sexta-feira, 1 de outubro de 2010

A Ira - César Moura


A ira
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A lida da escuridão,
No coração a ferida ardeu em ira
Numa mágoa voraz vagabunda,
Que suja e imunda roubou toda paz.
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Logo me sujeitei ao rancor
Com o ódio que brotou como flor
Desabrochando entre erva – daninha
Fazendo-se em tamanha delinqüência eficaz.
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Sofro por faltar-me palavras na boca,
As quirelas de ofensa que não foram ditas
No apogeu desta grande aflição,
Quisera ceder ao dano, dando sentença à parte;
Neste meu julgamento incapaz.

Na parte em que se desfez o meu ego,
Restou-me seguir a vida no limbo
Com a ferida tenaz entreaberta.
Pensei até recorrer ao amor, mas fui incapaz...

No limite de toda minha loucura
Não encontrei uma cura para este rancor,
Entreguei-me ao prazer de ferir através da dor
Quem se fez no presente momento o meu opressor.

Remoí em vão tais sentimentos profundos
Pelo desejo de matar e morrer,
Somente para ver sangrar sem dó o opositor
No ápice deste ressentimento fútil,
Sutil talvez por demais!
Inútil se foi de uma vez o amor sem pensar,
Porém não salientei mais contenda;
Antes que se entenda...
Desfeita toda a ira e a dor,
Então, tudo se tornou para mim novamente em paz!
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Cesar Moura

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