sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Daladier da Silva Carlos


Abecedário das Sujas Referências


Daladier da Silva Carlos

A mão desceu o gesto com firmeza,
Baniu as vestes da alegria, posto o momento.
Caiu o bardo em si, abrindo os braços, e, ligeiro,
Deixou-se ficar observando os honoráveis da corte,
Empoleirados todos para sugar o sangue da pátria mais uma vez,
Formulando-se um padrão de justiça, na medida do espetáculo.
Gabam-se sempre os senhores dos anéis, pois
Há os que só mentem para ocultar velhas conveniências.
Irrisão à mostra, o poder arremessa longe a moderação,
Junge o riso ao escárnio e a força à impunidade,
Leveda o espírito e ameaça as consciências.
Multidões de prazeres se locupletam sobre o chão da vergonha e
Não há vozes vorazes para verter o que for veraz.
O opróbrio se faz meticulosamente presente nos salões, quando
Perturbam-se os oficiais de gabinete com os desmentidos.
Quer-se amenizar a dor com verbas a fundo perdido,
Retumbando a expectativa cidadã além da tolerância coletiva, mas
Sabe-se lá até quando os vulgos continuarão apenas vulgos.
Toda liberdade carece do tormentoso preço para,
Uma vez cortada a carne, o osso aparecer coberto de sangue.
Vigiar a cidadela, só Deus sabe como operar, portanto,
Xingamentos são apenas sujas e maltrapilhas referências.
Zarparão, afinal, as caravelas para um novo descobrimento?

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