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SEM RUMO
Ói, sabe por que não gosto de falar em política no meu face?
É que o computador foi a única coisa que me restou...Assim mesmo, é um velho notebook, ano 1940, tocado a ventoinha , muito bom nos dias de ventania, mas paradão nas calmarias.
É nele que posso acessar o face como meu cantinho pra prosear c’os amigos, poetar,
cantar e refrescar a cuca sem precisar ver a globo mentir e ditar modismos pros incautos telespectadores.
Cá estou eu, perdido nas estradas da vida, viajando sem rumo, sem lenço e sem documento...
Tudo isso, por causa de que, a tal política prometeu, prometeu e só me coitou...
Desde os tempos que o Getúlio prometia que os “trabalhadores do Brasil” seriam recompensados, eu trabalhei, trabalhei, e ele vendo que a promessa ia gorar, deu um tiro no coração e deixou a gente com cara de bundão...A mesma que tinha o presidente Dutra...
Ai veio o presidente dançarino, melhorou poquin, mas ao perceber que a baia da Guanabara estava muito poluída pelas merdas que os políticos faziam, resolveu se esconder no planalto central e construiu uma baita cidade com dois penicos bem grandes, pros ditos fazerem lá as suas necessidades...
Depois, veio o conterrâneo Janio com uma vassoura prometendo limpar toda sujeira que os outros fizeram no barraco Brasil, mas acabou pedindo o boné e foi pescar em Guarujá, pintar telas e escrever, enquanto a gente sifu...
Aí, os militares resolveram que deveriam botar ordem no progresso, não deixaram o Jango assumir porque diziam que ele era comunista e iria comer todas as criancinhas do Brasil varonil, que a gente ia plantar cana pro governo, que um monte de gente viria morar em nossa casa e danaram prender gente...Eu fiquei quietinho , trabalhando com um olho na missa outro no padre...
Aí então, fecharam o acesso aos penicões mandando que os políticos fossem defecar no mato. Alguns foram até pro exterior.
Aí, cansaram de brincar de mocinho e bandido e devolveram a peteca pros políticos...
Finalmente!...Agora vai, pensei...Mas, quá!...
Veio um homem “sarnento” do Maranhão e fez a pior M na economia, gerando a maior Inflação da história, deu um “cruzado” de direita, levando o povo à lona ...foi um desastre do qual só se saíram bem os “marajás”, até então, só conhecidos na India. Eu peguei os trocados que tinha e joguei na poupança...Ahãn, pensam que eu era bobo?
Era! ... mais uma vez, mifu!
É que surgiu o “salvador”, o caçador de marajás, o homem dos brasileiros e brasileiras, bonitão, atleta, malvadeza durão, a salvação da lavoura!!!!
E o besta aqui, vendeu os trecos que tinha e reforçou a poupança...
E o fdp confiscou tudo!
E eu fiquei na mão...Cheguei pensar jogar-me no córrego prosa... Só não o fiz porque a poluição já tinha se afogado nele deixando-o raso demais para meu intento.
Fantasiei-me de índio...pintei a cara e fui pras ruas pedir pra ele sair e apagar a luz.
Foi aí que o pessoal dos penicões desconfiaram e tomaram a carteirinha dele.
Veio depois um velhinho simpático, paquerador, mas ficou pouco tempo e só fez fabricar uns fusquinhas que não duraram nem o ano de sua gestão. Verdade seja dita, foi no curto governo dele que o conde Fernando bolou o tal REAL, cujo arranjo freou a tal superinflação (?) e fez voltar o meu dinheirinho da poupança, magrinho, magrinho...
Corri e comprei uma terrinha, fiz um ranchinho, comprei uma vaquinha, umas sementes e fui pro mato cortar lenha, Santo Antonio me chamou...ops, já ia entrando em outra história...
Foi então que o tal Conde Fernando virou presidente e começou lá um tal programa de melhor distribuição da renda dos outros para outros...Disse que ia acabar com a pobreza, mas acabou com a classe média...E eu, quietinho no rancho, plantando e colhendo, tentando recuperar o que perdi...
E os tais políticos inventando moda...Direitos disso, direitos daquilo, e nada de deveres...
E veio o Luiz 51 pra implementar os tais programas, esparramou bolsas, controlou a inflação até direitinho, mas descontrolou o sistema dando sacolão para os pobres e mensalão para os políticos...E eu trabalhando, pagando impostos, e eles festando com a minha desgraça ...
E vieram uns tais sem terra e acamparam na porteira do meu rancho...queriam as terras que os políticos haviam prometido...e eu não tinha nada com isso.
Reclamei pra Deus e o mundo, negociei, pedi soluções pros políticos e eles saiam de fininho assobiando “ei, você aí, me dá um dinheiro aí”...Fizeram leis pela metade e não sabiam o que fazer...tentaram remendar e ficou pior que o soneto...E o andarilho que vos fala, mais ferrado ainda!
Finalmente, consegui negociar com os invasores e eles aceitaram acampar na porta do vizinho...
Ai chegou a dama de ferro auriverde e até que tentou controlar a situação, mas a corja insaciável exigiu tanto que logo teremos mais ministérios que escolas e hospitais...Ou então, ela não conseguirá governar nem Fernando de Noronha.
E eu plantando e colhendo - e pagando o Banco do Brasil...e o Brasil.
Até que um dia alguém lembrou que tudo aqui era dos índios...E o mais interessante é que foram os portugueses que invadiram as terras deles, mataram mais da metade , mas não conseguiram finalizar o genocídio.
Ora pois!...Por que não adotaram a política do “olho por olho” e foram invadir Portugal???
Logo as minhas terrinhas???
Foi daí que, fugi pra cidade, comprei os direitos de uma casinha tipo BNH e fiquei na moita...
Mas não é que agora tem uns tais de “sem teto” falando em tomar meu barraco?
Os políticos prometeram , não cumpriram, e eu pago o pato?
Taí a razão de eu ter largado tudo, pego a estrada com minha mochila de sobrevivência e o meu notebook de terceira mão, no qual consigo navegar quando paro sob uma torre dessas de telefonia e pirateio o sinal pra entrar aqui na internet e visitá-los no face...
E vocês ainda querem que eu aceite falar em política e políticos aqui???
Um dia, eu chego ao Uruguai...Lá está a política que eu sonhei...Aqui, desacreditei de tudo e de todos : destros, canhoteiros e adjacentes...
Mas ainda tenho amigos aqui e até alguns poucos políticos que são exceção no meio do lixo que virou esta coisa chamada Brasil. E eu amo todos vocês...
Afinal, como disse Karai Guevara,” Hay que endurecerse sin perder jamás la ternura."
Se eu ler isso aqui, vou chorar...portanto, quem quiser que revise!
Tenho dito!
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Adorei!!!!!
ResponderExcluirSimples, direto, informal, justo e verdadeiro. Grande abraço.