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Ismael Machado
Campo Grande (MS)
blog: www.ismaelmachado.blogspot.com.br
machado.ism@gmail.com
Muda o medo, o tempo transmuta o ser
Índia do oriente, cunhataíporã
Amo você.
Sua pele cor de jambo,
Cujos sentimentos são plumas,
Sobre as quais me deito.
Vinte e oito de maio, e os seus olhos
Estão esplendidamente verdes.
Faz-me verde-esperança o seu olhar.
Rotinas, dragões, devoram a essência,
Medos paralisam a alma.
Movimentos contraem, relaxam.
O Universo no seu corpo tem seu ritmo,
Sem igual.
Ritmicamente bate assim:
Coração, desejo, sina,
Desejo, sina, coração.
Quero viver tempo infindo,
Desfrutar a alegria, estar ao seu lado,
Entregar-lhe o meu bem, meu mal.
Sacrificar-me na pira,
No fogo das emoções, por você.
Sentimento mor muda a fera,
Muda a bela, muda o medo.
Só não muda o meu amor.
Do livro Folhas Brasileiras
Sr. Lopes
Alto, delgado, quase loiro,
Faces de finos traços.
Andar compassado.
Um fidalgo, calmo.
Com dificuldade na fala.
Terá sido constrangido
Ante a maldade do mundo?
Mesmo assim, muito bom.
Uma ferida, depois duas,
Desculpas,
E a morte o levou jovem.
Estranho,
Visitei sua sagrada morada
No cemitério abandonado.
Sinto não tê-lo conhecido.
Quantos se foram cedo demais.
Num transporte no tempo,
Sob a serena chuva caindo,
Ouço o hino santo, enquanto
Seu corpo desce ao solo,
Nesse esquife simples,
Tal qual sua vida:
“Salve lindo pendão da esperança,
Salve símbolo augusto da paz!
Tua nobre presença à lembrança
A grandeza... nos traz.”
Eis o Sr. Lopes da Silva,
Filho do Sr. Domingos e de D. Mariquinha,
Cujas origens, distantes,
Remontam à alta nobreza
Portuguesa.
Ele, porém, com sua carreta de seis bois
Transportava tijolos, telhas, toras.
Da qual seu filho Antonio era o candeeiro,
Naquelas terras do noroeste paulista.
E o mais... quanta vida... não sei contar.
Do livro Folhas Brasileiras
É de sonho e de pó
Aos bravos pilotos da Esquadrilha da Fumaça
Em vôos rasantes, Esquadrilha, sua fumaça imita a vida,
Cujo sólido, líquido e gasoso se desfazem,
Se consomem com o tempo e fogo.
No ar a alegria brincando com o perigo, parece complexo, para-além da imaginação a perícia desses pilotos a criarem nexos na amplidão. Manobras arriscadas nos lembram:
há risco o bastante em simplesmente viver.
Parecem crianças de posse de seus brinquedos.
Vão se chocar, agora. Não! Houve horas, milhares, de treinos.
Aprenderam a ser meninos nos céus, vestidos de homens.
Constante lida com os elementais, seus voos resgatam os sonhos, fazem viajar no tempo e no espaço, planar o viver.
Sete aeronaves visam a perfeição do símbolo deste número
em suas evoluções nos céus do Brasil. Entretanto, nestes solos
o povo padece de erros político-econômico-administrativos
e o poeta confessa: “-Está difícil acertar o rumo.”
Cá embaixo brinca-se com o que não se poderia brincar,
são adultos em vestes de irresponsáveis.
As evoluções progridem ordenadas nas cores: verde, amarelo, azul e branco.
Eis os pilotos fumaceiros, em vibrantes vôos espetaculares, deixam rastros de fumaça, desenhos na imensidão.
Enquanto na terra quadrilhas assentadas em palácios,
assaltam nosso dinheiro e nossos sonhos.
Da Esquadrilha, oh! anjos da guarda, pilotos nos céus,
ajudem-nos a continuar sonhando, não nos deixem roubar o que de mais sagrado nos resta,
protejam a simplicidade desta gente sofrida
a olhar pro céu em busca de esperança e de alegria.
D’onde nos virá o socorro? Dos céus e da terra.
Dos bons que persistem.
Do livro Folhas Brasileiras
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