quinta-feira, 5 de abril de 2012

MEMBRO : JORGE MONTENEGRO

Jorge Montenegro B. Neto, Casado, 01 filho, nascido em 03.05.63, em Maceió-Al.   Como estudante e profissionalmente morou em diversos países, tendo fixado residência há 09 anos – por questão de qualidade de vida - em Brasília, DF.  É economista e trabalha como executivo numa empresa multinacional alemã do setor eletroeletrônico, dividindo-se rotineiramente entre Munique, São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília.

Iniciou tardiamente aos 40 anos a escrever poemas, contos e crônicas com o objetivo de dar vazão ao seu insipiente talento, aprendendo com seus confrades poetas e com eles compartilhando a beleza da poesia.  Em poesia, não segue apenas um estilo e procura praticar de tudo, desde o verso livre ao mais canônico e clássico dos parnasianos;  gosta de inovar e gosta da diversidade em alto nível,  apreciando fundamentalmente a boa qualidade lírica. Tem cerca de 400 poemas compostos, uns 10 contos e umas 15 crônicas.  Publicará seu primeiro livro por ocasião do seu aniversário de 50 anos, em 03.05.2013.  Gosta sobremaneira de ler seus pares poetas, trocando com eles impressões e críticas.  Acredita na dialética como instrumento de aperfeiçoamento dos dons e talentos artísticos que enverga e na crítica como ferramenta de evolução pessoal.
 jorgemontenegro2010@gmail.comBrasília, 28.02.2012
 
Solitude
(Soneto Montenegrino)




Toda vez que vejo a flor desfilando num jardim,
para mim, um sofredor, já se enleva o sentimento
no momento de fervor em que avisto a esperança,
na pujança dessa dor, minha triste solitude.

Plenitude da paixão que tortura esse meu dia,
agonia da canção que ressoa pelos ares,
nos olhares da visão de um cuitelo tão perdido,
iludido pela mão, mão que o pôs em liberdade.

A saudade é atroz, atordoa essa minh' alma,
minha calma e essa foz onde nasce o meu sofrer
do doer lá de onde nós apartamos nossas vidas.

As feridas que não quis fazem festa no meu ninho,
meu cadinho chamariz de um sofrer tão infinito,
um proscrito infeliz que hoje abrasa a minha tez.
Jorge Montenegro
Brasília, 29.05.2011



Meu Amigo “Ontôin”




Meus amigu... vi coisa qui num s’acrerdita!
Vi macaco nas brenha cum chumbo nu rábu,
vi paleja di morti entre Deus i u diábu,
vi tanta miséra,  que ninguém delimita !
S’eu contá todas vêis qui bebi a mardita,
vosmicêis vão pensá qu’eu sô pé d’alambique
i pú mais q’eu declari, i ninguém acrerdite,
eu cumi mermo o pão c’u diábu amassô,
pois nasci nessa vida pra sê sofredô
bem dibaxo du chão, sem perdão, sem limite.

Mais dispôi di vivê êssis ânu tudinho,
hoji póssu dizê, c’u maió dus orgúiu,
qui di cáusu sufridu num levo bagúiu :
eu só dêxo nuis óiu úins oiá di carinho,
qué pru módi afastá as mulexta du ninho.
Aprendi qui vivê é buscá aligria
i assim vô cantânu a tár canturia
qui Ontôin1  m’insinô astru dia na roça;
uins versinho bunitu qu’inté arvoroça
essa genti qui sabi intendê a puisia:


“Sertão, argúem te cantô,
eu sempre tenho cantado
e ainda cantando tô,
pruquê, meu torrão amado,
munto te prezo, te quero
e vejo qui os teus mistéro
ninguém sabe decifrá.
A tua beleza é tanta,
Qui o poeta canta, canta,
e inda fica o qui cantá.”
2

Ontôin1 é pueta qui só vévi cantanu
as beleza distinta do nosso lugá...!
Cum certeza cêis vai u Ontôin1 incontrá...
pois tarvêis ele esteje nu sú istudanu,
ô tarvêis ele esteje us puema insaianu
pra dexá a puisia mais formosa i mais viva,
pra torná sua voz mais dolênti  i cativa,
pra pudê incantá  i cantá dêssi jeito :
c’a cabeça no céu i u coração nu peito,
qui nem canta p’ruqui nosso tár patativa.

1 Antonio Gonçalves da Silva, o poeta “Patativa do Assaré.”
2 Estrofe do poema “Cante lá que eu canto Cá”, do poeta Patativa do Assaré.
Jorge Montenegro
Brasília, 24.02.2012





A NOITE

Folhas sossegam, lábios se fecham.
 Olhos se brilham,
se entregam,
se dormem.

Num quê de vazio - que algente se espalha -
as cores da noite não tardam em surgir
num pingo de luz descendo alto,
insistindo em rasgar os lençóis do escuro,
aspergindo faíscas de prata e dourado
nas copas, nos galhos, nas frestas luzidas.

Não resta palavra, não resta ruído,
nem mesmo um gemido se atreve a restar.

As brumas confessam o lamento das brisas,
a paz esquecida,
o amor pela vida,
as lágrimas tantas
e tudo aquilo que o dia escondeu.

Imenso teatro de audaz sinfonia,
naquilo que cala, um mundo desvela.

Cenário encantado de mãos que revelam
a tez da ternura,
a vera beleza,
a pura pureza
e a arte do sonho que a alma criou.
( Fantasia poética sobre a tela Noite Estrelada de Van Gogh)
Jorge Montenegro
Brasília, 27.06.2011

Um comentário:

  1. Que maravilha meu grande amigo poeta!
    Li teus versos com emoção e saudade.
    Um fraternal abraço do amigo de sempre,

    "Antóin"... Também!

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