quinta-feira, 5 de abril de 2012

MEMBRO: Ceres Marylise

Ceres Marylise
Nasci em 07/09/1946, nas terras grapiúnas da região sul da Bahia, zona do Cacau, rodeada de rios, mar e mata atlântica. Resido atualmente em Itabuna - Bahia. Sempre fui devoradora e rascunhadora contumaz das palavras... Apaixonada por poesias, quando criança, costumava declamá-las em ocasiões comemorativas. Professora universitária aposentada, sou pós-graduada em Linguística. Na universidade, além de lecionar, ocupei altos cargos administrativos.
Em 2004 faleceu um dos meus filhos. Desanimada com a vida, aposentei-me e dediquei-me totalmente à família. Para superar aquele momento difícil fui convidada a fazer parte do Grupo Crystalzinho01, da querida amiga Lúcia Resende, de Juiz de Fora - MG.
Incentivada por uma de suas associadas, a poetisa e webdesigner Elisa Santos, comecei a rabiscar versos que eu própria considerava catastróficos, embora sempre cuidadosa com a linguagem... Hoje, me chamam de poeta, sou membro efetivo de diversas academias virtuais de poesia e da Academia de Letras Itabuna - Bahia, terra de Jorge Amado. Contudo, minha intenção maior é poder compartilhar com os meus semelhantes, o melhor de mim como ser humano.
"Na imensidão
do mundo
que me acolhe,
sou ser humano
que jamais se cansa
de arquitetar na alma
muitos sonhos,
de abrir janelas,
semear bonanças.
Com tantas coisas
que me deu a vida,
ainda sinto frio,
tenho meus medos,
e enfrentando lidas,
desenganos,
procuro calma
pros desassossegos."

Ceres Marylise
(Fragmento do poema DESASSOSSEGOS, de minha autoria)

ceresmarylise@terra.com.br
ITABUNA-BAHIA


VELHO COMPANHEIRO

Ceres Marylise



Plange violão, afoga tua tristeza,
nos gemidos sutis de tuas notas.
Tu me afogas também, mais uma vez,
com os meus dedos sobre tuas cordas.


Mas logo mudas, és um alegre prelúdio,
como se todo o céu fosse se abrir
e captar minh'alma, transformá-la,
pra de repente, me fazer sorrir.


Tuas notas fluem, mais e mais ainda,
enlouquecidas, em ondas sucessivas...
e logo sonhas e te calas novamente,
como a brisa que passa e vai tranquila.


Recomeças então, muito mais alto,
como uma ave que quer rasgar o vento
e espalhas teus acordes pelo espaço,
na emoção que te passo e te reinvento.


Há um mistério profundo nos teus sons,
nos teus lamentos que ressoam como gritos;
tu vibras quase como um acento humano,
de onde florescem todos os sentidos.

***
Itabuna (Terra de Jorge Amado)
Bahia/Brasil

***

INTERROGAÇÕES
Ceres Marylise

Quem dá forma aos sentimentos?
As lembranças, onde jazem?
A razão, qual o seu rosto?
E a paz, por que a desfazem?


De que cor é o esquecimento,
seu tamanho, sua textura?
E as noites, quando dormem,
no silêncio da clausura?


O amor, quais seus limites?
Quando um sorriso é concreto?
Por que olhares vazios
emigram para o deserto?


Como medir as distâncias,
se os caminhos que separam
dimensionam os trajetos
e muitos não caminharam?

***
RESSUSCITADA
Ceres Marylise
Assim te recolhi, já toda murcha,
flor destroçada, por todos pisoteada.
Assim te retirei, de um charco imundo,
para trazer-te comigo, e sobretudo,
fazer-te rebrotar num novo mundo.
Foste ainda capaz, de em teus despojos,
 perceberes um pouco do calor,
que te deram com amor, meus lábios mornos.
Assim te recolhi, tão desprezada!…
mas transformei-te enfim, em bela flor,
pelo milagre do amor, ressuscitada.
***
 ABDUZIDA
Ceres Marylise


Abduza-me, criatura espacial,
  transforma tua nave num corcel!
Vou galopar nas alamedas siderais,
porque eu quero estar perto do céu.

Faz-me criança pelo cosmos infinito!
Quero brincar com as tranças do luar,
 pôr de mãos dadas todos os planetas
 e nas caudas dos cometas, passear.

Torna-me pura num mundo evoluído,
 onde jamais se sofra qualquer dano,
onde a tristeza jamais seja presente,
e eu perca a condição de ser humano.

Traz-me depois, na beleza de um ocaso,
onde eu possa de poesias me enfeitar,
e que no vale fugaz que me reclama, 
 eu reaprenda a conjugar o verbo amar!

***
Itabuna (BA) - Brasil

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