domingo, 7 de julho de 2013

MEMBRO: LORENA DELLA TORRE



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Nome: Lorena Della Torre
Cidade: Ponta Grossa - PR


Quando eu morrer,
Não vou nem pro céu
Nem pro inferno.
Vou para as estrelas

Deitada em estado de êxtase,
Aplaudida por estrelas,
Eu escrevo.

A música entra nos meus ouvidos
E me faz ouvir o cantar das estrelas.
O vento passa por mim e lê meu poema.
E como se elas gostassem da minha arte,
Aparecem cada vez mais
E pouco a pouco iluminam o céu.

São elas que iluminam o dia,
Junto com o sol ou por trás dele.
Elas cantam pra que eu possa ouvir.

E olhando para cima
Em uma lucidez forçada
Penso em levantar as mãos para tocá-las
Em pular para encontrá-las.
Aí fecho os olhos e as vejo dentro de mim
Assim eu pouso novamente e descubro ser uma delas.

E então assobio para lhes dizer que vou brilhar também,
Longe delas.
E um dia estarei em seu meio,
E o ciclo da poesia continuará. 







Quando a casa está vazia.
Quando a sombra é total.
Quando as janelas estão abertas.
Quando o amor é finito.

Só assim vejo que sinto falta.
Só assim vejo que talvez
E talvez, eu sentia amor.

Quando o cheiro de café não se espalha pelo quarto
E quando o cigarro não invade meu ser.
Quando não se ouve nem se quer um assobio.
Quando não se ouve muito menos o silêncio.

Falta. Faz falta. Faz um buraco. Faz um oco.
Sem ao menos um abraço
Ou uma despedida
Simplesmente foi.

E agora até o mais amargo café que bebo
Para fugir do sono
É mais doce que a vida
Que me faz querer dormir. 






Eu sou mulher.
Não sou parede, nem fortaleza. Só sou mulher.
Não sou forte, nem seca, nem grande. Sou mulher.
Não sou dura, não sou bandida, não roubo corações. Eu choro.
Eu choro, eu caio, eu sofro. Me escondo.
Me escondo atrás de alguém que eu inventei ser. Minha armadura.
Não quero ser tocada, não quero sentir prazer e depois ilusão.
Me protejo, me escondo em minha armadura, mas a verdade é quem sou sem ela. Quando estou despida de força.
Sou mulher!
Tenho medo de amar. Tenho medo de ser feliz. Tenho medo do depois. Medo de não me caber de felicidade. Medo de explodir.
Não sou forte pra me segurar em uma tempestade, preciso de alguém. Tenho medo desse alguém não me segurar. Tenho medo de ninguém me segurar.
Mas eu preciso! Eu preciso de amor. Mesmo viciada no veneno eu preciso de amor. Preciso sentir lábios, cheiros e toques. E antes de me roubarem, roubo-lhes!
Roubo-lhes corações, roubo mesmo. Sou viciada nisso. Meu veneno é o medo, e meu medo faz os outros sofrerem. Mas eu gosto disso. Vejo-me em seus olhos quando os faço sofrer.
E mesmo assim, sou mulher. Ainda sonho com o perfeito.
Mas não quero príncipes, não quero cavalos, não quero alma gêmea. Quero amor. Quero proteção. Quero encaixar cada linha de minhas digitais nas suas, criar uma só mão. Um só ser. Quero dormir e acordar, pensando ser um sonho. Quero não dormir pra não acordar do sonho. Quero morrer com meu veneno, ao morrer de amor.
E por isso sou mulher. Amo. Sonho. Sofro. E continuo matando.
Por isso sou mulher, porque me escondo e jamais sou descoberta. Porque provoco lágrimas para chorar delas depois.
Sou mulher, sou forte, sou veneno. E morro diariamente com ele. 





Acabo por concluir que minha cabeça é como o mar.
Basta uma lua para me mudar de direção. Me fazer grande, cheia de um orgulho próprio, de uma força que invade, sem se preocupar com nada.
Basta o sol para me aquecer ou me esfriar em qualquer coisa que venha a mergulha em mim.
Basta o vento para me atormentar, me ressacar, me fazer uma fúria e destruir até mesmo a mim.
Basta o vento para me acalmar, tocar o meu rosto reflexivo, me deixar mansa e ser amansada por qualquer um que saiba onde nadar.
E basta uma outra lua para me fazer pequena, murcha, frágil. Frágil a qualquer pescador que tenha um barco bom e disposição para navegar. Deixo-me ser totalmente invadida, sem nem ao menos refutar esse turbilhão de hélices.
E quando estou rasa, ah quando estou rasa. Basta um pé, um pé desavisado e sem intenção, que chegue de repente e se coloque no fundo, que bagunce a areia, basta isso para me desorganizar totalmente. E conforme o pé desliza no fundo, a areia sobe e junto a ela sentimentos, palavras, bocas e sorrisos incontroláveis. Uma areia que se bagunça. Que vira linhas, que vira rimas, que vira livros, noites em claro tentando organizar grão por grão de areia que involuntariamente se desfez, me desfez.
Basta então um mergulhador para me fazer o mar mais amado já visto em palavras. São mãos, braços, afastando a água, puxando a água, querendo ir cada vez mais a fundo, querendo descobrir os tesouros enterrados no escuro.
E quanto mais mergulha, mais bocas, bolhas, olhos, escuridão formando um ser só. Um homem mar. Um mar amado. E quando flutua é como se fosse totalmente entregue, é como se pertencessem um ao outro enfim. Mas quando emerge para respirar, ah, dor maior não há. Vê-se então que são seres diferentes, vê-se então que são formados de diferentes elementos. Elementos esses que só reagem uma vez, como um fenômeno. Talvez o fenômeno do sentimento. Talvez apenas uma peça do destino.
Ele tenta voltar, submerge, prende a respiração só para gozar desse sonho, desse amor inexplicável. Conformado, vai lentamente, pisando no fundo, atiçando a areia, lentamente sai. Passo a passo como em um adeus, vira as costas e deixa o vento secar a água restando apenas o sal como a lembrança de uma tormenta incompatível, chamada amor. 






Não é que a vida deve ser feita de segredos e mistérios, mas as pessoas perdem a graça quando começam a falar sobre o que é mais interessante descobrir.
Aquele que muito fala, nada diz. Quem muito se opõe pouco se expõe. E muita opinião nunca foi realmente posição sobre alguma coisa.
O silêncio ainda é o melhor argumento e a melhor companhia, e as frases mais lindas são ditas com os olhos e não com palavras.
A vida mostra que pessoas cheias de si são um poço de nada e só estão buscando alguém que para preenchê-las.
O tempo vai ensinar, como sempre ensina, que os segredos serão os alicerces da alma quando tudo estiver um caos. Vai ensinar que dores passam, que passam mais rápido quando se compartilha, mas que passam e ensinam quando se sofre calado.
Os erros vão mostrar que erros não existem. Que cicatrizes formam caráter e dores deixam mais forte.
O fato é que, quando se quer ser visto ninguém vê, mas quando se esconde na sombra alguém com uma lanterna te procurará.
Palavras sempre serão demais quando puderem ser substituídas por pensamentos e só.

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