OUSADIA
.
Quem tu pensas que és?
Diga-me!
Responda-me!
Que direito achas que te cabe
quando me tomas, e sem pudor me possuis,
e me desnudas a ti,
sem recato ou sensatez?
.
Como te atreves
a apossar-se dos meus desejos,
sem aceitar regras ou contestações?
Já não te bastasses imprimir, em mim, feito fogo,
tuas mãos, dedos, marcas,
ousas, não contente,
deixar teu rastro fluido a me acompanhar,
qual úmida lembrança que não me permite esquecer de ti?
.
Quem tu pensas que és,
quando me machucas,
e as dores se estendem
pelos meus músculos, flancos, entranhas,
qual carimbo, de tuas digitais eem m mim?
Não te envergonhas, quando teu cheiro me persegue,
intruso a invadir, repetidamente, minhas fronteiras?
.
Falas, tu que tens o dom da palavra!
Como tens a coragem de me explorar sem reservas,
a arrepiar-me a pele,
expondo inteiro a ti,
meu corpo que, descontrolado,
pulsa ao teu ínfimo toque?
.
Que desmesurada ousadia do teu hálito
quando provoca meus sentidos,
acende meus mais indizíveis anseios
que, só a ti, atrevido,
Fui capaz de revelar!
Katia Borges
Nenhum comentário:
Postar um comentário