domingo, 27 de julho de 2014

MEMBRO: João Brandão Jr

Foto tirada por Yara Maura da Silva quando em visita  a
 casa do escritor Mark Twain , em Hartford.
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JOÃO BRANDÃO JR
Nova Iorque  - USA
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Chamo-me João Brandão Jr, professor de Lingua Portuguesa como segundo idioma em duas escolas na cidade de NY, e consultor de marketing para a Kalakuta Productions, na mesma cidade. 

Vivo fisicamente distante de nosso pais desde 1989, quando mudei para a Espanha, com a intenção de concluir meus estudos em Antropologia Cultural. Embora meu corpo não abrace o sol de uma Terra Brasilis que se  mantém viva em minha memória,  ainda assim minha alma, minha pele de bronze cabocla mesclada de raças diversas, grita opulentamente minha origem de riqueza unica. Sou Brasil na essência contínua dos que tem na Língua Mater o legado da qualidade da expressão verbal, das nuances de uma gramática bela "pela própria natureza"! 

Escrevo desde que me entendo como ser pensante, e para não desperdicar tal talento, sempre tenho em papeis e canetas meus melhores aliados nas lutas diárias contra minha propria ignorância, que se redime pouco a pouco em cada texto escrito, em cada poema entregue em comum acordo entre minha alma e meu coração! Escrevo por que não posso deixar a emoção fluir sem registro. Escrevo por que não saberia viver sem estar em contato comigo mesmo, para encontrar no outro uma referência que me permita ser eu para o outro, e ter o outro em mim, como uma simbiótica relação de troca entre mim e o que há em mim.
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Deus por uma noite



Por uma noite apenas, senti-me como a um Deus!
E tal qual sublime ser supremo
Desafiei todas as leiis criadas pelos homens,
Reinventando minha própria natureza.

Por uma noite apenas, senti-me tal qual um Deus!
E do alto de meu poder supremo,
Do topo de meu poder divino,
Amei como um imortal!- Intensivamente, poderosamente...
E completo me mpus sobre tempo e espaço
Abstraindo-me do julgamento humano
Por pura extensão do divino ser que ali eu era

Por uma noite, uma noite apenas senti-me Deus!
Senti-me a propria expressão da liberdade que criara,
E na orgia de uma libação sagrada em culto ao divino
Reverenciei a mim mesmo apossando-me de minha vulnerabilidade sobrenatural.
Em poucas horas construí mundos diversos,
Deleguei nomes a sentimentos,
Emanei intenções divinas,
E de sacrificios a mim oferecidos
Percebera-me em essência um Deus pagão,
E mais uma vez senti-me divino!

 Por uma noite , uma noite so, apenas, senti-me como a um Deus!
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 Na noite em que a liberdade lançou seu voo em mim


Na noite em que a liberdade lançou seu voo em mim Minha boca encheu-se das palavras que delineiam minha verdade. E num vai-e-vem de vozes diversas, no escuro da sala Onde a Lingua materna ecoava em festa, tudo se transformara em pulsos. Haviam gestos de almas, movimentos de corpos, estetica de prazeres jamais sentidos, palavras jamais pronunciadas, nutridas de um belo sentimento de ternura, que se misturava com a dura expressão do compromisso . Entre olhos e copos de uma nova bebida, que me iniciara na busca de entender melhor a razão de minhas tantas perguntas, percebi-me livre e completo do tudo que me cercava, dando vasão ao meu poema vivo, que circulava pela sala distribuindo versos e prosas: Os olhos de meu poema, em fogo cruzavam distancias entre mim e sua essência, e ainda que soubesse que minha criação tornara-se independente, ainda assim contemplava-o como sendo somente minha, ainda que por um momento. Na noite que a liberdade lançou seu voo em mim Amei a tudo e a todos com a mesma intensidade com que abraço a vida, ainda que as vêzes me deparasse com seus espinhos, mas nunca desconsiderando o cheiro de rosas que pudessem vir em seguida. De minha razão, a verdade se impunha sem máscaras, em absoluto despropósito, sem alvos ou intenções ...era ela ali o revelar-me como um ser etéreo; complexo agente da totalidade a comunicar-se. Numa dicotomia que me tornava vulnerável a todo e qualquer sentimento, esvaziei-me por inteiro, vindo a encher-me de intensidade e súbito carinho - gesto de mãos que se entrelaçavam à minha frente, revelavam-me as pontas das asas de minha liberdade, que presumi serem muito maiores e mais expansivas que os espaços definidos previamente em minha saudosa mente.
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A face oculta da paixão

Estava eu pela manhã na academia, tentando perder uns quilos e voltar a uma forma mais saudável, a fim de evitar problemas futuros de saúde. A minha frente, vejo um rapaz, exercitando-se energeticamente. Algo tão intenso, que tomava toda a minha atenção e sequer chegava-me a concentrar em meu próprio exercicio. Entre uma puxada e outra, olha-me pelo canto dos olhos, como que suspeito de que também eu o fitava. Impossível não fazê-lo! . comportava-se tal como as máquina a que nos cercavam. Uma Figura longelínea, com pele muito branca, um rosto muito jovem e um semblante agressivamente afoito. Apesar da magreza, tinha os músculos muito bem definidos, como os de um bailarino clássico. Estávamos apenas os dois ali, naquela sala enorme, cercada de espelhos por todos os lados, como em um compartimento de nosso insconsciente fechado, fazendo parte de um sonho alheio. Nossos reflexos estavam por todos os lugares, do teto ao chão. Ao perceber que aquela jovem criatura angustiava-se, e angustiando-me da mesma forma - claro que eu poderia sair se me sentisse incomodado, mas quando eu teria tempo novamente de voltar a exercitar-me e perder os quilos que Dr Lee tanto queria?- O fato é que me apossei da idéia de meu corpo obeso, e fiz-lhe um comentário: - Meu médico quer que eu tenha um corpo como o seu! Mas acho que isso é genética, você não acha? Ávido pela oportunidade da fala, que lhe prendia palavras na garganta, e atitudes nos olhos, retirou seu headphone e falou-me com um ar surpreso, e com um sorriso como que suas preces tivessemos sido ouvidas: - Se quiser ficar com meu corpo, nada melhor do que romper uma relação afetiva! Você perde 8 quilos em uma semana. Sorri, na certeza de entender cada gesto que agora se justificavam, através do grito que seu coração lançava através de cada esforço dispensado, em cada um de suas séries que não só o faziam queimar calorias internas, como fazer sua alma chorar de um vazio que tentava ser preenchido com a força braçal. Percebi que necessitava de um ouvido; um alter-ego qualquer que pudesse servir-lhe de eco silencioso. E contninuou: - Minha namorada rompeu comigo, e hoje faz exatamente uma samana. Mas sabe de uma coisa? ...bem melhor assim! Ela era muito imatura - só 24 anos - e acho que ela era muito superficial! Sim - ela era superficial de mais! Ouvi-lhe, e perguntei-lhe o que fazia na vida, ao que a mim respondeu ser ator. Então com meu sorriso de gordo-amigo, comentei-lhe que ele estava em um local privilegiado na análise da vida, já que a profissão ajudava-o a entender as varias nuances dos relacionamentos humanos. Numa tentativa de não vê-lo tão mais agressivo - e confesso aqui, de poder continuar meu trabalho fisico - tentei focar-lhe a própria emoção, tentando exercitar alguma coisa que aprendi sobre relações humanas no decorrer de meus 44 anos de entrega ao pensamento. Continuou então, o jovem rapaz, que mais parecia fisicamente uma Sílfide, enclausurada em um jarro de vidro, batendo suas asas para todos os lados, numa tentativa de fugir de algo que resistia incansavelmente. - Ela era futil. Modelo, entende? Modelo!!!...e isso é que é o pior !!!...e eu sou muito cimento, sabe?!. Aqui mesmo, agora, nesse momento, fico morrendo de ciúmes só em saber onde ela está. Já faz uma semana! Hoje está fazendo uma samana! E olhou em seu relógio, que pela forma com que se expressava, parecia ser sua única companhia na contagem dolorosa da partidária da amada, segundo ele imatura, superficial e acima de tudo...Modelo! O jovem parecia estar explodindo, e a mim pareceu confundir com um canal de esgoto putrefado, a fim de enviar todas as suas impurezas, e manter-se com a impressão de limpeza passageira. Assumi a postura! Porém, esgotos também possuem uma manutenção - ainda que seja apenas uma vez em toda sua vida de servidão - e percebi que aquela seria a minha vez de também limpar-me daquela situação, confrontando aquela criatura languidamente estressada; poéticamente ferida, com alguns de elementos de seu próprio discurso. Indaguei-o se, com todos esses defeitos, se tanto mal lhe fizera, qual o motivo da tristeza que fizera-lhe perder tantos quilos. Do contrário, ele deveria estar feliz, e se não forte, pelo menos gordo. E se não tinha tanta importância assim, qual a razão de estar dividindo comigo, um estranho, uma experiência que para ele não dizia nada, e sendo assim, muito menos a mim, pois entender is que Estaria falando de algo que não conhece, portanto não merece do minha atenção, a menos que me visse ali como um estúpido, ou quisesse exercitar algum tipo de laboratório novo de atuação, já que se tratava de um artisita, em seus afazeres diarios. Como que uma injeção de um anti-enflamatório tão forte, capaz de fazer um cavalo gemer de dor, o rapaz avança em minha direção com a intenção de refutar, mas faltam-lhe palavras, ou lógicas, e seu corpo tomada de forma abrupta em uma curva voluptuosa, como se fosse um galo de rinha, a desafiar seu adversário. Tentou balbuciar algumas palavras mas nada conseguira. Parecia que a força da lógica havia cedido lugar ao seu sentimentalismo, e que minhas simples e quase ingenuas inferencias fizeram-lhe decolar de seu voo rasante, em direção a uma realidade esculpida sobre si mesmo. Eu, fitando-o, sem palavras, sentado a minha maquina tentando exercitar os musculos de minhas pernas, num movimento constante de sobes e desces, como se aquilo também fosse a corda de meu relógio, a recarregar-me as baterias. Percebi que o jovem se frustrara com minhas palavras, e não querendo vê-lo mais magoado, e nem a mim mais usado, comecei a falar de exercicios, ao que ele agiu positivamente, e um trunfo de vaidade voltara-lhe à expressão facial, falando de estilos diferentes de atividades que podem deixar nosso corpo mais delgado, exatamente como o dele. Percebi que o capitulo sobre sua paixão, minutos atrás em decomposição, havia cedido lugar a uma nova história - pelo menos ali, naquele momento - e que o jovem sairá do lugar que estava ocupando empacadamente, e ate consegui ver alguns de seus novos movimentos, quando começou a falar de sua experiência com a Huasca. Terminado meu exercicio, despedi-me, e ele com um sorriso o qual não havia introduzido às suas diversas expressões, se apresenta: Muito prazer! Joski! No dia seguinte, decidi ir ao ginasio a tardinha, pois não queria ficar em um ambiente turbulento. Minutos depois de minha chegada, aparece Joski. Me comprimenta como se fossemos velhos conhecidos e ma fala de sua experiência com a Huasca, ao que vai logo comentando: Estou decepcionadissimo com os resultados da Huasca. Se soubesse nao yteria nem ido. Tudo muito superficial, Nada de consistente ou maduro...
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AMANTE

Meu  tempo se limita a  encontrar-te
Nos  espaços  que o relógio  me oferece
E rezo para que as horas logo cheguem
E nelas, o  assumir-te  me engrandece.

Perto de ti desapareço,  me escafedo, sumo
E de meu nada, a simples  plenitude brota
Só em vida e sentimento me resumo
A sensaçao de  liberdade  em mim aporta.

A lógica e  o conceito se destroem
Defesas  caem à esquerda de meus passos
Meu sangue enfervescido em julgamentos
Condenam-me a viver pelos teus atos.

O permitido, e o proibido  se intercalam
Pois Amar-te é um exercicio de  valores
Entre as partes, forte,a  ponte se instala
E atravesso-a  sem olha-la  e sem temores

Sigo firme em  teus olhos de diamantes
E mergulho em teu sorriso de felidicade calma
Aprendo,  no percurso de teu gestos
A  delagar a paz,  em festa em minha alma.

Joao Brandao Junior, NYC 27 de fevereiro de um ano muito especial.

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