sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Cícero Melo

Aos encantos de Circe
Cicero Melo
.
Um sonho de salsugem e saudade
Me reconduz ao cais dos meus perigos.
Meus marujos e naves são antigos.
Uns estão mortos, outros sem idade.
Mortos, também, estão meus inimigos:
Morreram todos: tanta crueldade!
Seus nomes decompostos da cidade,
Sem coração, sem armas, sem abrigos.
Mesmo assim os reclamo mar afora,
Ao retorno do encanto já perdido,
Mas pelo qual meu coração implora.
Feiticeira, devolvo, aqui rendido,
O teu segredo, a sedutora flora,
Nas varizes do tempo envelhecido.

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