quinta-feira, 12 de abril de 2012

MEMBRO: Neide Cardoso




Neide Cardoso
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Neide Cardoso, nascida em Santo Antônio da Posse, interior de São Paulo, passou a maior parte de sua infância na cidade de Itaquaquecetuba, onde mais tarde contraiu matrimônio com um amigo de Infância. Neide Cardoso tem granjeado título como Artista Plástica. Em julho de 2011 participou da Antologia Alimento da Alma vol. V com a poesia Alma Gemea e recebeu das mãos do Colunista Raymundo Nonato o título de honra ao mérito em Taubaté - SP. É coautora da Antologia Melhores da Poesia Brasileira
Em Novembro de 2011 foi outorgada como membro da ABLA Acadêmia Boituvense de Letras e Artes rm Boituva - SP. Em 02 de dezembro de 2012 paticipou da Antologia Destaques na Poesia em 2011 e foi homenageada com o título Destaques no Brasil no grande evento do Colunista Raymundo Nonato em Taubaté - SP. Neide Cardoso tem mais de 20 videos no youtube que tem encantado a todos que se reintregam. Neide Cardoso é autora do livro Utopia "Vida em Versos" , ela reside em Guarulhos, participa de saraus, eventos, salões de livro e contribue com a cultura de sua cidade.
e-mail para contato com a autora -
neidecardoso1112@hotmail.com
Guarulhos - SP
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SAUDADES DE BARRETOS

Quando parti de Barretos disse adeus para alegria,
Levei comigo a certeza que já fui feliz um dia,
Quando brincava inocente sem pensar no inconsequente
Destino que move a vida.
Ah! Se eu pudesse voar, cortar o céu infinito,
Pelas nuvens voaria e soltaria meu grito,
Gritaria aos quatro cantos o tanto quanto eu te amo
Minha cidade querida.
Perdi-me da minha infância nas curvas do desatino,
Logo cresci, virei homem, deixei para traz o menino,
Nesta metrópole imensa muitos perdem a referência,
Ficam cismando sozinhos.

O tempo passa correndo e muda tudo em nossa vida,
Disse Adeus para Barretos e vim morar em Campinas,
Mas trouxe como lembrança saudades da minha infância
E um par de asas partida.

Lá no fundo da memória trouxe tudo que ficou:
Meus amigos, minha escola, meu primeiro professor,
Sonhando em voltar pra casa, quis voar não tinha asas,
E a vida me machucou.

Lá quando eu era criança corria solto no prado,
De cima do pé do morre mergulhava no riacho,
No meio das violetas eu caçava as borboletas,
Montando um cavalo alado.

Barretos tem vales, rios, revoada de andorinhas,
Tem montanhas verdejantes onde o sabiá se aninha,
Tem touradas, tem rodeios, tem peões de boiadeiros,
Tem a Banda e os Pracinhas.

Ah! Se eu pudesse voar iguais as garças errantes,
Tivesse olhos de águia voltaria num instante,
Pousaria em seus umbrais não partiria jamais,
Seria feliz como antes.
 

Voltei porque te amo


No dia em que eu parti, disse: – Adeus para nunca mais!
Peguei a mala e saí, e ignorei o seu pranto,
Mas, eis-me aqui, eu voltei; Só voltei porque te amo.
Porque voltou de-repente, os amigos perguntarão;
Partiu daqui tão contente, cheia de metas e planos...
Simplesmente lhes direi que voltei, porque te amo.

Finalmente o amor venceu; Sou tua serva, meu amo!
A paixão me convenceu; Gritarei aos quatro cantos,
Que sou louca por você, que voltei porque te amo.
Eu cruzei os sete mares só a fim de te esquecer,
E perdi-me pelos bares, tive amores vis, insano,
Mas, eis-me aqui, eu voltei; Só voltei porque te amo.
E quando findava o dia, partia a magia, o encanto,
Surgia uma dor tão doida... A saudade doeu tanto,
Que resolvi: – Vou voltar! E voltei; Só voltei porque te amo.
Psicose


Dentro de mim mora outra, que fala às vezes por mim,
Que chora às vezes por mim, que ama às vezes por mim;
Ela é meu passaporte, e eu sou envoltório dela;
Não sei se eu sou mais forte, ou se a força está com ela,
E quando tento expulsá-la, zomba de mim a megera.
Ela aponta meus defeitos, mas não me ajuda a acertar,
Diz ser meu o livre-arbítrio, me fazendo injuriar;
Se eu quero ser maleável, ela só quer radicar,
Se eu quero ser responsável, ela só quer vadiar,
E quando lhe ordeno: – "Vá embora"; Na hora quer se vingar.

Se me mostro sapiente, buscando paz e harmonia,
Ela contrasta veemente preferindo a revelia,
Ela quer ter autarquia, eu quero ser displicente,
Mas se fujo pra utopia, se compraz indiferente,
E quando mando ir-seembora; Então chora renitente.

Ela passeia em meu sono; no sonho me asfixia;
Acordo num pesadelo, temendo a tafofobia.
Ela é a pantofobia, ou será meu duplo-etéreo?

São meus vermes; são meus chakras, alienado mistério,
Então ordeno que parta, mas nunca me leva a sério.
Já fui até abduzida; creio ser paranormal!

Ela diz que é paranoia da cadeia cerebral;
Então num esforço insano, me mostro intelectual;
Ela desdenha altaneira, como um ser transcendental,
E diz que é pura energia da etnia racional;
Daí eu fico animal.

Dentro de mim mora um anjo ou demônio peçonhento?
Será que ela é a sina ou será que é um gênio?
Quando digo: – É meu destino! Ela diz: – Sou consciência!
Quando enfim eu desatino renegando a convivência,
Então me quedo infeliz; Mas ela diz: – Paciência.
Às vezes ela me oprime fazendo ver meu dilema,
Outras vezes me exalta, e outras vezes me condena,
E quando caio na cama, some no mundo a bandida,
Somente quando retorna é que dou sinal de vida,
Eu já mandei ir-se embora, mas ignora atrevida.

Sei que sua intervenção, é a razão dos meus fracassos;
Pois sempre que estendo a mão, ela não arreda o passo;
Quando começo a julgá-la, se mostra fera acuada,
Quando dou o veredicto, contradiz dissimulada;
Numa acesso a mando embora, então assume: Culpada.
Daí vem a metamorfose; por horas fico silente,
Penso que é psicose; distorção da própria mente,
E quando faço palestra e digo frases brilhantes,
Num instante me contesta me deixando oscilante,
Hora se monstra singela, hora se monstra pedante,
Mas é muito petulante.

Ela é minha dependente ou eu sou carente dela?
Ela é minha descendente ou sou ascendente dela?
Tenho impressão que a conheço de tempos imperiais;
Às vezes ela relembra os bons tempos ancestrais,
Mesmo assim a mandei embora, mas ela disse: Jamais!

Mas, quem será está intrusa que usa tudo que é meu?
Não sei se sou eu ou ela; só sei que ela sou eu!
Quando penso: Ela é meu carma; ela diz: Sou tua sorte!
Então penso: Ela é a vida! Ela exclama: Sou a morte!
Eu já mandei ela embora, ou ela que me suporte.

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