CLAMOR
Olga Matos
Olhos de ver e chorar,
cantar e sorrir,
viver e sonhar
suplicam amor e PAZ!
Boca de fome e de dor,
louvação e paixão
clama PAZ ao coração!
Querem Paz em prato fundo,
na favela ou farta mesa,
na face do moribundo,
prato raso ou pelo meio,
contanto que a PAZ lhes chegue!
22/09/2008
Ciladas do amor
Entre um sorriso e outro,
uma lágrima dos teus olhos
rolou.
Afinal sorrias, parecias alegre,
mas alguma coisa, teu coração
lembrou.
Saudades, talvez de alguém,
um alguém diferente, que o teu
peito tocou.
E agora quando o lembras, as
lágrimas, são as primeiras que
acusam , aonde o amor te levou.
Levou-te a conhecer a vida, e dela
as suas tramas, as suas ciladas,
que sempre chegam, caladas.
São do amor comparsas, pegam-te,
depois os dias mudam, a espera é
terrível, a ausência mata.
E quando se da conta, mais um
coração fica atado ao amor
de alguém, de alguém que é diferente,
que primeiro nos deixa apaixonado,
depois esquece da gente.
(Roldão Aires)
Olga Matos
Olhos de ver e chorar,
cantar e sorrir,
viver e sonhar
suplicam amor e PAZ!
Boca de fome e de dor,
louvação e paixão
clama PAZ ao coração!
Querem Paz em prato fundo,
na favela ou farta mesa,
na face do moribundo,
prato raso ou pelo meio,
contanto que a PAZ lhes chegue!
22/09/2008
A luz da vida!
Autor: miguelzinho da vila
De onde é que vem?
Essa força bonita,tamanha!
Correndo,
Por vales, rios,
E montanhas...
Você pensa até,
Que já esteve nesse lugar,
Esse faxo luminoso de luz,
É o filho de deus! É Jesus!
Qualquer dia vai ter que voltar...
Ele caminhou no Jordão,
Sobre as águas,
Foi pregado na cruz, não tem mágoas,
E esse mundo perdido...
Com tanto rancor,
Á áfrica tão rica, morrendo de fome,
Não foi esse o exemplo,
Que ele deixou a cada homem,
Mas, de muito carinho e muito amor!
É preciso mudar...
Pensamentos, maneiras, costumes...
Plante no teu coração uma flor,
Mas assume,
Tenha a coragem de dizer:
Que a vida voltou e brotou.
Em você....
Com muito amor!!!
É preciso mudar,
Dentro de você,
Aprender a amar,
Quem deu a vida voce
Entre um sorriso e outro,
uma lágrima dos teus olhos
rolou.
Afinal sorrias, parecias alegre,
mas alguma coisa, teu coração
lembrou.
Saudades, talvez de alguém,
um alguém diferente, que o teu
peito tocou.
E agora quando o lembras, as
lágrimas, são as primeiras que
acusam , aonde o amor te levou.
Levou-te a conhecer a vida, e dela
as suas tramas, as suas ciladas,
que sempre chegam, caladas.
São do amor comparsas, pegam-te,
depois os dias mudam, a espera é
terrível, a ausência mata.
E quando se da conta, mais um
coração fica atado ao amor
de alguém, de alguém que é diferente,
que primeiro nos deixa apaixonado,
depois esquece da gente.
(Roldão Aires)
-
PRA TODO FIM DE ANO
Rivaldo Paiva
Que tal fossemos sempre comuns? Ah, então felizes! Pessoas sem complicações, sem a solidão que corrói, sem a obsessão de pensar que o dinheiro, por conseguinte, os presentes de Natal são os que trazem a felicidade – não, o que vem é o conforto. Desculpando-me de Descartes, será que sem pensar, comprando, logo existo? Os fins de ano serão os mesmos? Vejam, ninguém (ou poucos, para não ser injusto) comemora o nascimento de Jesus. Só existe propaganda de lojas para ganhar dinheiro com Papai Noel. Hilário. São só bonecos de Papai Noel bebendo Coca-Cola, balançando-se em brinquedos mil da Estrela, recebendo crianças em suas cadeiras de shoppings, ô, ô, ô... Meninos chorando com medo, outros sonhando com a ilusão de que ele vai mexer na sua meia pendurada na janela, descendo de sua charrete puxada de renas (ainda tem disso?). E o povo gastando e os lojistas ficando mais ricos? E o aniversário de nascimento de Jesus cristo? Onde ficou? Ninguém nem toma consciência. Assim revelados, homens e mulheres podem esperar de si próprios uma felicidade incomum para todos os anos novos que desabrocharem a cada primeiro de janeiro do nosso calendário. Por isso, lembro-me de Bernard Shaw, pelo seu personagem principal em “Pigmalião” (My Fair Lady), num texto compulsivo evidenciando a soberba como a derrocada do homem que se diz comum por viver só. É usual que se pense no sucesso futuro de 12 meses adiante pela vertente que vira, mas discutível num universo naturalmente bem melhor. E todos almejam paz, saúde e dinheiro, como se fosse a unificação de um coletivo otimista do que se passará dali em diante. Ora, sem saúde, pra que dinheiro? Sem paz, pra que sucesso? Sozinho, pra que tudo isso junto? Essa sintonia nos votos de um “Feliz Ano Novo” geralmente é uma forma educada de se cumprimentar amigos, com, às vezes, uma leve pitada de falsidade intrínseca, não proposital. Pois no afã festivo de mais um “réveillon”, todo mundo se esquece do sentido real da felicidade que se guarda para frente. Ninguém pensa no que fez no ano velho. Nunca analisa o que fez de bem ou mal a outros. Por acaso se lembram se foram corretos consigo mesmos, com amigos e familiares? Ninguém faz um balanço silente e honesto de sua conduta moral e profissional. O sentimento já está longe e acabou mais um ano. Agora é o que vem em vante – o que importa. O regalório de vinhos, uísques e espumantes no conforto de uma noite de pirotecnia, não é o bastante para uma noite como se fosse a última de suas vidas... Não estou querendo ser o feitor do sinergismo – um mero protesto que se tornou doutrina, pela qual a salvação do homem se alcança mediante a colaboração da graça divina com a vontade humana. Decididamente não. Nas beiradas do fim de 2011, gostaria de cumprimentar todos aqueles meus leitores pelo ano velho e ensejar boas reflexões a partir de 2012. Repetindo Shaw, eu sou um homem bem comum, que desejaria nada mais que ser igual aos demais; viver a vida em doce paz, vivendo o sol (e a chuva) que me apraz. Um homem feliz, sem mais complicações nem agonias, interpelações, trânsito, burrices diversas e, óbvio, o estresse, e fazendo as coisas que me agradam mais. Eu sei que não deveria ter sido o que eu fui – lamento para mim. Saudáveis, sejamos ricos. Comuns, sejamos felizes, pelo menos.
-
Rivaldo Paiva
Que tal fossemos sempre comuns? Ah, então felizes! Pessoas sem complicações, sem a solidão que corrói, sem a obsessão de pensar que o dinheiro, por conseguinte, os presentes de Natal são os que trazem a felicidade – não, o que vem é o conforto. Desculpando-me de Descartes, será que sem pensar, comprando, logo existo? Os fins de ano serão os mesmos? Vejam, ninguém (ou poucos, para não ser injusto) comemora o nascimento de Jesus. Só existe propaganda de lojas para ganhar dinheiro com Papai Noel. Hilário. São só bonecos de Papai Noel bebendo Coca-Cola, balançando-se em brinquedos mil da Estrela, recebendo crianças em suas cadeiras de shoppings, ô, ô, ô... Meninos chorando com medo, outros sonhando com a ilusão de que ele vai mexer na sua meia pendurada na janela, descendo de sua charrete puxada de renas (ainda tem disso?). E o povo gastando e os lojistas ficando mais ricos? E o aniversário de nascimento de Jesus cristo? Onde ficou? Ninguém nem toma consciência. Assim revelados, homens e mulheres podem esperar de si próprios uma felicidade incomum para todos os anos novos que desabrocharem a cada primeiro de janeiro do nosso calendário. Por isso, lembro-me de Bernard Shaw, pelo seu personagem principal em “Pigmalião” (My Fair Lady), num texto compulsivo evidenciando a soberba como a derrocada do homem que se diz comum por viver só. É usual que se pense no sucesso futuro de 12 meses adiante pela vertente que vira, mas discutível num universo naturalmente bem melhor. E todos almejam paz, saúde e dinheiro, como se fosse a unificação de um coletivo otimista do que se passará dali em diante. Ora, sem saúde, pra que dinheiro? Sem paz, pra que sucesso? Sozinho, pra que tudo isso junto? Essa sintonia nos votos de um “Feliz Ano Novo” geralmente é uma forma educada de se cumprimentar amigos, com, às vezes, uma leve pitada de falsidade intrínseca, não proposital. Pois no afã festivo de mais um “réveillon”, todo mundo se esquece do sentido real da felicidade que se guarda para frente. Ninguém pensa no que fez no ano velho. Nunca analisa o que fez de bem ou mal a outros. Por acaso se lembram se foram corretos consigo mesmos, com amigos e familiares? Ninguém faz um balanço silente e honesto de sua conduta moral e profissional. O sentimento já está longe e acabou mais um ano. Agora é o que vem em vante – o que importa. O regalório de vinhos, uísques e espumantes no conforto de uma noite de pirotecnia, não é o bastante para uma noite como se fosse a última de suas vidas... Não estou querendo ser o feitor do sinergismo – um mero protesto que se tornou doutrina, pela qual a salvação do homem se alcança mediante a colaboração da graça divina com a vontade humana. Decididamente não. Nas beiradas do fim de 2011, gostaria de cumprimentar todos aqueles meus leitores pelo ano velho e ensejar boas reflexões a partir de 2012. Repetindo Shaw, eu sou um homem bem comum, que desejaria nada mais que ser igual aos demais; viver a vida em doce paz, vivendo o sol (e a chuva) que me apraz. Um homem feliz, sem mais complicações nem agonias, interpelações, trânsito, burrices diversas e, óbvio, o estresse, e fazendo as coisas que me agradam mais. Eu sei que não deveria ter sido o que eu fui – lamento para mim. Saudáveis, sejamos ricos. Comuns, sejamos felizes, pelo menos.
A IRRITAÇÃO DE FINAL DE ANO
Lucivânio Jatobá
(Crônica dedicada aos que fazem as listas POETASINDEPENDENTES e MUSICASEMFRONTEIRA/ 20/12/2011)
Muitas coisas me fazem mal no período natalino e de final de ano.
A primeira delas é ter que aguentar pessoas fantasiadas de Papai Noel em todos os quadrantes da cidade. Fica todo mundo igual, numa mesmice comovente. O atendente da padaria, o frentista do posto de gasolina, a moça que marca consulta para o médico, o balconista da farmácia e até a responsável pela limpeza do meu apartamento... todos com aquela "farda" ridícula e aquele boné esdrúxulo, avermelhado, que despenca para um lado da cabeça.
Mas não pára aí. De súbito, em tudo que é esquina um som de harpa com jingle bells. Musiquinha chata e que nada tem a ver com nossa cultura. Tenho que ouvir essa harpa incessante.E inevitavelmente exumo meus fantasmas de infãncia, que surgem aos montes. Até meus vizinhos,que nem conheço, resolvem , num coro uníssono, colocar o tal Jingle bells. Meu cérebro entra em exaustão.Imagens futuras,atuais e pretéritas misturam-se num caldinho de sabor amrgo e triste. Dá uma vontade de sumir ou encher os ouvidos de algodão, deitar na rede e ler a Náusea de Sartre, até passar a Festa.
De repente, por uma imposição do uma coisa escondida do inconsciente, resolvo visitar amigos na Noite de Natal, repetindo um ritual arcaico. Na casa de todos a mesma cena: meninos correndo de um lado para o outro em tornod e uma mesa enfeitadíssima. Pessoas mais idosas sendo falsamente reverenciadas. Uma árvore conífera, típica de ambientes muito frios, em que precipita-se neve por três a quatro meses seguidos, adornada com flocos de algodão, para lembrar uma neve impossível de cair por essas terras tropicais. Examino atentamente o ambiente, e me sinto estranho. Estranhíssimo. Tenho que disfarçar uma alegria que há muito já partiu de dentro de mim. A vontade e dar boa noite e adormecer em casa, solitariamente.
Mas, ainda, não pára aí, caros leitores. Há coisa pior.Muito pior. Existe uma frase que me causa profunda mal-estar, e que é que mais me chega aos ouvidos nos tempos natalinos. Evito ir para certos lugares com esperança de , assim, não ouví-la: "Doutor, cadê as minhas festas?" ( Tenho vontade de perguntar: você perdeu suas festas?; calo-me e escuto a ladainha) Dizem essa frase: o porteiro do prédio, o entregador de jornal, o homem que me vende cuscus de madrugada, uma "tuia" de flanelinhas que me enchem o saco o ano inteiro no estacionamento do local onde trabalho, o garçom que me atende mal num restaurante pé-de-escada, onde almoço quase diariamente, o carteiro, vejam só, o carteiro, o gari da limpeza pública... Uma multidão, na verdade. E aí parte considerável do meu 13º salário vai para alimentar essa gente oportunista. Não tenho o direito dela, não posso nem tenho a quem pedir "minhas festas". Viro um Papai Noel dos adultos... Sou castigado!
Fico em contagem regressiva. Nove, sete, seis... louco que chegue o dia 2 de janeiro para que essa irritação natalina me abandone e eu possa seguir, com um pouquinho de calma, a vida. Mas, ainda, antes do tal "rompimento de ano", tem aquela "retrospectiva do ano".Os olhos do povo brasileiro convergem para a telinha. E eu sou forçado a ver na televisão um rosário de tragédias que aconteceram. Parece que o espírito sádico baixa na televisão brasileira e encarna no caráter masoquista da nossa gente. E quanto mais tragédia no ano que está morrendo aconteceu, "mais melhor"- diria um certo líder- para as pessoas.E tome tragédias tão conhecidas: tsunami ali, movimento de massa nos morros acolá, enchente em tal região, avião que explodiu, atentado fundamentalista no Oriente Médio, corrupção semanal no país... Ave!
Por último, outra musiquinha repetitiva, uma valsinha que me enche a paciência e´cantada na última noite do ano, como se fosse um lançamento musical: " Adeus, ano velho/ Feliz Ano!/Que tudo se realize no ano que vai nascer/ muito dinheiro no bolso/ saúde para dar e vender."
Antes do rompimento ano, a alegria, o excesso de bebidas, a falsa alegria. Meia Noite, a Rede Globo anuncia 3, 2, 1...!! Pipocar de fogos em todo canto. Espetáculo de luzes no céu. Taças com champanhe são erguidas. Brindes são feitos. Beijos são dados. Abraços apertados podem ser observados e gritos Feliz Ano Novo!
Dos meus olhos as lágrimas descem.O espírito de final de ano baixou em mim também. Inevitável. Passei mais um ano vivo! Apenas isso!
Feliz Natal e feliz Ano Novo para vocês!
Lucivânio Jatobá
(Crônica dedicada aos que fazem as listas POETASINDEPENDENTES e MUSICASEMFRONTEIRA/ 20/12/2011)
Muitas coisas me fazem mal no período natalino e de final de ano.
A primeira delas é ter que aguentar pessoas fantasiadas de Papai Noel em todos os quadrantes da cidade. Fica todo mundo igual, numa mesmice comovente. O atendente da padaria, o frentista do posto de gasolina, a moça que marca consulta para o médico, o balconista da farmácia e até a responsável pela limpeza do meu apartamento... todos com aquela "farda" ridícula e aquele boné esdrúxulo, avermelhado, que despenca para um lado da cabeça.
Mas não pára aí. De súbito, em tudo que é esquina um som de harpa com jingle bells. Musiquinha chata e que nada tem a ver com nossa cultura. Tenho que ouvir essa harpa incessante.E inevitavelmente exumo meus fantasmas de infãncia, que surgem aos montes. Até meus vizinhos,que nem conheço, resolvem , num coro uníssono, colocar o tal Jingle bells. Meu cérebro entra em exaustão.Imagens futuras,atuais e pretéritas misturam-se num caldinho de sabor amrgo e triste. Dá uma vontade de sumir ou encher os ouvidos de algodão, deitar na rede e ler a Náusea de Sartre, até passar a Festa.
De repente, por uma imposição do uma coisa escondida do inconsciente, resolvo visitar amigos na Noite de Natal, repetindo um ritual arcaico. Na casa de todos a mesma cena: meninos correndo de um lado para o outro em tornod e uma mesa enfeitadíssima. Pessoas mais idosas sendo falsamente reverenciadas. Uma árvore conífera, típica de ambientes muito frios, em que precipita-se neve por três a quatro meses seguidos, adornada com flocos de algodão, para lembrar uma neve impossível de cair por essas terras tropicais. Examino atentamente o ambiente, e me sinto estranho. Estranhíssimo. Tenho que disfarçar uma alegria que há muito já partiu de dentro de mim. A vontade e dar boa noite e adormecer em casa, solitariamente.
Mas, ainda, não pára aí, caros leitores. Há coisa pior.Muito pior. Existe uma frase que me causa profunda mal-estar, e que é que mais me chega aos ouvidos nos tempos natalinos. Evito ir para certos lugares com esperança de , assim, não ouví-la: "Doutor, cadê as minhas festas?" ( Tenho vontade de perguntar: você perdeu suas festas?; calo-me e escuto a ladainha) Dizem essa frase: o porteiro do prédio, o entregador de jornal, o homem que me vende cuscus de madrugada, uma "tuia" de flanelinhas que me enchem o saco o ano inteiro no estacionamento do local onde trabalho, o garçom que me atende mal num restaurante pé-de-escada, onde almoço quase diariamente, o carteiro, vejam só, o carteiro, o gari da limpeza pública... Uma multidão, na verdade. E aí parte considerável do meu 13º salário vai para alimentar essa gente oportunista. Não tenho o direito dela, não posso nem tenho a quem pedir "minhas festas". Viro um Papai Noel dos adultos... Sou castigado!
Fico em contagem regressiva. Nove, sete, seis... louco que chegue o dia 2 de janeiro para que essa irritação natalina me abandone e eu possa seguir, com um pouquinho de calma, a vida. Mas, ainda, antes do tal "rompimento de ano", tem aquela "retrospectiva do ano".Os olhos do povo brasileiro convergem para a telinha. E eu sou forçado a ver na televisão um rosário de tragédias que aconteceram. Parece que o espírito sádico baixa na televisão brasileira e encarna no caráter masoquista da nossa gente. E quanto mais tragédia no ano que está morrendo aconteceu, "mais melhor"- diria um certo líder- para as pessoas.E tome tragédias tão conhecidas: tsunami ali, movimento de massa nos morros acolá, enchente em tal região, avião que explodiu, atentado fundamentalista no Oriente Médio, corrupção semanal no país... Ave!
Por último, outra musiquinha repetitiva, uma valsinha que me enche a paciência e´cantada na última noite do ano, como se fosse um lançamento musical: " Adeus, ano velho/ Feliz Ano!/Que tudo se realize no ano que vai nascer/ muito dinheiro no bolso/ saúde para dar e vender."
Antes do rompimento ano, a alegria, o excesso de bebidas, a falsa alegria. Meia Noite, a Rede Globo anuncia 3, 2, 1...!! Pipocar de fogos em todo canto. Espetáculo de luzes no céu. Taças com champanhe são erguidas. Brindes são feitos. Beijos são dados. Abraços apertados podem ser observados e gritos Feliz Ano Novo!
Dos meus olhos as lágrimas descem.O espírito de final de ano baixou em mim também. Inevitável. Passei mais um ano vivo! Apenas isso!
Feliz Natal e feliz Ano Novo para vocês!
UMA HISTÓRIA DE NATAL E DE AMOR
Meu São José, dai-me licença
Para o pastoril dançar
Viemos, para adorar
Jesus nasceu para nos salvar
Depois de três anos de muito estudo, privação e ralação, finalmente Luciano terminou o curso da Escola Preparatória de Cadetes da Aeronáutica em Barbacena. Seu destino era a Academia da Força Aérea, onde se formaria oficial da Aeronáutica. Naquele ano aconteceu na Escola uma “Maratona de Matemática”. Luciano, bom na matéria, tirou 1º lugar. Ganhou uma passagem à Europa pela PANAIR.
Ao chegar a Maceió, orgulhoso, ele mostrava a todos seu prêmio, a passagem, sonhada e suada viagem à Europa.
Entretanto, queria mesmo era curtir as férias, programas simples como são as coisas boas da vida. Luciano acordava cedo, vestia um velho calção de banho, descia à praia da Avenida da Paz. Jogar futebol, nadar, namorar Tereza. À noite, geralmente saía com amigos, um bordejo pelos bares da cidade, terminava na boemia de Jaraguá.
Certa tarde levou a namorada ao Cine São Luiz. Assistiram, “Suplício de uma Saudade”, Tereza chorou, ele também. Ao sair do cinema, de mãos dadas, passearam apreciando as vitrines natalinas das lojas. A Brasileira, A Radiante, Livraria Ramalho. Na bem ornamentada Joalheria Machado destacava-se uma bonita tiara. Entraram na joalheria. Luciano colocou a tiara na cabeça de Tereza. Emocionou-se com a beleza da namorada, parecia uma rainha. Ao ver o preço, o sonho acabou. Muito caro para dois jovens ainda dependentes dos pais. A tiara foi catalogada nos sonhos impossíveis.
Na véspera de Natal a moçada convergia às festas na Praça da Faculdade ou Praça Sinimbu. Luciano amava o colorido folclore nordestino, pastoril, chegança, guerreiro, reisado, coco de roda. Perto da meia-noite cada qual retornava à sua casa, distribuição e troca de presentes. Depois da ceia de Natal, as famílias vizinhas se reuniam na missa do coreto da Avenida.
Luciano emocionou-se quando Tereza apareceu. Estava belíssima, deslumbrante, cabelos longos, sorriso apaixonado. Ele aproximou-se, deu-lhe um beijo terno, entregou-lhe o presente de Natal.
A namorada desembrulhou o papel, apareceu uma linda caixa de veludo azul, abriu-a. Tereza emudeceu, balbuciou alguma coisa incompreensível, a emoção lhe deixou atônita ao ver a cintilante, belíssima tiara. Colocou-a de imediato na cabeça. A mais bela princesa do Natal. Ela soube pela cunhada, seu amado vendeu a preciosa passagem para Europa e comprou o impossível presente. Tereza beijou-o com muito carinho, feliz, radiosa. Mostrava a todos sua belíssima tiara, era aquela felicidade própria das mulheres que se sentem amadas com loucuras de amor.
Depois da missa ficaram juntos num banco da Avenida, beijos e carinhos excitantes. Eram três horas da manhã quando Tereza convidou Luciano a um passeio na praia. Queria curtir as estrelas naquela noite escura de lua nova. Ao chegar à areia branca, sentaram-se, deitaram-se, abraçaram-se, beijaram-se. Luciano sentiu os lábios na orelha e escutou a mais bela declaração de amor:
“- Eu lhe amo mais que tudo nesse mundo. Passei a semana escolhendo um presente para você nesse Natal. Foi difícil, tudo que imaginava você merecia mais. Na hora de dormir, eu ficava matutando, escolhendo o melhor presente. Pensei, refleti. Resolvi então lhe dar o que mais tenho de importante na vida: eu mesma. Nesse Natal meu presente é meu corpo, meu sangue, meu amor. Sei que você me ama me respeita, mas também é tarado por mim. Pois meu presente sou eu, minha virgindade, minha vida. Quero ser sua, quero que me possua...”
Abraçaram-se na areia branca. Muitos carinhos, desejos cheios de ternura. O vento levou os gemidos em direção ao mar. Apenas Yemanjá, os botos, as carapebas e tainhas ouviram os gritos de dor e de gozo de uma rainha de tiara prateada.
Ainda estavam deitados, dormindo enlaçados, quando o Sol apareceu despertando-os. Parecia uma cabeça vermelha de criança nascendo no horizonte. As nuvens brancas tornaram-se laranjas-avermelhadas e o mar tremeluziu dourado. Os namorados se levantaram. Abraçados, descalços, sapatos entre os dedos, caminharam felizes. Atravessaram a rua, despediram-se com beijos e juras de amor, cada qual entrou em sua casa.
A luminosa manhã alumiou a praia, destacou a marca vermelha do amor na areia branca. Era sangue e areia; sangue encarnado impregnado na areia alva e morna. Uma bonita manhã surgiu; testemunha de uma bela história de amor. Uma História de Natal.
-
Nenhum comentário:
Postar um comentário