quarta-feira, 19 de maio de 2010

Lilian Maial

ETIMOLOGIA

Lílian Maial

.

O sussurro do vento

frágil bálsamo da morte

como um étimo

atravessando a noite.

.
A palavra projeta-se no
silêncio
da pedra

um gorjeio mouco
um gesto parco.

.
E a morte paira sobre a chaga
numa despedida sincera

de pegadas de fogo.
.
O verbo incinerado calcina a veia

onde o sonho coagulado

trombosa a manhã.
.
Nas cinzas do verso
há a nesga de quietude.
Um pálido sol esquadrinha o depois,

a vida e o tempo.

.
Não! Não há paz na morte e na calmaria.
O beijo cálido da palavra é vida
e a vida é sina de raiz

e semente.
.
O alumbramento se dá no ventre da poesia
fecundo direito

doutrina de origens

parto.
.

A paz beira a loucura
da hora e da pedra.

.

Carece o hoje de inferno e grito.

.

A palavra salta da garganta para o eco

na aridez do cacto

à procura de seu lugar.

Um comentário:

  1. É,muito impressionante,como consegues unir a natureza aos nossos meios voce é além poetisa,busca na fonte a beleza e espelha ao mundo em palavras...parabéns nobre que sejas sempre altiva pois a capacidade é demontrada.
    abraços
    Bruno

    ResponderExcluir