Eliana Crivellari
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Eliana Crivellari é mineira de Belo Horizonte.
Extasiada com o mundo que vislumbrou, passou a dedicar-se, desde tenra idade, e com avidez, a descobrir tudo a sua volta, visto ser poesia a vida, e um prazer imperdível explorá-la. Embora não achasse muito atraentes as salas de aulas, preferindo o exercício do autodidatismo – a seu ver,
mais profícuo - graduou-se em Pedagogia, em cuja área atuou por breve tempo.
Prestou concurso para um órgão da administração direta estadual, e, objetivando o bem exercer a função do cargo que ocupa, buscou capacitação por meio de dois cursos de pós-graduação lato sensu.
Ama a boa leitura e, por isso, tornou-se estudiosa, com afinco, da Língua Pátria e da Literatura. Esses sentimentos fizeram despertar em seu único filho a mesma reverência ao vernáculo. Cinema, artes, filosofia, e descobrir pessoas talentosas: eis algumas de suas paixões.
Como resultado, encontra-se muito feliz em fazer parte de Literacia, onde brilham muitas estrelas da maior grandeza.
Belo Horizonte - MG - elianauaiso@gmail.com
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Breve Interjeição
Eliana Crivellari
.
Cultos e ocultos e incultos
São jogos tão somente.
Em duas palavras
Não falo.
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Em dois versos não rimo.
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Em dois momentos
Não me faço decisão,
Nem comunhão.
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Quero átonas, tônicas,
Pro...paroxítonas
Bem acentuadas
Todas as oxítonas.
Não finalizadas em i
Não terminadas em u.
.
(Que sejam como marré deci
Que sou pobre, pobre, pobre, pobre de mim)
.
Como maré,
Sejam.
Que a maré pede Fé.
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Crianças do meu Brasil
Azul
Anil
Varonil?
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Que um pouco de gramática
Não é
Coisa dramática
.
Um pouco de sintaxe
Não violenta o guache
Da aquarela
Da fita verde amarela.
.
Eu era aluna
E me soube promissora.
.
Eu era professora
Não me pude redentora?
.
Segue recado
Hiato rima com pecado?
.
Abro parênteses
Fecho colchetes
Reticências...
Dois pontos
.
Só consigo a breve interjeição:
Ah!
.
.
.
Colheitas do Silêncio
Eliana Crivellari
.
E porque desejasse singeleza em mundo tão adverso....
E porque nada menos que a mais doce simplicidade
se lhe fizesse urgente....
E porque a alma ouvisse barulho muito, e rogasse dos sons
o emudecer – quase perfeito -, vozes poucas, quietude plena,
e, em acolhedores minutos, carícias suaves, quais orvalho da manhã!...
E porque nem mais porquês encontrasse em meio ao desconforto -
ecos advindos das guerras tantas e várias no Planeta Azul –
de vermelho tinto – isolou-se em um canteiro,
a buscar a energia translúcida dos reinos governados pelos seres elementais.
Jardins, santuários harmoniosos – plantas, aromas, insetos, e
reflexões diversas, tão somente possíveis nesses plácidos
remansos.
Sempre a tais recorria, como agora, em fuga dos
mais ensurdecedores ruídos ao entorno - ou, dentro de si, vulcões em estrépitos?
Apaziguou-se.
E, revigorada, registrou os maiores instantes vibracionais naquele oásis,
sereno aconchego, recanto de aprendizado e de bênçãos:
.
Dois Tempos:
.
1º Momento:
.
Na casa da Poesia
Um tom acima
O silêncio verte verde
Planta muda cresce
Reverte temas
.
Na Casa da Poesia
Ninguém desconfia
Não se tecem cismas
.
O sol a pino
Doura a folha
E só isso existe
Posse de si mesmo
.
A perfeição do mundo
Vegetal, colossal, abismal
.
Na casa da Poesia
É que se planta
Siso, juízo, sorriso
.
Mas há que ser flor
Folha, arbusto, árvore
Há que ser margem de regato
Há que ser silente
.
Um tom acima
Como no jardim
Em que girassóis
Dançam a dança da luz
E tudo é paz
Tudo se refaz
Em silêncio
Absoluto
Contrito, irrestrito
.
Silêncio...
Repouso dos humanos desatinos?
.
2º Momento:
.
A borboleta
Na flor pousa
Repousa o voo
.
Em cores e cheiros
Que se oferecem em mudos cânticos
Ao estribilho dos pássaros
Ao zumbido dos insetos
.
Plantas nada falam
Ouvem
São as arquitetas de
Alheias melodias
Mas de si
Nada dizem
A não ser de pétalas
A não ser de caules
A não ser de perfume
A se espargir de graça
Como a graça do existir
Tão somente flor, folha, jasmim...
Tão somente assim
Explosão de Luzes!
.
Colheitas do Silêncio
Eliana Crivellari
.
E porque desejasse singeleza em mundo tão adverso....
E porque nada menos que a mais doce simplicidade
se lhe fizesse urgente....
E porque a alma ouvisse barulho muito, e rogasse dos sons
o emudecer – quase perfeito -, vozes poucas, quietude plena,
e, em acolhedores minutos, carícias suaves, quais orvalho da manhã!...
E porque nem mais porquês encontrasse em meio ao desconforto -
ecos advindos das guerras tantas e várias no Planeta Azul –
de vermelho tinto – isolou-se em um canteiro,
a buscar a energia translúcida dos reinos governados pelos seres elementais.
Jardins, santuários harmoniosos – plantas, aromas, insetos, e
reflexões diversas, tão somente possíveis nesses plácidos
remansos.
Sempre a tais recorria, como agora, em fuga dos
mais ensurdecedores ruídos ao entorno - ou, dentro de si, vulcões em estrépitos?
Apaziguou-se.
E, revigorada, registrou os maiores instantes vibracionais naquele oásis,
sereno aconchego, recanto de aprendizado e de bênçãos:
.
Dois Tempos:
.
1º Momento:
.
Na casa da Poesia
Um tom acima
O silêncio verte verde
Planta muda cresce
Reverte temas
.
Na Casa da Poesia
Ninguém desconfia
Não se tecem cismas
.
O sol a pino
Doura a folha
E só isso existe
Posse de si mesmo
.
A perfeição do mundo
Vegetal, colossal, abismal
.
Na casa da Poesia
É que se planta
Siso, juízo, sorriso
.
Mas há que ser flor
Folha, arbusto, árvore
Há que ser margem de regato
Há que ser silente
.
Um tom acima
Como no jardim
Em que girassóis
Dançam a dança da luz
E tudo é paz
Tudo se refaz
Em silêncio
Absoluto
Contrito, irrestrito
.
Silêncio...
Repouso dos humanos desatinos?
.
2º Momento:
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A borboleta
Na flor pousa
Repousa o voo
.
Em cores e cheiros
Que se oferecem em mudos cânticos
Ao estribilho dos pássaros
Ao zumbido dos insetos
.
Plantas nada falam
Ouvem
São as arquitetas de
Alheias melodias
Mas de si
Nada dizem
A não ser de pétalas
A não ser de caules
A não ser de perfume
A se espargir de graça
Como a graça do existir
Tão somente flor, folha, jasmim...
Tão somente assim
Explosão de Luzes!
.
.
.
E foi assim
Eliana Crivellari
.
E foi um chegar manso, querendo não chegar,
E houve um sorriso, querendo nem sorrir
E fez-se a Esperança
Em explosões de luzes e cores
.
Seria o Amor uma vez mais?
Mas o que significaria o Amor dessa hora?
.
Coisas de minutos vadios e inconseqüentes?
Ou estaria valendo não ser mais adolescente?
.
Não seria novamente
Da dor o convite?
Pensou, ponderou...
.
Refletiu, evitou...
.
E outra vez o encanto,
O súbito arrebatamento,
A ânsia incontida de estar perto,
De ficar junto,
De consolar,
De mitigar dores adormecidas e latentes
.
E assim sucedendo,
E assim não podendo
Abafar-se à alma....
.
Amou,
Talvez para sempre,
Que disso ninguém sabe...
O para sempre é tão surreal!...
.
Simplesmente,
Amou!
.
Mais uma vez
E intensamente...
E maravilhosamente...
E cheia de êxtase
E como não poderia deixar de ser...
Amou!
.
E foi assim!
E foi assim
Eliana Crivellari
.
E foi um chegar manso, querendo não chegar,
E houve um sorriso, querendo nem sorrir
E fez-se a Esperança
Em explosões de luzes e cores
.
Seria o Amor uma vez mais?
Mas o que significaria o Amor dessa hora?
.
Coisas de minutos vadios e inconseqüentes?
Ou estaria valendo não ser mais adolescente?
.
Não seria novamente
Da dor o convite?
Pensou, ponderou...
.
Refletiu, evitou...
.
E outra vez o encanto,
O súbito arrebatamento,
A ânsia incontida de estar perto,
De ficar junto,
De consolar,
De mitigar dores adormecidas e latentes
.
E assim sucedendo,
E assim não podendo
Abafar-se à alma....
.
Amou,
Talvez para sempre,
Que disso ninguém sabe...
O para sempre é tão surreal!...
.
Simplesmente,
Amou!
.
Mais uma vez
E intensamente...
E maravilhosamente...
E cheia de êxtase
E como não poderia deixar de ser...
Amou!
.
E foi assim!
Manhã de Maio
ResponderExcluirEliana Crivellari
Esta manhã de maio
Perfeita em suas cores outonais
É promessa de desejos ancestrais
Quais ensaios de Paz
Gorjeios de sabiás
E o bem-te-vi responde
Enquanto o mais é silêncio
E o vento não uiva
Sussurra...
Devagar o sol se anuncia nesta janela
Em vasinhos plantas anelam
Pelos dourados raios
Desta manhã de maio
O frio, a brisa refrescantemente gelada,
E pessoas há a reclamar
Porque não aprenderam a agradecer
Tecem rotineiras queixas
Profanas, insanas
Como profanos são certos atos
Nesta manhã de maio
O mundo dos homens é tão insensato!
Não fossem impensados gestos
Tresloucados comportamentos
Desatinos da louca humanidade...
E não houvera tanto egoísmo
Tamanha chaga social banida fora
E tudo restaria perfeito
Como perfeito é o quadro
Que a Natureza desenha
Belo, irretocável, frescor puro
Nesta clara, límpada, diáfana,
Transparente, translúcida,
Serena manhã de maio
Manhã de maio
Lição, bênção, unção...
Redenção?
Eliana Crivellari
9 de maio de 2012 – 8 horas 30 minutos
Manhã de Maio
Eliana Crivellari
Esta manhã de maio
Perfeita em suas cores outonais
É promessa de desejos ancestrais
Quais ensaios de Paz
Gorjeios de sabiás
E o bem-te-vi responde
Enquanto o mais é silêncio
E o vento não uiva
Sussurra...
Devagar o sol se anuncia nesta janela
Em vasinhos plantas anelam
Pelos dourados raios
Desta manhã de maio
O frio, a brisa refrescantemente gelada,
E pessoas há a reclamar
Porque não aprenderam a agradecer
Tecem rotineiras queixas
Profanas, insanas
Como profanos são certos atos
Nesta manhã de maio
O mundo dos homens é tão insensato!
Não fossem impensados gestos
Tresloucados comportamentos
Desatinos da louca humanidade...
E não houvera tanto egoísmo
Tamanha chaga social banida fora
E tudo restaria perfeito
Como perfeito é o quadro
Que a Natureza desenha
Belo, irretocável, frescor puro
Nesta clara, límpada, diáfana,
Transparente, translúcida,
Serena manhã de maio
Manhã de maio
Lição, bênção, unção...
Redenção?
Eliana Crivellari
9 de maio de 2012 –
8 horas 30 minutos
Revisitando a Maternidade
ResponderExcluirDedicado a Ana Merij
e ao seu lindíssimo Rei Arthur
Eliana Crivellari
Quisera palavras de estrelas tecidas, quisera!
Quisera, qual Reis Magos, entrelaçar fios de ouro,
incenso e mirra, e oferecê-los ao pequenino que fez a avó
“registrar nos céus – com as letras de seu amor- um pacto com Deus” ,
e “colher arco-íris novinhos em folha para colorir as manhãs” do
Rei Arthur que lhe chegou de presente.
As expressões resolveram fugir-me de vez – quem sabe só por covardia,
para não me socorrerem em minha imensa emoção?
É tão misterioso o reino das palavras!
A avó, não, ela soube silente, amorosa,
intuitivamente,
como só as avós o podem, colher sílabas, letras, rimas, versos lindos,
púrpuras a cair do céu para o seu menino abençoado,
e eu a soube uma vovó-Anjo.
E foi então que descobri a palavra “voternidade”.
Não sei quem a cunhou, mas li mais de um artigo com
esse vocábulo, por autoras diferentes.
Em um tremendo insight, percebi que ser avó é revisitar a
Maternidade, de maneira muito mais doce e serena do que a nós
foi concedido, ao sermos mães antes, sem experiência alguma ou manuais de instrução.
Que filhos não vêm com o mapa da mina, nós é que partíamos a desvendar
os caminhos, do jeito que podíamos - e dos modos mais impossíveis também.
Bandeirantes nos tornamos de terras ignotas.
O amor nos fez ousar extremados gestos, descobertas indizíveis,
receitas de afeto e ternura não escritas em roteiro algum para nós programado.
Não houve script dos atos que tivemos que encenar, e era sempre
um imenso improviso – ou nada seria urdido, a peça, a trama,
tudo responsabilidade nossa – eterna nos parecia.
Voternidade, agora, revisitar a Maternidade, tranquilas, podendo
repassar lições, auxiliar na condução das estradas – de sustos, é certo -
mas de muitas gratificações e das mais ricas descobertas
que os filhos farão,
agora, com seus filhos.
E acompanharemos em estado de graça.
E para a vovó que o Rei Arthur inaugurou, desejo momentos mil
de embalos no açúcar dessa vida plena de novidades, brincadeiras que
lhe sorrirão em amanheceres de rainha que você está a merecer,
Nana, pela pessoa maravilhosa que é, sempre em defesa dos mais
fracos, dos oprimidos, dos carentes e desvalidos.
E, pelo mesmo fito, cresça o seu Menino Rei em Sabedoria, em labores mentais, intelectuais e espirituais que o farão herdeiro do mundo belo
que você soube construir com Esperança e Fé, sobretudo, com
muito Amor.
E os Anjos todos dizem Amém!
Eliana Crivellari – 3 de maio de 2012
A poesia que não fiz-
ResponderExcluirEliana Crivellari
Ah! a poesia que não fiz,
os versos que ainda não pude escrever,
ah! meus pobres versos
pedem o anverso,
o reverso,
rogam por águas limpídas,
imploram por nossos índios,
lamenta o imponderável,
mais-que-lastimável-imponderável
choro de nossa gente,
brasileira gente,
assassinada.
Minha poesia está a fazer rezas
antigas rezas em minha infância aprendidas,
para sempre jamais esquecidas,
embora o tempo longe vá.
Para tão longe o tempo voou!
Minhas rimas serão impossíveis,
serão absurdas,
impuras se tornarão,
se não vibrarem o Hino da Terra,
se não forem acordes
sonoros, em uníssono,
com a grandeza do Universo.
Gaia, Terra Mãe,
não posso poetar
vendo-a prantear seus prantos
de dor
de uma intensa dor
gemida,
sentida, vivida, urdida em seus seios-
leite seco que já não alimenta,
sangue de uma gestação interrompida,
de uma evolução transferida,
para não sei onde,
não sei como,
não sei quando....
Não sei.
Minha poesia pede tempo
e trabalho...pela Vida de todos nós!
Eliana Crivellari
Belo Horizonte
19 de fevereiro de 2011
Simplesmente Ser
ResponderExcluirEliana Crivellari
E venha a vida
E a poesia venha
E haja encantos e desencantos
E seja a sombra e seja a Luz
E em tirocínio constante
Revele-se o humano existir.
.
Música, harmonia, ritmo,
Equilíbrio no inevitável cair e se levantar
De cada dia, e em qualquer idade
E reine a Paz
No aparente caos
Da imponderável realidade.
.
E nasça e renasça a Esperança
Nessa infindável ciranda
- que jamais se cansa -
De eterna aprendiz permanecer
Dancemos o bailado do SER
(que Ter é nada)
Quais crianças prossigamos.
.
E chegue-nos o novo,
O inusitado desponte
Façamos pois a ponte
Entre o que já saibamos
E o que logremos conhecer -
é preciso riscos correr
para renascer - sempre!
.
Necessário o desenrolar
Das frases e dos parágrafos,
E das páginas e dos capítulos
Dos enredos da trama
Cuja urdidura estamos a tecer.
.
É imperativo subsistir
Alcancemos oxalá, pela graça,
Simplesmente agradecer.
Eliana Crivellari - Belo Horizonte -
19 de maio de 2012
Uma escultura foi levada da Universidade
ResponderExcluirFederal de Mato Grosso - UFMT.
Era símbolo de luta de gente aguerrida.
Marco memorável no país
em que urge imperiosamente a
preservarção da história.
Corações sangraram além das fronteiras
mato-grossenses.
E assim nasceu um poema.
.
.
Quem Foi?
Eliana Crivellari
Dedicado ao Gabriel Novis Neves
As águas levaram?
Ou foi o vento
Ou...subreptícias mãos?
Levaram anéis,
Dos túmulos o ouro,
Foram as águas?
.
Uma escultura perdida
Dos humanos horizontes
A árvore da memória
Pretendeu-se retorcida?
.
Nada rima com nada
O avesso da estima?
Ou os estigmas sociais
Tornando os fatos tão venais?
.
Soube-se, assim, de abrupto
Furtaram o registro insigne
Trajetórias do passado
Lições de criatividade!
.
Mas não eram veleidades
Por quê?
.
A escultura, sim,
Representava a estatura
Moral , batismal, colossal
Dos titãs da Memória Nacional.
.
Foi o vento?
Foram as águas?
Quem foi?
.
Ainda que tudo se enterre
Nada se encerre sem que
Se saiba:
Ninguém nos capturará...
De nós.
.
Ergam-se embora as vozes
Que defendam o indefensável
Quem me raptará de mim?
E quem te roubará de ti?
.
Resta-nos para sempre
O incomensurável desejo de viver
Para Ser
Que Ter... é nada!
Eliana Crivellari – Belo Horizonte-
20 de maio de 2012
Esperança
ResponderExcluirEliana Crivellari
Dedicado aos que sofrem de Mieloma Múltiplo
... De quantas mortes morreremos?
Por quantos cânceres lutaremos?
E incompetências, e omissões,
ao infinito? Quantas?
Suportaremos assim tantas?
Mielomas múltiplos
Neoplasias
Medulas ósseas comprometidas
Em idosos, em jovens também...
E ao descaso, ao descaso, ao descaso...
Dirão os Anjos Amém?
.
A ANVISA nega o reverso
E o verso é dor... tão somente.
Eles são aqueles que jamais sentirão piedade.
Que nunca – parece:–padecerão os males
Da idade, ou de qualquer infelicidade
Isentos, pois – agem como se...
Compaixão, Senhor,Vos imploro
Nesta Terra de veleidades
Neste universo de vaidades
Em que se assola um país
.
O meu país
Aqui, onde sofrer e morrer
Fica para os inocentes
Eleitores em desencanto
E Pacientes em prantos
Descrentes, carentes
Nessas rimas pobres,
Pobres rimas a nada dizer
Absolutamente...não se morre
Uma só vez ...
Mielomas Múltiplos
Mortes Múltiplas
Negações ao direito
Perdão, Senhor, não sabem
Nunca saberão o que fazem
Ou desfazem...e:
- a Esperança jaz espedaçada
Eliana Crivellari – Belo Horizonte – 27/5/2012
Oração da Sinfonia Inacabada
ResponderExcluirEliana Crivellari
Se há notas musicais em mim,
Senhor,
Que sejam para dedilhar as mais sublimes melodias,
Em tuas divinas harpas.
Se versos querem irromper de minh’alma,
Pai de Amor,
Que sejam somente e tão somente
Para bendizer as Tuas maravilhas.
Se a voz em meu peito não quer calar-se,
Que seja apenas,
Senhor,
Para entoar o Cântico dos filhos Teus.
Se o silêncio se me faz necessário ao espírito,
Meu Deus,
Que seja para meditar na Tua obra portentosa e infinita.
Se percebo a bondade alheia, Senhor,
Que esta me sirva de exemplo edificante
E que tal modelo eu persiga, e tanto,
Que seja assim numa constante.
Contudo se a ira me avassala o íntimo,
Em um grito surdo,
Em uma fúria incontida,
Ensina-me, Senhor,
O que consegue a voz mansa.
Se a revolta, porventura,
Busque guarida em meu íntimo,
Que eu saiba distinguir,
Deus meu,
Entre o ser pacífico e o ser belicoso,
Possa eu refletir, nesse instante,
Nos horrores das guerras,
Dos humanos desatinos.
Se me dás amigos, Senhor,
Que com eles eu saiba caminhar até
A Mansão do Teu Absoluto Amor.
Porém se inimigos me cercam permite-me,
Pai,
Identificar a bondade na própria casa da maldade,
Ainda que em forma de semente.
Senhor, sinfonia inacabada eu sou,
Deste-me tudo o que dependia de Ti,
E deixaste-me o que só de mim depende.
Não me desampares,
Meu Criador,
Quero executar os acordes que me faltam,
Para ser Tua,
Totalmente Tua,
Em uníssono com a ópera,
Para que a obra se cumpra por inteiro.
Ajuda-me, Deus meu,
A sincronizar-me com o Cosmo,
A realizar em mim
O concerto que preparaste para o Universo,
Quando pensaste em mim.
Assim seja!
Eliana Crivellari – BH - 2009
A Amizade dos Filhos
ResponderExcluirEliana Crivellari
No começo, bem no comecinho,
eles eram tão pequenininhos,
que nos sentíamos diante de um altar:
seres divinos como anjos, pelos quais deveríamos zelar.
Fizeram-se inúmeras as noites em que não dormimos,
os sonhos que não sonhamos...ou, se sonhos tivemos,
foram sonhos outros, de poder sermos felizes na felicidade deles,
pela qual veementemente orávamos!
Por amor, não entramos em esgotamento físico.
Não queriam o nosso peito de mães amorosas,
choravam dores que tínhamos que adivinhar,
e vieram cólicas, diarréias, catapora, gripes,
calendários de vacinas...e
quantas mais!
Ah! Quantas mais!
O pai teve que se empenhar.
A mulher, sozinha, sofreria muito.
Por adorá-los,superamos tudo.
Tão felizes ficávamos com a sua melhora,
que tudo o mais tornava-se ínfima poeira,
para tão logo esquecida.
Depois começaram a balbuciar,a engatinhar,a andar,
e os víamos como desbravadores de um mundo ignoto,
tão cheio de vitórias!
Íamos a um céu de glórias!
Brincamos com eles nas praias da vida,
enquanto cresciam, e sorriam
e riam a gostosa gargalhada da inocência de criança.
Que tanto nos comovia!
Puberdade, adolescência,
fomos quantas vezes buscá-los nas baladas,nas noitadas
que apenas suportamos porque era
aquele o mundo deles,
indevassável para nós, tão cheios de mistérios...
Indevassáveis mistérios.
Contudo, ao seu lado permanecíamos,
em uma vigília constante.
Vigilância, sim,
pois eram ainda os nossos anjos, ainda para nós
aqueles pequeninos seres, tão desprotegidos!
E eles se achavam donos do mundo.
No vestibular, sofremos com eles.
“E o gabarito? Quantas você acertou”?
Será que os deixávamos mais aflitos? Não importa.
Sentiam o nosso zelo, a nossa ternura, a nossa veneração.
Até que de repente...
Formaram-se, empregaram-se, casaram-se
e nos deram netos.
Já não precisam de nossos olhares tão atentos, mas continuam a amar-nos de inigualável amor.
Como ninguém ousaria supor.
Hoje são nossos amigos, confidentes, anjos tutelares, não mais tutelados.
Ensinam-nos coisas que nunca imaginamos aprender.
Contam-nos de seus amores, e até de seus desamores.
Ouvem os nossos pavores, como antes ouvíamos os seus noturnos terrores.
Desdobram-se em mimos para conosco,seus pais
e suas mães.
São fiéis em seu afeto,
e sempre nos dão acolhida
em seus enormes corações.
Filhos amigos,
como são bonitos!
Como se esmeram em povoar a nossa mente
com as mais ricas emoções!
Se fomos deles a amizade primeira, temos deles agora...
a afeição inteira!
Porque são tão lindos
estes nossos filhos amigos!
Eliana Crivellari/2008
Rimas da Saudade
ResponderExcluirEliana Crivellari
No coração da Saudade
Encontrei relíquias caras, muito caras
Venturas sublimes vividas...
E sentia-se ali o pulsar da Eternidade!
Pois nem tudo é dor
Nos cantares nostálgicos
Do que o tempo levou.
No coração imenso da Saudade
Vi uma veia imensa, infinita
Incomensurável, sangue bom
A nutrir de benignidade o início
De um Amor em tenra idade
Lá onde planos se fizeram
E dois se uniram,
E um lar se construiu em devaneios
E vieram seres, quais Anjos,
E os chamamos de filhos, nossos bebês,
A enfeitar-nos o existir de pureza
E era a Casa da Beleza, e éramos nós,
Canções divinais a uma só voz.
E nada é pranto
No evocar do que foi canto
E encantamento tanto,
A fazer fluir o rio de uma biografia
Bordada de quantas outras mais...
Pérolas, brilhantes, ouro,
Jazidas de ontem, cintilantes,
Minas de realizados sonhos
Em que tudo era Sacrossanto!
Rimas da Saudade...
Nem só dor,
Nem lágrimas vertidas tão somente,
Ouvir também o que nos soa...suave...
Ecos da Felicidade!
Eliana Crivellari-BH- janeiro de 2012