. Fazendo uma breve relação com este novo tipo de comportamento, lembro as palavras de Noel Clarasó: “O homem e a mulher nasceram para se amar, mas não para viverem juntos. Todos os amantes célebres viveram separados”. Um provérbio de autor desconhecido confirma esse pensamento sobre  mulher: “A que tem charme é a que dá ao homem jovem a impressão de que ele amadureceu; ao homem idoso, a de que ele é ainda jovem; e ao homem na força da idade, a de que ele está perfeitamente seguro de si.”

Irene Zanette de Castañeda
Cônsul de São Carlos - SP

2 comentários:

  1. Os textos da professora Irene são sempre tão cheios de intensa delicadeza e ao mesmo tempo tão repletos de profundo realismo.

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    1. Gostei do comentário. Embora haja realismo, aprofundo-me na minha subjetividade feminina e humana. Eu sou um pouco do mundo humano.

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