domingo, 12 de fevereiro de 2012

05-12 DIVULGANDO POETAS DEL MUNDO

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05-12 DIVULGANDO POETAS DEL MUNDO
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SOBRE OS TRILHOS DA ILUSÃO, PASSA-SE SOLIDÃO...

(Maria Barros)

Irresoluta, a aldraba fria cai!
E a porta fecha atrás de tantos sonhos!
Sonho em sonho que a vida já retrai
Se a solidão já os fazem tão tristonhos!

Uma chuva desaba, anteporal...
Completava assim, o cenário vil!
E vai surgindo em meio ao forte brumal
Um triste perfil d’um ser feminil!

Na deserta estação espera em vão
Que sobre o trilho passe a ilusão!
Mas, nada passa além das longas horas...

Que vão passando com suas demoras
Que vão passando sem ter atenção...
...e passa a ilusão no seu coração!
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"REGRESSÃO"
Autor: gal braga


Comentários de Gal Braga:
Essa poesia me toca, fiz num momento de solidão, de medo.
Espero que gostem, comentem,
Bjxs na alma
GalBraga (sh@nti)




Visite:
http://www.recantodasletras.com.br/visualizar.php?idt=1311267
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Carissimos confrades e participantes,
No link abaixo, vejam o resultado do "Concurso Apala 30 Anos"
Benedita Azevedo - Presidente
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Neida Rocha recebeu  indicacao do Diploma "Melhores da Cultura 2011" (Boletim On-line Guerrilheiros da Cultura).

Dia: 08-fev (quarta-feira) - 19hs - Local: Sala C2 - Casa Cultura Mario Quintana - Apoio: ALAPOA 
    
MELHOR LIVRO COLETÃNEA
Nesta categoria tivemos um empate: Joaquim Moncks e Amigos e Autores Gauchos 2011, que congregaram novos autores e outros mais experientes, mas todos com a mesma premissa de enriquecer a literatura e divulgar seus textos a todas as camadas da sociedade.


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QUERO AMAR DE NOVO


Dos amores
Que tive na vida... Poucos
Uns poucos mesmo, talvez dois
Ou três foram realmente especiais!


De todos, existiu um de sentimentos
Enormes... Sofrimentos ainda maiores
Por vezes, de saudade outras por total
E absurda vontade de querer cada vez mais!


Alguns amores
Passaram por mim, despercebidos
Não deixaram mágoas
Nem marcas
Enquanto outros feriram
Marcaram com ferro em brasa
Tornaram-se inesquecíveis!


Quero um amor assim, outra vez!


Quero voltar a desejar
Sofrer de saudade
Sentir-me vivo pulsante, latejante
De uma forma doída, de uma forma
Prazerosa... Quero sentir todo rebuliço
Da vida, aproveitar cada instante
De uma cumplicidade irrestrita
Fervorosa... Infinita!


Quero... Ah, como eu quero!
Que este amor me deixe
Novamente louco, abobalhado
Insano só um pouco.
E que por assim, tão diferente
Faça-me feliz de novo.


Paulo César Coelho
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SOLIDÃOClóvis Campêlo

Definitivamente perdido
entre o escuro da imensidão
e feixes fugidios de luz,
entre o azul terrestre e
o vermelho marciano,
entre as luas de Saturno
e o brilho dos
teus olhos,
entendi que a solidão
é o desencontro da raça
e o encontro do ser.
Haverá um momento
em que só teremos
a nós mesmos
para decifrar os
mistérios do mundo
e de nada valerá a
ilusão da consciência
coletiva.

Recife, 2010
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La invito a visitar la revista que dirijo y a intercambiar ENLACES (LINKS) y a inscribirse como LECTORA en REALIDADES Y FICCIONES, si le parece.
Un fuerte abrazo.


Héctor Zabala
Director de revista REALIDADES Y FICCIONES
Ciudad de Buenos Aires, Argentina
zab_he@hotmail.com

REALIDADES Y FICCIONES - Revista literaria  (ISSN 2250-4281)
SUPLEMENTO DE REALIDADES Y FICCIONES (ISSN 2250-5385)

LITERATURA Y ALGO MÁS… (IBSN 2250-17-06-46)
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A PAZ EM PAUTA

Em meu interno desalento.


É a cor do sangue que antevejo.


E pauta liberdade ao coração.



Viviane Ramos
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Compartilhem espalhem a verdade, vejam todos os vídeos, a grande mídia mais uma vez manipula as notícias.....

--
Abraços Carlos Senna Jr
Jornalista MTB JP32.447/RJ
Cônsul Poetas del Mundo de Duque de Caxias
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I Certamen de Relatos “Esta noche te cuento”
21 de marzo de 2012


1. Podrán optar a este Premio las
obras originales e inéditas, escritas en lengua
castellana, que no hayan sido premiadas en otros
certámenes. Se admitirá un máximo de 3 relatos por autor.


2. La finalidad del certamen es la
edición de 20 relatos seleccionados para
utilizarla como lectura y promoción entre los
alojados de los alojamientos rurales de Sendero
del Agua (San Vicente del Monte) y Molino de
Bonaco (San Vicente de la Barquera) en Cantabria (España).


3. Por ser un elemento común a ambos
alojamientos, esta primera convocatoria de 2012
tendrá como tema y condición cualquier elemento o
ambientación cercano al BOSQUE.


4. Los RELATOS deberán tener un tamaño
máximo de 200 palabras y serán enviados antes del
21 de marzo de 2012 a los organizadores a través
del correo electrónico
estanochetecuento@gmail.com o mediante el
formulario que aparece en la parte inferior del
blog http://estanochetecuento.blogspot.com./


5. Los datos que acompañen al relato
incluirán obligatoriamente nombre, seudónimo,
mail, teléfono de contacto. Para evitar el uso de
identificativos reconocibles, el seudónimo tendrá
que ser un elemento del bosque (arce, búho,
zorro, orilla, hiedra....); si no apareciera o
fuera distinto, los organizadores le adjudicarán
uno. En caso de repetición se añadirá un numero
de orden (hiedra1, hiedra2, hiedra3...)


6. El blog “Esta noche te cuento”
servirá para mostrar todos los relatos recibidos,
mediante la presentación de su título, seudónimo y relato.


7. Los organizadores seleccionarán un
Jurado que consideren cualificado para realizar
la selección de los finalistas y ganadores. El
fallo del jurado será inapelable, quedando éste y
los organizadores facultados para resolver
cualquier otra incidencia que pudiera producirse
y que no esté contemplada en las bases.


8. El premio para los finalistas
seleccionados consiste en la publicación de los
relatos, de cuya edición recibirán 3 ejemplares,
y en un bono de descuento para nuestros
alojamientos del 10%. Habrá un relato
seleccionado Primer Premio Sendero del Agua al
que le corresponderá un bono para 2 noches de
alojamiento en sus apartamentos. Así mismo habrá
un relato seleccionado como Primer Premio Molino
de Bonaco al que le corresponderá un bono para 2
noches de alojamiento en sus apartamentos.


9. El fallo del Jurado será anunciado
en la última semana de marzo de 2012 a través del
blog http://estanochetecuento.blogspot.com/ y por
email a los autores seleccionados.


10. La participación en este Certamen
supone la aceptación de estas bases.


Mayor información: E-mail:
estanochetecuento@gmail.com • Web: http://estanochetecuento.blogspot.com/
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A paz em pauta, que pausa,


A paz que necessito


A paz que necessito

No exato instante no não!

Anuncia a guerra que desejo,

É pautada em meu silêncio,

Na fúria que enfim, desata

É trombeta soando ao ouvido,

Nos sonhos que abrevio,

e com irmãos e  irmãos Tudo passa

Tudo passa,
Tudo  vai,
Tudo acaba.
Tudo some.
Tudo se transforma.

Mas não nossa força evoluir,
de ir adiante, de buscar lugares melhores
na vida.
Com amor,
com persistência,
com vontade,
com fé,
com esforço.
Nosso futuro pode
ser promissor, emissor, efetor,
de bondade,
de trabalho,
de fraternidade.
Com amizade transformamos
convivências;
com afeto transformamos um relacionamento;
com amor transformamos a vida,
nossa e dos outros;
 com fraternidade fazemos irmãos,

formamos uma família,
e  nesta
seremos todos iguais;
e com a igualdade  não se tem
mais diferenças e  o mundo
se torna equilibrado,
 equânime,
e igualhado.
Aí, nossa fagulhas divinas se somam
e o fogo de Deus está.
Seremos mais nós.

}}luizcarloslemefranco{{
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                      Chegada do plenilúnio

                          Com que talento
                          estás a esmiuçar
                          as fendas dos fatos
                          tais que marcam faces
                          desatam lamentos e choros
                          ainda o plenilúnio não chegara?

                          Tens, é verdade,
                          somente um naco da raça
                          o espírito que escorraça
                          e à mão traz a prosa atada
                          como vergonha anunciada
                          embora queiras ser rei!

                          Se a ti tu machucas
                          só tu sabes porque o intentas
                          e combinas o sentimento que ostentas
                          às fugazes manhas do destino
                          porém, queres te mostrar severo
                          para evitar que mal algum te façam.

                          Talvez um tempo de parcimônia
                          eleve às alturas a tua estima
                          de sorte a te fazer olvidar a angústia
                          suportar também a alheia conquista
                          revelada nos versos compreensivos
                          que pacificam velhas dores.
                                      Daladier Carlos
                                    06 fevereiro, 2012
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                                     O que vejo, afinal


                                  Preciso enxergar
                                  Os mínimos detalhes,
                                  As fímbrias do desejo,
                                  O que fixa o meu olhar
                                  Além da imagem fria
                                  Do que vejo sem alma.


                                  Estes versos separados
                                  Não viajarão pelo mundo
                                  Nem apresentarão
                                  Qualquer poema com primazia,
                                  Como se o início das coisas
                                  Se desse num palco aberto.


                                  Quem diz a mim o que há
                                  Por detrás das mensagens
                                  Gravadas nos painéis de figuras,
                                  Imensas, pintadas à mão,
                                  Para parecerem eternas
                                  Enquanto tudo acontece?


                                  O que sei é muito pouco
                                  Para me fazer sorrir
                                  Das promessas anunciadas
                                  Nos dias de sol quente,
                                  Ainda que o texto solitário
                                  Advirta-me que estou sonhando.
                                              Daladier Carlos
                                            10 fevereiro, 2012
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Pelos botecos da vida
             Carlos Lúcio Gontijo

       Recebemos centenas de e-mails diariamente propagando-nos uma ira desmedida contra tudo e contra todos, jogando as opiniões na vala rasa da partidarização. Ou seja, tudo se resume no posicionamento favorável ou desfavorável ao governo, enquanto temos uma realidade pouco focada pelos articulistas, que é o fato de a gente brasileira, independentemente de atos burocráticos governamentais, estar seguindo em frente, tanto assim que há um sem número de negócios informais que não se deixa atrair pelas propostas de legalização feitas pelo governo, uma vez que tem absoluta certeza de que será beneficiado com uma mão e castigado com a outra, como sempre costuma acontecer com toda e qualquer administração pública, onde a sanha arrecadatória acompanha os crescentes gastos da voraz máquina gestora.
       Pelos botecos da vida ouço frequentes demonstrações de algum avanço na mobilidade social. São operários, pedreiros e faxineiras que vão de moto ou carro próprio para o trabalho, que são donos das casas em que moram, têm filhos cursando ensino profissionalizante, técnico ou até faculdade. Já andam de avião, provando que o medo de voar era, na maioria das vezes, desculpa de quem não contava com recurso disponível para arcar com o alto preço da passagem aérea.
       Há violência a ser combatida, muita desigualdade social, a esperada implantação de uma educação democratizada de mais qualidade e muitos problemas no atendimento médico-hospitalar público, mas não é só isso. Nem tanto ao mar nem tanto ao céu, nos ensina velho adágio popular. O tempo cuidou de fortificar a ideia de que, ao contrário do que proclamava a filosofia neoliberal – um dia prazerosamente acolhida pela elite dirigente brasileira –, não há como o Estado deixar de se prover de instrumentos capazes de proteger as camadas mais pobres da população, estacionadas na chamada linha de miséria constatado em todas as nações, mesmo nas apontadas como desenvolvidas. Talvez como subproduto derivado do próprio funcionamento da engrenagem capitalista que, por ser movida a competição, termina por descartar os cidadãos menos competitivos, geralmente os desprovidos de grau de educação compatível com as exigências de uma produção baseada em estrutura altamente informatizada.
       Assistimos com preocupação a visão atávica da sociedade brasileira no tocante aos escândalos em torno do mau uso do dinheiro público, que é muitas vezes consumido em casos escabrosos de corrupção, em que mesmo quando os protagonistas do escândalo são descobertos acabam levando vantagem, pois raramente a totalidade do dinheiro surrupiado retorna aos cofres públicos.  Ou seja, faltam leis mais severas e que desfaçam o sentimento de que o crime compensa.
       Por fim, recomendamos aos que se entregam amorfos às telas de tevê ou às páginas das revistas semanais a atitude de sair às ruas e manter contato com a realidade promissora de um Brasil que está acima do imbróglio político-partidário e da luta ferrenha por cargos, recursos e verbas, que é travada no ambiente refrigerado em que vivem as elites dirigentes, que turvam as águas para fingir profundidade e que disseminam o mais completo caos, cientes de que a balbúrdia é o melhor pano de fundo para tramar seus desmandos e falcatruas, constantemente anunciados como tempo novo, mas para os mesmos de sempre, que se sentem donos até dos horizontes e do sol nosso de cada dia.
       Carlos Lúcio Gontijo
       Poeta, escritor e jornalista
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Sótano.
Delasnieve Daspet – 18 de outubro de 2006.
En mi  sótão interior acumulo las cosas de la vida,
Virtudes, afectos, disgustos...
Situaciones  embarulladas por el  tiempo.
En la vida tenemos tantas partidas y llegadas.
Tenemos idas y venidas,
Lo que para unos es llegada para otro es partida...
Con eso guardamos tantos quereres!
No consigo deshacerme de las cosas innecesarias,
En la amagura, descubro,  que en el dolor
Se acumulan las tristezas!
Y creamos crostas.
Crostas de secura y de impaciencia...
Tengo de asumir las culpas?!
No soy culpada de nada,
Por las calles no busqué facilidades,
En la dureza  -  me torno seca... YO!
Tradução: Betty-Betina
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Prezado Leitor,


Iniciando um novo ano, a Revista Diversos Afins segue firme nas veredas da arte e da literatura. Em meio aos destaques de agora, estão:
- os versos de Rui Tinoco, Helenice Rocha, Lalo Arias, Geraldo Lavigne e Inês Lourenço
- olhares especiais sobre o homem amazônico na perspectiva do fotógrafo Jimmy Christian
- uma entrevista com a escritora baiana Lita Passos
- dedos de prosa na verve contista de Tere Tavares e Lara Amaral
- o convite de Floriano Martins à leitura do novo livro de poemas de Viviane de Santana Paulo
Muito mais em:


www.diversos-afins.blogspot.comFabrício Brandão & Leila Andrade – LEVEIROS
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Oxalá Bahia
     Mais do que uma folha salarial em questão governamental. Mais do que uma greve estadual diante da legitimada Constituição Federal. A mesma promessa de melhoria institucional sepultada em palanque eleitoral. A mesma Bahia de um Porto Seguro. Outras tardes em Itapuã. Outros Jorges mais do que o Amado em letras vivas de uma mesma história. O mesmo Senhor do Bonfim em Graça e Glória.
     Oxalá, enquanto o mediador das contendas que se repetem pelo Brasil republicano de fato e de direito. Oxalá, enquanto o pai do sujeito simples, do filho oculto e do menor abandonado. Oxalá, enquanto o juiz imparcial do inocente e do culpado. Oxalá, enquanto fiscal dos parlamentos movediços além de uma areia. Oxalá, enquanto esperança dos eleitores que acreditaram e acreditam no canto da mesma sereia. Oxalá, enquanto patrono de uma mesma tropicália em verso e canção. Oxalá, protetor do reinado de um mesmo momo carnavalesco em bis e refrão.
      Oxalá Bahia da abelha rainha Maria Bethânia. Oxalá Bahia do ex ministro Gilberto Gil. Oxalá Bahia de Xique-Xique a Anagé. Oxalá Bahia de Castro Alves e Cícero Dantas. Oxalá Bahia de Lafaite Coutinho e do pelourinho. Oxalá Bahia de Firmino Alves e Juazeiro. Oxalá Bahia de Jaguaripe e Jurucuçu. Oxalá Bahia de Miguel Calmon e Muniz Ferreira. Oxalá Bahia da pátria brasileira. Oxalá Bahia de Salvador por inteira.
       Vinde a nós cidadãs e cidadãos brasileiros traídos e maltratados pela mesma democracia dita social. Fazei de nós uma só pátria aonde a liberdade não adormeça no berço em nada esplendoroso da força pela força mais do que policial. Avistai a desigualdade plena e irrestrita que atinge diretamente os funcionários públicos nos mais diversos setores administrativos do país sob a mesma égide constitucional.
      Apartai de nós os traidores de uma causa justa e perfeita. Apontai-nos sem delongas quem está com a cama mais do que refeita pelos cofres públicos da nação. Indicai-nos quem está com mais do que a grama pronta para ser o gramado de uma arena esportiva em construção. Afaste de nós tanto a bala perdida quanto a bala disparada em mais de um assalto a mão armada. Livrai-nos igualmente das bombas de gás e das balas de borracha que atestam a ausência de um interlocutor legal nessa contenda deflagrada.
       Oxalá Bahia de Ruy Barbosa em verso despetalado no mesmo roseiral. Oxalá Bahia dos Filhos de Gandi em expressão mais do que cultural. Oxalá Bahia dos trios elétricos em mais de um carnaval. Oxalá Bahia nas Ruas e Rios de Ivete Sangalo. Oxalá Bahia do Araqueto e da Timbalada. Oxalá Bahia do dia, da noite e da madrugada. Oxalá Bahia da greve continuada e quiçá perpetuada entre todos os Estados descontentes. Oxalá Bahia dos indiferentes com a causa da classe trabalhadora. Oxalá Bahia dos ameaçados pela mesma vassoura além de um cabo sem qualquer abada. Oxalá Bahia do axé e do vatapá. Paz social já!
Airton Reis é poeta em Cuiabá-MT. E-mail: airtonreis.poeta@gmail.com
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El nieto
            - ¡Qué bien estás, mujer! ¿Qué haces para tener una figura de dar envidia? Los años no pasan para ti.
            Todos le hacían elogios, salvo algunos vendedores populares, que la llamaban tía,- una manía brasileña - con aires de querer decir vieja tía. Aún no le apodaban abuelita, pero algunos  años más… Seguro que Dolores no aparentaba los sesenta y siete años. No era delgada ni gorda, tenía una esbeltez cultivada por la gimnasia desde los quince años, por lo menos.
Mujer dicha moderna, intentaba seguir las reglas de la moda, sin miedo de parecer ridícula. A veces, usaba la falda arriba de la rodilla, portaba la blusa apretada marcándole los senos y la cintura, una moda para las chicas jóvenes en el año 2010, que las mayores no debían adoptar. Salvo cuando conservan un cuerpo perfecto, lo que es casi imposible para la mayoría de las brasileñas, adeptas de los frijoles con arroz.
            Su pesadilla, la edad. Pensaba en las cosas excitantes que el cuerpo y las costumbres le prohibían, y se angustiaba. Hasta los cuarenta y pico, era posible tener fantasías de fiestas monumentales, trajes nuevos en todo momento, miles de amigos, novios y, en seguida, un marido siempre compañero de juerga.
            Hijos criados, marido muerto, la amenaza de la soledad le manchaba la vida, enflaqueciéndole las ganas de experimentar todas las sensaciones. Pasito a paso, la depresión envolvía su alma, su cuerpo empezaba la marcha inexorable al encogimiento, produciéndole una curvatura de espaldas.
            Siempre había evitado mirarse al espejo, pues el temor de la verdad la asombraba. Desviaba el rostro o se daba un vistazo. Jubilada, tenía tiempo libre para largas miradas. Seguro que no era su propio rostro lo que le exhibía el reflejo: lleno de arrugas, sobre todo, las clásicas alrededor de los ojos y de la boca; la piel flácida en el cuello; el pelo oscuro rareándose en la cabeza, las canas obstinándose en salir en la raíz… La “tercera edad”, como se dice en nuestro país,  llegara para jamás irse.
Así que el nieto ha concentrado sus esperanzas de una existencia sin atropellos, de retorno a las carcajadas y no, de emociones masacradas por el destino. No le interesaban los demás, aunque fueran personas de apelo evidente. Deseaba el calor del bebe, desde el instante en que lo había visto.
            Le encantaba verlo sonreír, mientras ella le hacía muecas graciosas, le hacía bromas o se reía con él. Orgullo de ser la primera persona a recibir su sonrisa. Después, a los nueve, diez meses, los primeros pasitos: Dolores estaba allí para darle confianza, hacerlo sentirse capaz. ¡Como le gustaba el baño de la tarde! Un momento mágico de alegría y confusión, vivido por los dos.
            El nieto le garantizaba una vida sin problemas porque ella los echara a la basura, excepto los días en que no estaba cerca del niño. Pero lo esperaba con la certeza de que volvería a sus brazos. La madre trabajaba fuera de casa, necesitaba una abuela libre de compromisos, para cuidar de su hijo en su ausencia. ¡Qué maravilla!
            Los feriados y fines de semana eran un poco más tristes: los padres deseaban la presencia del niño y ella tenía que vivir de los preparativos para recibirlo a la semana siguiente. Además, ¡qué mierda! era obligada a disputarlo con la abuela materna, señora en situación semejante de edad, pero con el marido vivo. A veces, sentía ganas de matarla, se lo confesaba a las amigas  por teléfono – porque se acostumbrara a hablarles al teléfono, por supuesto.
-¡Figúrate! Pasarán como tres días sin tenerlo para mí. Esa mujer es terrible: vive una vida regalada y no nos deja en paz.
Dolores vertía un chorro de palabras a respeto de su angelito, a punto de no oír lo que decían las antiguas amigas. Las nuevas no, porque no las tenía.
-Sin mi nieto, prefiero morir. Su aparición en mi vida me ha conducido por la       ruta de la felicidad casi perdida. Abuela es madre con azúcar, tú sabes.
Una mujer no abdica de los placeres, sino cuando la vejez la llama a la puerta, a los setenta años o más. Entonces, hay que optar, como el poeta Robert Frost, por una de dos carreteras: la vida sin sal, sin expectativas, o la dedicación a alguien que nos torne las transformaciones menos dolorosas. Una labor diferente no es fácil para una vieja, el interés por la caridad, por los pobres no siempre es una vocación, una habilidad especial, pintar, bordar, tejer… no es para todas, por más que sean demasiado calmas para mujeres como Dolores, por ejemplo.
Peor, las señoras más viejas tienen que refrenar los deseos de la carne, expresión de los católicos antiguos, aceptar las limitaciones sociales, ocuparse con otros pensamientos. Ningún hombre, en nuestro mundo occidental, se interesa sexualmente por mujeres de sesenta años o más: prefieren preservar la masculinidad y la vanidad con chicas más jóvenes.
 Es así que tienen que llevar la vida sin rizar el rizo, sin quejas ni exigencias, para no alejar a los demás. Y a esta hora los nietos surgen como regalo de Dios. Vienen en la época cierta, llenando los abuelos de nueva niñez, a los jubilados de quehaceres placenteros. Orgullosos, van por las calles empujando los cochecitos de bebe, sustituyendo a las mamás, sobre todo durante el día, porque a la noche, ellas vuelven a buscar a los hijos.
             Quiero seguir cada  progreso del nieto, las tentativas de sentarse, de caminar, de hablar, dividiéndolo con los padres, a veces, mimándolo en demasía, ¡por qué no!”, pensaba Dolores con entusiasmo.
Su único miedo, el momento en que los padres no confiasen más en sus fuerzas para encargarse de los trabajos. Sí, porque la vejez no se detiene. Un movimiento brusco de la cabeza o de las rodillas y todo se complica. Los doctores empiezan a hacer parte imprescindible del cotidiano, de salidas obligatorias. Si llega la hora de caídas o enfermedades serias, mucho peor. Ella conocía señoras que no se movían de la casa, ni siquiera para visitar a la familia. Y su destino era la silla de ruedas, una acompañante paga, no una amiga verdadera.
 Rezaba día y noche para que su santo preferido le concediese la gracia del acceso al nieto para los años que le faltaban vivir.
La mañana de aquel día funesto llegó con sol fuerte de verano, que no le invadió su lecho vacio de mujer sin ninguna compañía, ni la invitó a irse a la playa. Abrió los ojos lenta y progresivamente.
Miró al techo de su habitación por instantes. No comprendía porqué razón no deseaba empezar la vida cotidiana.  Alguna cosa no estaba en su lugar. ¿Sería el calor? ¿La lámpara que dejara encendida toda la noche? ¿La ventana de madera cerrada sofocándole el aire? ¿La brisa fresca que se olvidara de su ciudad de calor sin cesar? ¿Las nubes amenazadoras de lluvia y tronadas desde las primeras horas de la mañana? ¿El marido que no pasara la noche a su lado? ¿La hija que no quería vivir en una ciudad grande tan difícil? ¿El avance de la criminalidad por todas partes? ¿El amigo enfermo que no se curaba?
Intentó oír los ruidos comunes de la casa: los pasitos de la empleada, el ron-ron-ron de la heladera vieja, el trino de los dos pajaritos de siempre en su ventana, la voz disfrazada de los vecinos…
Se quedó sin moverse. Y, para su desesperación, comprendió todo: era la ausencia del nieto que jamás había tenido. Entonces, lloró.
Maria José Lindgren Alves mlindgren2002@yahoo.com.br
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UM NÓ NA GARGANTA
MARIA CRISTINA CARRASCO (MADRESSILVA) 
Onze horas. Pude ouvir seus passos fortes e determinados na escada, no azul profundo da noite.
O coração em sobressalto e feliz agitava-se descompassado em meu peito oprimido.
Eu era toda esperança!  Um tremor sacudia meu corpo; já não conseguia ordenar os pensamentos. Levantei-me, titubeante, para recebê-lo.
A chave, na fechadura, girou uma, duas vezes... A porta se abriu e seu contorno escuro se recortou na noite cheia de estrelas. Ele voltou! Tantas horas de angústia, de incertezas, de desolamento... Mas ele voltou!
Minha alegria mesclada de medo impediu-me de abraçá-lo; medo do abandono, medo da recriminação, medos pueris, talvez.
Retirou o sobretudo e o chapéu e colocou-os numa cadeira. Remexeu os bolsos, pegou um cartão de visita e o molho de chaves e deixou-os sobre a mesa.
Não olhava para mim! Deixei de existir para ele?                                         
Meu coração fustigado por sua frieza batia cada vez mais forte, um tropel. Seus traços faciais rijos perpetuavam uma expressão de indiferença e, ao mesmo tempo, de revolta.
Então, as lágrimas brotaram quentes e dolorosas de meus olhos aterrados.
Ele entrou no quarto e fechou a porta atrás de si. E eu fiquei imóvel no meio da sala, muda, engolindo os soluços e seu desprezo.
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“PSICODOIDO”
By Carlos Silva


Psicodoido, assim se falava de Walter Camangoni Suller. Psiquiatra pós-graduado numa faculdade conceituada, e respeitada até no exterior, porém, um vivente além da compreensão humana.
Disse que Freud era apenas um estudantezinho, cheio de teorias, que tentava confundir ainda mais, a cabeça das pessoas.
Morava sozinho na sua bela casa no bairro dos jardins, com piscina quadra de esporte e essas frescuras todas que agente sonha possuir.
Era um sujeito gastador e pouco se sabia da sua vida particular, se tinha família ou coisa assim.
Boates, shows caríssimos, era o cara da High society bajulado por muitos e invejado por todos.
Chegou a namorar com as mais belas estrelas de televisão, teatro e cinema. Todos que dele se aproximava era apenas com o intuito de levar vantagens, ser convidado para eventos e coisas desse tipo, além de passar a mão em suas economias, no que ele nem se quer se importava se alguém iria devolver ou não.
Aquele Homem equilibrado lecionava em duas faculdades, e dava cursinhos (caríssimos).  Farto de tudo que o dinheiro lhe proporcionava, começa enveredar pelo vicio maldito das drogas mais pesadas que se podia imaginar. Vira traficante, é preso, condenado, gasta tudo com advogados, fica endividado e só não vende a alma, porque naquele exato momento, ela não valia mais nada. Internado varias vezes, fugia com facilidades das clinicas.
Sua moradia por muito tempo fora em manicômios, remédios, injeções, tratamentos sem muita intenção de recupera-lo, até que de repente, perde de vez o juízo e passa a conviver entre sarjetas e marquises.
Hoje, Walter, é nada mais que um dos moradores de ruas, dividindo com o resto que lhe sobra de vida, pedaço de um corpo arrastando tanta historia que ninguém mais quer parar para ouvi-lo, a não ser os mais recentes amigos de sina, lida e desprezo.
Sua decadência foi comentada por todo o país, mas os amigos de outrora, esses evaporaram como se nunca  tivessem existido.
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                                                 As "duas" desencontradas que admito ser,
Discutem entre si, embora se afinem no fim...
Ambas dão voltas em volta delas mesmas.
A selvagem, minha intuição nata, avisa de longe
À adaptada na "cultura" atual, em forma de sinais
Que muitas vezes finjo não entender, o cáos  que
A violência causa na alma, tropeço, caio, machuco!
Confesso estar cansada e ponho culpa no vivido...
Sinto cheiros, ouço rumores mas digo não ao desespero!
Prefiro manter a esperança acesa no coração em formato
De portal, porta aberta a custa de ferimentos quase fatais!
É que um amor maluco a tudo e todos que me cercam,
Mesmo ao soar distante de tambor das mais antigas memórias,
Ecoa sim no peito mas minhas raízes ligadas à natureza,
Reagem sugando mais seiva, mantendo as "duas" firmes! 
-Marília Bechara-
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Surpresas
Iracema Zanetti

 Quero viver de surpresas 
Ver-te chegar sem fazer ruído
E sem me avisar
Olho para ti sem querer saber
Se és ou não uma linda visão angelical!
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Não necessito crer em mais nada
Além da luz que teu ser me irradia
  Do sorriso que me inspira
Do perfume que me embriaga
Do olhar que me fascina
E da tua voz que me seduz
Serenamente!
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O que mais posso desejar
Ao sentir o calor de nossas mãos
 Entrelaçadas entre os nossos dedos
Antecipando promessas
Na linguagem silenciosa do nosso amor! 
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Teu olhar me promete noites de magia
De paixão e fantasia
Conheces todos os meus desejos
 Por isso a cada dia
Eu te sinto mais e mais apaixonado!
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Sorris para mim com muito carinho
Envolves-me em teus braços
E nos amamos com grande e infinito amor!
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PARA TODO SEMPRE
BADU
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Posso sentir em minhas asas fragilizadas a distância tanta de um céu a se perder. Teimo em querer batê-las cinco ou seis vezes mais, logo atrás do monte me esperam contentos, graças para modelar riso nos lábios.
Sábio senhor da criação vi em uma manhã de turva estampa a liberdade brincar feito descompromissada criança insegura de seus atos na incerteza               aflorando a fé.
Vou rezar no fervor de palavras minhas, quando me ouvir deixe-me aqui que até ao anoitecer que a mágoa termina.
Eu quero buscar na lembrança e viver na certeza que as esfarrapadas vestes da insignificância não furtaram o calor da alma.
Alva luz que não cega no extremo de sua força na retina por olhar de poucos anjos desafiando a tempestade.
Hoje ou mais tardar em um entardecer dos próximos dias vou estar sorrindo exaustivamente não será diferente de outrora, pois me alimentei do farto pão fermentado de fel.
Serei assim, uma canção sem sentido soprada por lábios castos impregnando tudo que o coração cativo portar.
Soltas palavras como ousado vento bagunçado destino menino confiante em suas asas para que assim seja para todo sempre.
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A OUTRA ESTRADA
Sá de Freitas
Por quanto tempo,
Sentirei o perfume do tempo,
Entre os que amo, não sei.
Sei que desejo aspirar
A fragrância de cada segundo,
De cada minuto e de cada hora,
Antes que o dia termine,
Antes que no jardim da vida
As flores murchem,
O vendaval da velhice invada tudo
E o cansaço faça-me parar de contemplá-lo à espera do nada.
Vou caminhando firme
E pelo retrovisor da experiência,
Enxergando aqueles  que antecedi na estrada,
    Tentando sinalizar-lhes o caminho,
Para que não caiam nos lugares que cai.
De onde parti, não me lembro;
Por onde ando, desconheço
E seguirei, um dia,
Para onde nem idéias faço do que será.
Em mim há muitas páginas que ninguém leu;
Há sonhos que ninguém sonhou
E segredos que ninguém desvendará.
Mesmo assim,
Quero dirigir meu veículo-matéria,
Com bastante cautela,
Para não me perder nas curvas do futuro,
Quando atingir a estrada do lado de lá,
Sinalizada por tantas placas de interrogações.
=
Samuel Freitas de Oliveira
Avaré-SP-Brasil
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Há braços - abraços que te esperam!Delasnieve Daspet

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Te esperar é saber que estas chegando...
Te esperar, tornam meus sonhos pleno de significados...
Como é bom esperar quem se ama e se admira.
Esperar é saber que meu coração
Se torna sublime de amor e de felicidade.
Tenho policiado minhas atitudes,
Lutado pelo que acho justo,
Aprimorando tudo o que envolve o sonhado.
Tento  vestir minh´alma
Meu corpo, meu espírito,
Com semblante de paz, serenidade,
Ternura, meiguice, amor e solidariedade,
Me preparando para a tua chegada.
És especial.
Há tanto te espero,
Claudicando na luz e na sombra,
Por todas as sendas.
És especial - tratas a todos com
Os  mesmos recursos, a mesma atenção.
E nos entendes como ninguém
Entenderá jamais!
Enquanto te aguardo,
Vou tentando trabalhar  um mundo mais livre,
Com menos discriminações, menos fome,
Menos miséria, menos doenças, menos traições,
Livre de corruptores do bolso e de almas,
Onde a paz não seja utopia.
Enquanto não chegas - vou  aprendendo
Com as dificuldades dos seres humanos,
Dificuldade de relacionamento, familiar,
De sobrevivência, de dividir e do partilhar.
Te espero - para que nos livre das angústias
Que nos assoberba,
Escravidão,  que não nos dá opção de escolha.
Esperando,  exijo de mim
Uma postura, um respeito pelas diferenças
Que constituem a humanidade.
Te aguardo sem surpresas,
Pois sei que retornas todos os dias,
Não só no Natal....
Minha espera te encontra em cada  olhar.
E na retina de meus  olhos,
- na imensidão do que a alma  alcança  e imagina -
Na terra degradada,  que cede,
Na mata queimada que se  transforma em deserto,
Na água cada vez mais escassa,
Na dor do desamparado,
Sei que não ando sozinha...
Estas comigo e com todos os que
Mergulham na incerteza de um amanha!
Há braços -   abraços  que te esperam!
DD_Campo Grande-30-11-08
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Amigos e amigas,

Tenho o prazer de lhes comunicar que, ao final de janeiro, lançamos nosso livro conjunto O BANCO DA VARANDA.
O evento aconteceu em Caxias do Sul, RS, onde mora Maria de Fátima Freire de Sá, estando previsto o seu lançamento em Dourados, MS, para Abril próximo, dependendo da agenda da mesma.
O BANCO DA VARANDA, de Maria de Fátima Freire de Sá e Adilvo Mazzini, é uma obra em forma de diálogos, que versa sobre assuntos diversos:
“Diante da facilidade do contato, passamos a conversar sobre tudo o que nos cercava. De repente, surgiram perguntas como: será que o pior da morte é o esquecimento? A ausência terrível e absoluta da luz? Será que a escuridão é tudo o que há na morte? Que significado real ou transcendental teria, então, a Luz?” (Maria de Fátima).
 Estar inserido nos contextos da família Freire de Sá é comungar cada momento, é repartir cada instante de dor, é dividir ansiedades, mas também somar reflexões, é registrar posturas diante do insondável mistério da vida e da morte. Desta forma, textos e contratextos se completam, como pontos e contrapontos na música” (Adilvo).
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Que possamos entender o que existe nas entrelinhas da vida.

Dedicado a Juslei Bruno Barreiros

Belvedere Bruno

    Havia a espera. Rito de celebração da vida. Noventa  anos de Henrique Júnior.  Todos  aguardavam com ansiedade as surpresas prometidas pelo excêntrico membro da família. Sentada no sofá, admirava a antiga taça de cristal enquanto sorvia meu vinho branco. Os convidados chegavam sem que o  aniversariante desse o ar da graça. Senti um quê de ansiedade por parte deles, mas permaneci no meu estado de calmaria. Algumas horas depois, ele surgiu para recepcionar  cerca de sessenta pessoas.  Parecia um lorde! Continuei bebericando meu vinho, por sinal, de excelente safra. Aos poucos, a casa parecia pequena para tantos convidados, mas, em se tratando de Henrique, isso era previsível, pois contava com a rua para extensão da festa, como sempre!
    Após algumas taças, percorri toda a casa,  abri uma a uma as portas dos quartos, mexi nos guardados de vovó, bisa e vovô. Não sei como aquele tercinho de bisa ainda resistia! Abri uma sacola de feltro vermelha, amarrada com fita amarela de gorgurão. Havia dezenas de rolos de linhas, sianinhas e  rendas, entre outras coisas. Peguei alguns  trabalhos que vovó não teve paciência para terminar. Eram obras-primas, quase relíquias, mas eu profanei o santuário. De vovô, peguei a caneta  dourada e tentei escrever alguma coisa, porém estava seca, assim como algumas folhas de plantas que vi marcando páginas ao folhear sua Bíblia Sagrada.
     Remexi em tudo: coisas e sentimentos.  Rememorei festas, ouvi canções de outras eras, palavras de amor, ódio, paixão.  Quanta vivência naquela família!  Casamentos, separações , lágrimas, traições, partidas...
     O tempo ia passando e mais eu mergulhava naquele mundo, buscando coisas, pessoas, encantos, surpresas. Contudo, o que eu encontrava, de fato, era uma saudade sem fim.
     Saí daquele estado na hora em que ouvi o início do Parabéns a você. Parecia que tudo estava perfeito. Estranho, mas jurava ouvir risadas até dos nossos saudosos   “ausentes”.  Estaria o vinho alterando meu estado de consciência?
     Que raiva senti quando tive a certeza de que você não havia confirmado, pela primeira vez na vida, sua presença em evento familiar de tamanho  porte. Não te perdoo, nem agora nem em outra vida. Nosso  próximo encontro será pura  negociação. Terá que me convencer, de uma vez por todas, que tinha sérias razões para não celebrar os noventa anos de seu irmão mais velho, aquele pelo qual seu coração sempre pulsara mais forte.
     Sem você, nenhuma festa tem cor, sabor, graça. Falta a melodia. Nem o melhor vinho branco  do mundo me traz a alegria e a luz que sua presença sempre trouxe à minha vida.
    Estamos, no momento, “ de mal”, assim como ficávamos quando crianças. E ainda “torcendo os dedos”, lembra? Espero, algum dia, em um porto seguro, fazermos  as pazes e trocarmos  aqueles dois beijinhos estalados. Decerto sentiremos o mesmo aroma de alfazema no ar...
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Força Vital
Vida que quase todo dia é ringue...
Onde quem não bate apanha,
Sendo tudo isso sempre muito natural,
O mal confrontando o bem;
Vida terra de ninguém...
Viver preciso é, toda artimanha para não sofrer o dano.
Quem leva um tombo e caí,
Não pode ficar prostrado esperando a misericórdia alheia;
Pois jogarão areia nos vossos olhos
Para na cegueira te baterem forte
E num golpe de sorte te levarem a lona.
Digo com sinceridade, nosso mundo é mal!
Vida, não há fé que vingue
Diante da morte de tantos sonhos
E ainda enfrentamos este mundo cheio de surpresas,
Que faz de nós presa sem potencial.
Existe uma força chamada alma
Que requer da vida toda consciência,
Procura na existência força para reagir.
Mesmo que viver seja apenas um sonho,
Toda dor é sempre real...
Vida que preciso é, resistir em pé!
Seja neste ringue a fé nossa força vital,
Para os nossos sonhos não esvair de nós.
Cesar Moura
 
Mutações
*virgínia fulber
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Na noite madura
Desabrocha no horizonte
Equilibrando emoção
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Metade fria
Outra em chamas...
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Lua minguante
Metáfora da
Eterna mutação...
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                 *além mar poetinha -

3 comentários:

  1. Excelentes Escritores e Poetas parabéns!
    Grata Delasnieve Daspet por prestigiar e pelo talento e despreendimento, abraços a todos!
    ET- estou divulgando por @, no grupo artefilospsipoesia( Yahoo), no Facebook e no Blog Contemporaneas,uma honra estar entre vcs.

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  2. Gratíssima por nos presentear mais uma vez com excelentes postagens. Obrigada por existir!
    Bjs
    Belvedere

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  3. O título do texto para Juslei Bruno é O RITO- que possamos entender o que existe nas entrelinhas da vida é sub-título. O espanto diante da ocorrência que vitimou uma pessoa tão amada.
    Belvedere

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