quinta-feira, 5 de abril de 2012

MEMBRO: Jonas Rogerio Sanches


Jonas R. Sanches nasceu em Catanduva, São Paulo, Brasil no ano de 1982. Tem quatro livros publicados; Trilhas de Luz (2011), Nas Asas da Poesia (2012), Alquimia Poética (2012) e Relíquias da Alma (2012). É membro do Grupo de Poesias "Guilherme de Almeida" em Catanduva, membro da Associação Internacional Poetas del Mundo, membro do Portal CEN, Academico Fundador da Academia Virtual Brasileira AlmaArte e Poesia e Comendador Acadêmico do Município de Catanduva pela Academia dos Cavaleiros de Cristóvão Colombo.
CATANDUVA-SP
O email é: jonasabramelin@hotmail.com



Os Véus Mágicos da Revelação

Busco me encontrar nesse caos intrínseco
Mesmo distante busco curar as feridas
Remediando o peito rechaçado e ofegante
Com poesias e sonhos inimagináveis

Busco suas mãos quentes e o seu afago
E você mesmo distante me consola
E escrevo até gastar meus dedos cansados
Deixando meus versos insossos com mais sabor

Busco respostas sobre a vida e a morte
Mas a eternidade se nega ao meu apelo
E se demonstra infinita e inexorável
Me deixando apenas vagas explicações

Busco essa luz que se manifesta em tudo
O Todo refletido em cada olhar de esperança
O bafo quente que sopra do ventre do mundo
Que enfático gravou novos caracteres irreconhecíveis

Busco a poesia perfeita e extravagante
Adiciono pitadas de eu mesmo no cadinho
E deixo as operações mágicas manifestarem-se
Nessa infinita metamorfose de palavras

Busco a vontade inabalável e plausível
E os artefatos sagrados do hierofante
A dama lunar me vigia em seu firmamento
E me impõe obstáculos e provações

Mas minha busca é sincera
E determinado vencerei as provas
E com o coração lapidado e puro
Receberei o galardão e a minha espada

Então as portas se abrirão... E a verdade jorrará intacta

Jonas Rogerio Sanches

Inefável

Sou solo... Sou pasto... Repleto de flores
Campestres... De todas as cores... Sou fungo
D’onde surgem mágicos cogumelos dourados
Sou o leão alado que sobrevoa os montes proibidos

Sou o sol e a luz azul que reflete o diamante
Sou o sedento desejo de dois amantes
Que se entregam um ao outro por inteiro
E se degustam e adormecem no celeiro

Sou essa vontade impiedosa de sorrir
Ao peregrino... E gritar com minha rouca voz
Para esse mundo paradisíaco e insano
Que sou anterior há todos os anos

Sou sua eterna gana de alegria
Sou você e você faz parte de mim
Mesmo que não me reconheça
Dentro do seu sagrado templo coração

Entre as pilastras do seu ser eu sou
O alicerce da grande obra
Pois sou o princípio de tudo
E você reside em minha mente

Jonas Rogerio Sanches

Verdades Exiladas

Epifanias enclausuradas em sementes
Na vastidão desse deserto desolado
Onde a chuva se esqueceu de estacionar
Onde os pássaros já não podem mais voar

Conhecimentos escondidos entre as frestas
Dessas muralhas que suspendem até o céu
E o ancião entre as cavernas exiladas
Dorme seu sono enfeitiçado e sem perdão

Por entre as trilhas tortas desse labirinto
Caminha o rei chaveiro do desconhecido
Guardando as chaves de toda sabedoria
O grande arcano reservado ao escolhido

E as transições se acusam por trás das portas
O alienado da loucura planta quimeras
O sol em sangue inocente foi banhado
Para tornarem-se homens dos Deuses aliados

E no escuro de um frio profundo o taciturno
Sem mais palavras em esconderijos noturnos
Olhares duros transparecem ser soturno
Por entre as lápides da campa aonde durmo

Ali calado eu aguardo por meu mestre
Pois nessa vida trago marcas que fortalecem
E as respostas são me dadas ao seu tempo
Vindas ao ouvido sussurradas pelo vento

Somente a lua em cálice à estrela... Brilha opaca
Justificando as cicatrizes e as feridas
Nos pés descalços de uma mente insensata
Nos olhos ávidos de uma busca sensata

Jonas Rogerio Sanches


Jonas R. Sanches

Blogs:

Trilhas de Luz

A Cruz e a Rosa

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30 comentários:

  1. "Escutando o Silêncio das Transformações"

    Escuto somente o silêncio do corpo
    Mergulhado em si
    Imerso em um uni (verso)
    Paralelo de uma vida
    Outra vida em si vivida
    Ou um sonho sem desvelo

    Escuto meu silêncio no espelho
    E o reflexo de outro eu
    Perplexo
    Ou outro me olhando
    Eu mesmo um reflexo convexo
    Ou mesmo um sonho de algo superior

    Escuto as vozes em silêncio
    Agora eu só
    Sombrio comigo mesmo
    E cego com a própria luz
    Trancafiado em uma bolha
    Prestes a romper a casca da carne

    Escuto ecos vazios
    E vejo a frente um terreno fértil
    A terra foi renovada
    Eu agora o agricultor da vida
    Em plenitude e alinhamento
    Como eu fosse a própria semente

    Escuto as raízes em vozes caladas
    Elas ramificam minhas vontades
    Por entre os sulcos da terra
    Vejo o universo das vontades
    E o Todo renascendo em germinação
    Dentro do recipiente de eu mesmo

    Agora ouço todas as vozes
    Minhas células arquitetam entre si
    Meu ser se modifica em equações
    E desintegro os sentidos antigos
    Agora ouço meu eu em um pensamento
    Ele é uma grande vontade prima e cristalina...

    Agora eu calo... Nesse grito de vida longo e silencioso...


    Jonas Rogerio Sanches

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  2. ‎"Os Finais são Apenas Recomeços"


    Os finais são apenas novos começos
    Veja a noite que finda em mais um dia
    E o dia terminando na penumbra noturna
    No fim da fruta a semente... Início da vida

    Os finais nunca terminam e os começos são as continuações
    Continuações de almas que iniciam vidas após mortes
    Continuações de mortes que se desmancham em vidas
    E os ciclos são perpétuos... O movimento é perpétuo

    Os finais nunca são tristes nem felizes
    São somente transições de opostos
    E os começos são somente recomeços
    Onde nos é dado outra oportunidade

    Onde começa o meu amor por você?
    Não tem princípio nem fim
    Tem somente o amor... Um amor eterno
    E mesmo em nossos finais continuaremos vivos um no outro

    Onde termina esse mar infindável?
    Deságua nos principio de uma nova maré
    É como nosso amor, inexplicável
    E os eternos explicam as inalterações

    Quando chegarei ao fim?
    Eu quero recomeços e novos pássaros
    Meu relógio não tem pilhas
    Pois meu tempo não tem fim

    Quando recomeçarei?
    Agora mesmo começo mais um dia
    E termino mais uma poesia
    Que não tem um final... Continua no próximo devaneio


    Jonas R. Sanches

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  3. "Sonho-Precipício"

    Dormi
    Sonhei
    Caí
    Gritei
    Acordei
    Transitei
    Redormi

    Sonhei
    E voei
    Precipícios
    E inícios
    Promíscuos
    Eu gritei
    Acordei

    E dormi
    Acordei
    Que sonhei
    Que voei
    Que caí
    Que morri
    Que sorri

    E dormi
    Libertei
    Alma-Rei
    E planei
    Sob o sol
    Do arrebol
    Acordei

    E pensei
    Se morri
    Se vivi
    Eu ali
    Não dormi
    Só sonhei
    Que acordei


    Jonas R. Sanches

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  4. ‎"Crepúsculo de Inverno"

    Ah! O crepúsculo...
    Hora tão mágica
    Detentora de todos os risos e lágrimas
    É aonde me vejo transparente em reflexo

    E a alma balbucia limiares lilases
    Quando dessa hora cega aos olhos
    Anjos assistem divinais corais transcendentes
    E os ecos Eclesiásticos retumbam poeticamente

    Pois é o beijo da luz nas trevas
    O ciclo harmônico em plenitude
    Fogareiro se acende nos crepitantes corações
    E uma angustia sorrateira aperta a garganta

    É a mágica... É o crepúsculo...
    Rendendo espíritos livres elementais
    E na floresta dos sonhos herméticos
    Os Arcanos se multiplicam entre os cadinhos

    Se fosse o sol meu guia... Adormeceria
    Mas a Luz de minh’alma é o lampejo
    E estrelas jorram dos pensamentos sutis
    Produtos de evoluções e choques convulsivos

    E nos meus sentires ríspidos
    Degusto olores e olhares introspectos
    Faminto das cores frias que cedem o entardecer
    Pintando uma tela de autocompreensão com todas as nuances
    Então resta um esboço de mim... No leito d’água
    Se desmanchando junto ao dia... Alimentando a noite

    E o fim é somente uma passagem natural entre começos...


    Jonas R. Sanches

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  5. ‎"O Poeta, a Poesia e o Arrebol"

    Uma poesia perene
    Entre o poeta e o arrebol
    Um olhando o outro
    Entre resquícios de um sol

    Então o mergulho na penumbra
    E o astro-rei mergulha na noite
    Cedendo lugar a sua comparsa
    E acendem-se as estrelas

    E a poesia segue
    Até se deparar à aurora
    Poeta noturno e diurno
    Amante das rosas

    E dos olores à poesia
    Dos pássaros trinares
    Das cores as pétalas
    E do poeta o observar

    Sereno e singelo o olhar
    E a brisa amanhecida
    Retocando o rosto em ventania
    Incessante o coração vibra

    Um poeta e um arrebol
    E as nuances divinas
    Violetas e purpurinas
    Refletidas nos sentimentos

    E a poesia adormece mergulhando à noite...


    Jonas R. Sanches

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  6. ‎"Dias e Mortes... Gritos de Vida..."

    Todos os dias são os mesmos dias
    Todas as mortes são inalteráveis
    Todos os sentimentos estão ocultos
    E os medos correm dos pesadelos

    Todos os dias já terminaram
    Todas as mortes já viveram
    Todos os sentimentos desfeitos
    E os medos já temem aquele que não veio

    Todos os dias eu morro e renasço
    Sentindo que a ferida não cicatrizou
    E meus medos são somente insanidades
    Solidão é companheira de jornada

    Todos os dias mortos em solitários cadafalsos
    Todas as sensações frias em um coração gelado
    E já não temerei o futuro incerto
    Somente caminharei sem maldade alguma

    Pois os dias são somente os gritos do tempo
    E meus gritos serão os ecos dos meus dias
    Não vou mais me sensibilizar pelos inícios
    Vou tatear os meios e degustar os finais

    Todos os dias são continuações de noites
    Todos os gritos são continuações de vozes
    E as mortes são as minhas continuações
    Dos sacrifícios fúnebres na montanha

    Todos os dias são de feitiços e mágicas antigas
    Que morreram e foram sepultados em meu coração
    Que petrificado pela vida tornou-se inacessível
    Agora já não adormeço pelos cantos

    Todos os dias eu acordo sem dormir
    E vagueio pelo limite das realidades
    Buscando as peças perdidas dos meus quebra-cabeças
    Buscando um cálice de elixir ou de sangue sagrado

    Todos os dias são devaneios
    E as mortes são inevitáveis
    Somente uma centelha restará
    E meu olhar já não é o mesmo

    Todos os dias eu vou morrer...
    Todas as mortes eu vou nascer...
    Todos os medos eu vou vencer...
    Todas as noites em solidão necessária...


    Jonas R. Sanches

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  7. "Tetragrammaton"

    Vejo em ti estrela
    meu ser resumido,
    o universo embutido
    homem-micro em ação,
    imagem da reação
    Deus no Tetragrammaton;
    um acrônimo do mistério
    onde o solo estéril
    em vidas ressurgirá.

    Minha flamejante estrela
    que esconde e revela
    os segredos do Todo,
    que da nome as coisas.
    Todos os nomes de Deus...

    Venha estrela e desvele
    Iehovah ou Yahweh,
    o princípio e o final.

    Guarde estrela ao profano,
    todas as combinações
    que ao vulgo é velado,
    e ao digno iniciado
    o amor revelado;
    o Macro em Micro é plasmado
    na imagem da totalidade do Ser.

    E a esfinge que olha e cala,
    aguarda e guarda àquele que adentra
    calado, os sete véus de Ísis...


    Jonas R. Sanches

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  8. "Meu Amor por Você"

    Tantos os motivos para eu sorrir
    Seu amor o maior deles... Essencial
    Faz-me continuar minhas lutas
    E os sonhos nunca se desfazem

    Batalho os dias... Batalho vidas inteiras por você
    Pois almas afins se buscam

    E as tristezas se esvaem com um único olhar em seus olhos

    E novamente nos sentimos vivos... Únicos...

    Jonas R. Sanches

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  9. "O Conhecimento"

    O conhecimento manifesta-se
    Ao buscador humilde e sereno
    Mas àquele que se vangloria
    Ele torna-se veneno

    A luz ilumina os que buscam de coração
    Se libertar dos grilhões da escuridão
    Mas aquele que tenta enxergar além da luz
    Cegar-se-á diante de sua condição

    A vontade límpida e sincera
    Acompanha aquele que espera
    Mas aquele que caminha para além da compreensão
    Perder-se-á em quimeras e na ilusão

    Sê paciente a cada passo seu
    Liberta-te da ânsia de grandeza
    Acolhe em sua mente com destreza
    A verdade manifestada na natureza

    Jonas R. Sanches

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  10. "E se eu partir..."

    E se eu partir cuide das minhas flores,
    elas são tão belas e sensíveis
    e suas cores refletem o divino.
    Cuide-as e regue os jardins com meu sangue...

    E se eu partir cante com meus pássaros,
    eles vigiam minha janela na alvorada
    e fazem seresta sempre em festa de alegria.
    Cante com eles a marcha fúnebre do meu vazio...

    E se eu partir guarde meus livros,
    e as palavras ríspidas que proferi, tente perdoar
    pois, na vida as vezes temos que ser duros.
    Guarde minha poesia mais bela no seu coração...

    E se eu partir, por favor, não chore
    lembre do meu sorriso tímido e sincero
    naqueles momentos que superamos o real.
    Não derrame suas lágrimas por mim, somente me recorde...

    E se eu partir espalhe minhas cinzas ao vento
    regue as flores de inverno e alimente os pássaros;
    transmita minhas poesias aos seus filhos e netos.
    Pois se eu partir irei feliz e deixarei na escrivaninha meus costumes...

    Somente não pranteie sobre os pergaminhos
    onde gravei os sonhos em tinta nanquim...


    Jonas R. Sanches

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  11. "Finais Inacabados"

    Eu vejo no fim do dia
    o fim do mundo
    e no final da estrada
    minha visão é turva
    me privando o amanhã.

    Eu vejo sombras
    e o final do túnel
    em um mundo renascido
    sem mais caminhos,
    uma única porta que convida.

    Eu vejo luzes morrerem
    e vejo luzes nascerem
    andorinhas vem e vão
    e eu calo nesse final
    velando o pobre mundo.

    Eu vejo no fim do dia
    o fim da caminhada
    e o nascer da estrela
    filha do crepúsculo,
    e a penumbra mágica.

    Eu já não tenho final
    e meus olhos não veem
    só sei sentir com a alma
    meu corpo esta inerte
    e a mente já é sem limites.

    E o mundo acaba mais uma vez
    e o sol da manhã é o novo dia
    nesse vida e morte contínuo
    onde só o amor é real
    e é o que permanece eterno.


    Jonas R. Sanches

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  12. "O Jardineiro Real e as Papoulas Imaginárias"


    Eu não sei plantar sóis
    mas sei regar as plantas
    e sei ser feliz e amar
    mesmo que seja egoísta esse amor.

    Eu já não sei o próximo passo
    deixarei ventos e tempestades
    indicarem o caminho
    e não temerei as quedas.

    Eu não sei plantar galáxias
    mas alimento sonhos
    meu arado enferrujado
    sulcou as terras do pensamento.

    Eu já não sei o próximo passo
    deixarei cascatas e oceanos
    carregarem minhas velas
    e contemplarei as ondas.

    Eu não sei plantar tristezas
    mas sacio a sede dos pássaros
    com lágrimas e olhares
    e no meu jardim há beija-flores.

    Eu já não sei o próximo passo
    deixarei a sinfonia cardíaca
    pulsar vida no meu âmago
    e seguirei por entre os opostos.

    E a rainha cigana alucinada
    plantou campos de papoulas
    agora serei o jardineiro espacial
    e os canteiros estão floridos novamente.


    Jonas R. Sanches

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  13. "Anjos Caídos"

    Me deixe falar com o coração
    e na poesia copiar de minh’alma
    toda grandeza que se esconde e desconheço
    mas sei que habita aqui dentro do peito.

    Me deixe lançar as luzes do meu olhar
    ante seus passos que trilham na escuridão,
    estenda sua mão e vamos juntos nessa senda
    se permitires te ajudar minha alegria será tremenda.

    Mas se eu fraquejar faça por mim o que eu te fiz
    não tenha medo de deixar sua luz brilhar
    somos irmãos com o objetivo de amar;
    então vamos caminhar lado a lado em cumplicidade.

    E no estreito do caminho estaremos fortes
    todos esses espinhos nos levarão as rosas,
    então nossos sonhos serão nova realidade
    e já não seremos anjos caídos nessa cidade.

    Mas se quiser somente a minha prece
    caminharei solitário e estenderei minhas asas
    para amenizar esse sol que desnorteia
    e refrescar os seus pés cansados pela vida.

    Então voarei em minha jornada de retorno
    e levarei todos os aprendizados e recordações...


    Jonas R. Sanches

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  14. "Desalentos Lançados ao Vento"

    O que restou foram os cacos
    eu os recolhi e guardei no peito
    eu me recolhi mergulhando ao leito
    sussurrando a voz levada pelo vento.

    Hoje sou apenas mais um transeunte
    caminhando a esmo nessa via escura
    juntando os pedaços dessa vida crua
    seguindo descalço nessa eterna rua.

    Hoje me esqueci de regar os jardins
    esqueci da vida e esqueci de mim
    os meus pensamentos que são só você
    marcam minha história nesse não viver.

    Dores e amores às vezes vêm e vão
    mas o meu amor foi feito pra durar
    quem dera fosse sonho e um acordar
    lembrando aqueles dias lindos de verão.

    Hoje recolhi os cacos dessa história triste
    amanhã estarei de novo com a espada em riste
    pronto pra batalha da jornada eterna
    pronto pra curar a minha alma enferma.


    Jonas R. Sanches

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  15. "Ciclo das Luzes"

    Mais um dia que nasce
    ou renasce em aurora
    e o sol não demora
    reflexos de recomeços.

    E a poesia e o poeta
    que novamente desperta
    para deixar sua marca
    sua assinatura eterna.

    Vendo e descrevendo
    todas as cores e flores
    também amores e dores
    e sua sorte e morte.

    E os pássaros de plateia
    trinando letra por letra
    acompanhando essa luz
    que sombreia o planeta.

    E lá vai mais um dia
    esse astro que brilha
    nos deixando o cariz
    e as cores do crepúsculo.

    Essa é a labuta
    dessa alma que luta
    contra o tempo e o vento
    buscando inspiração.

    E a noite acaricia os sonhos
    banhando o espírito com estrelas...


    Jonas R. Sanches

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  16. "O Ancião dos Dias"

    E o ancião dos dias seguiu
    por entre as frestas do tempo
    e fez cessar os ventos
    para continuar pelas dimensões.

    E ele carregava o livro dos dias
    e escrevia com a pena de ouro
    deixava as vozes falarem em sua mente
    deixava os atos dizerem tesouros.

    E o ancião dos dias seguiu
    por entre as vias intergalácticas
    com suas pálpebras pragmáticas
    bebendo mundos e girassóis.

    E ele carregava todas as vidas
    todas as mortes e todas as flores
    todas as dores e os amores
    pela própria criação concebida.

    E o ancião dos dias seguiu
    contando os minutos do infinito
    gritando verbos de sua vontade
    bebendo os anos da sua idade.

    E ele carregava os filhos dos filhos dos filhos
    em seu ventre de universos infindáveis
    e seu pensamento era de incógnitas
    e seu amor era pela humanidade.

    E o ancião dos dias dormiu
    e se instalou o caos na terra
    sede de sangue e calor de guerras
    e até hoje se espera a cura dessa animalidade.


    Jonas R. Sanches


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  17. "Deuses e Diabos"

    Tantos são os deuses e os diabos
    que abençoam e amaldiçoam
    mas, o homem é o escolhedor dos passos
    e eu na poesia sou mais que embaraço.

    Tantos são os amores e os desafetos
    que louvam e matam os corações
    mas, há paixões que rasgam eras
    e o homem que ama de verdade rouba sóis.

    Eu aqui me resguardando da chuva ácida
    que sulforosa corrói todos os guarda-chuvas
    mas, os meus castelos não são de areia
    eles são de sonhos petrificados em um grão-vizir.

    E eles me olham ociosos pelas janelas do trem;
    trem da vida, trem da morte, trem descarrilando
    e eu aceno com minhas asas de topázio
    e eu ofereço açucenas e begônias a menina órfã.

    Tantos deuses e diabos eu conheci na estação
    e eram comuns e tinham tristezas e alegrias
    mas, o homem construiu céus e infernos
    e ali adormeceram todos os momentos e vidas.

    Eu olhava tudo pasmo desse precipício sem chão
    e eles voaram para longe e abandonaram os homens
    e, eu quero ir morar junto com os anciãos de Marrakesh
    e, eu quero morrer uma vida de cada vez e deixar fluir.


    Jonas R. Sanches

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  18. "Causa e Efeito"

    Luzes e plenitudes
    pulverizando as vicissitudes
    irradiando nova juventude
    iridescente nesse breu.

    Ventos e trovoadas
    transmutando a madrugada
    que acontece no interior do ser
    esperando um novo amanhecer.

    E os sons são tremores de harmonias
    onde repousam todas as escalas
    e cada nota emanada é nova cor
    e cada passo dado é um novo existir.

    E os dias já são todos os anos
    a eternidade é regente e fiel
    enquanto estrelas nascem e morrem
    a alma segue transitando as dimensões.

    Eu queria dormir nessa cama cósmica
    e beber no cálice do fogo do sol
    beber da incompreensão para me libertar
    desse fardo que se torna pesado a cada nova palavra.

    Mas eu sou o escrivão dos pergaminhos
    e todos os atos eu registrei sem alteração
    e todas as páginas seguem a lei imutável
    dessa ação causando reação... Dessa lei de causa e efeito.


    Jonas R. Sanches

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  19. "Vertigens de um Poeta Arrebatado"

    São maestros os poetas regentes
    das penas e dos amores platônicos
    e, em vestes augustas guardam candura
    e misturam-se a olência das flores.

    São de estirpe alienígena os versos
    e remetem-se a todas absorbâncias
    de sensações e observações das cercanias
    e, os seus olhos são de minuciosidades.

    Queria ser poeta também e poder beber
    dessa luz que embriaga os pensamentos
    então seria a mais bela impressão
    e os sentidos seriam ápices fleumáticos.

    Poetas ascetas e de todos os gêneros
    impondo e transpondo as realidades
    e, o que era nulo já se tornou empírico
    nessa ciranda de bonitezas esdrúxulas.

    Queria ser um poeta e sobrevoar os sonhos
    e cantar a liberdade em plenitude atemporal
    mas, eu ainda cultivo rosas no parapeito da janela
    e não posso partir nessa aventura sideral.

    São somente poetas que brindam as dores
    e se entregam aos auspiciosos devaneios;
    me entregarei a poesia por inteiro
    e minhas rosas eu levarei em um cesto de galáxias.


    Jonas R. Sanches

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  20. "Observando Todas as Letras"

    Vejo os próprios erros
    vivo os próprios erros
    e a cada dia um novo sorriso
    e a cada noite um aprendizado.

    Vejo as noites engolirem os dias
    e vejo os dias renascendo do ventre da noite
    e a cada estrela um novo sol
    e a cada sol um novo despertar.

    Vejo as páginas da vida se espalhando
    e vou juntando, e vou morrendo e vivendo
    em cada letra dessa poesia
    em cada olhar de soslaio que me observa.

    Vejo o amor se dissipando
    e vejo discórdias inacabáveis
    queria ver o oposto e a paz
    mas, o mundo segue a deriva.

    Vejo em seus olhos azuis a bondade
    e vejo uma amizade inquebrantável
    que cresce e floresce com os dias
    e com as noites e suas flores noturnas.

    Vejo muitas coisas que não queria ver
    mas, tudo é um incessante aprendizado
    que vai se entranhando no meu âmago
    e se acumula na minha bagagem estelar.

    Já não vejo muita coisa além das sombras
    e não vejo mais além dos sonhos fragmentados
    minha retina é purpurina e tão profunda
    que se cansou de tanto olhar para si mesmo.

    Então cobrirei os espelhos e adormecerei
    e verei pelos campos astrais todas as maravilhas
    e os meus olhos serão as visões da alma
    e meu maior motivo é o querer ser feliz.


    Jonas R. Sanches

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  21. "Os Cálices que Eu Provei Tinham Sabor de Amor"

    Então provei do cálice da sabedoria
    e abriram-se infinitas hipóteses
    e o sol brilhou como nunca vi
    e a lua fez meus olhos mergulharem na noite.

    E foi necessário continuar a busca
    e foi prazeroso galgar os degraus
    pois a cada nova revelação foi vida
    e cada palavra compreendida foi amor.

    Então provei do cálice da dúvida
    e os caminhos foram estreitando-se
    e o sol foi a sombra do eclipse
    e a lua minguou e a noite foi de trevas.

    E foi necessário continuar a busca
    e foi uma nova provação a ser superada
    e as novas revelações foram de mortes
    mas, o amor que conheci fortaleceu-me.

    Então provei o cálice dos iniciados
    e os caminhos tornaram-se dourados
    o sol e a lua derramaram seus mistérios
    então reconheci minha tamanha ignorância.

    E foi necessário continuar a busca
    e a cada novo renascimento uma surpresa
    e reconheci que a vida e a morte eram analogias
    e que com as armas do amor eu poderia evoluir.

    Então provei o cálice de um novo tempo
    e o gosto era de feitiços ritualísticos
    e agora o sol brilhou no meu próprio intimo
    e a lua tornou-se companheira no sanctum.

    E a busca tornou-se prazerosa e sutil
    e o silêncio se fez presente no cotidiano
    a vida e a morte já não causam temor
    e a minha senda tornou-se a filha do amor.

    Então provei o cálice do puro amor
    e o gosto era daqueles intransponíveis
    e as palavras já eram desnecessárias
    e o sol e a lua se completaram no céu.

    E a busca tornou-se radiante e plena
    e a cura do mundo tornou-se possível
    a vida transpôs a morte e era a eternidade
    de um processo contínuo de aprendizados.



    Jonas R. Sanches

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  22. Oferenda dos Sentimentos

    Nas vozes tão doces do coração
    ouço sussurros do seu nome
    ecoando e fortalecendo minha missão
    apaziguando e dulcificando meu olhar.

    Pode ser amor ou apenas ternura
    essa forte sensação de brandura
    que nasce à amizade que é pura
    que cultiva flores nos seus jardins.

    Mas calar-me-ei e seguirei a senda
    e alimentarei sonhos e sentimentos
    por ti e contigo no seu abraço amigo
    que me acolhe e afaga meu querer.

    Nas manhãs cultivarei rosas a ti
    e serão das mais raras espécies
    e serão para perfumar seu leito
    com as pétalas do meu carinho.

    Aceite em seu coração minha oferenda
    que é paz e que é um carinho sincero
    que eu posso doar e sentir com você
    que é o que eu tenho pra te oferecer.


    Jonas R. Sanches

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  23. Vago

    Nas velas formidáveis que navegam
    pelas vidas, pelas vias
    onde o vento toca a pálpebra
    entreaberta, entrecortada
    por alguns devaneios, sonhos
    quase, ou um amanhã somente
    um sol, ou um asceta observador
    que finge as estrelas pelas eternidades.

    Jonas R. Sanches

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  24. Folhas ao Vento em Tarde Solitária

    Folha leve ao vento de flor
    vai e carrega o pranto do amor
    que a tardinha deixou-me e se foi
    sereno e calmo a parir solidão.

    Vai folha pétala branca de paz
    fazer a verve de um homem sem lar
    que jogou fora a dor do coração
    e navegou nas águas límpidas do mar.

    Folhas voando pelos sertões dessa lida
    de solo seco e de semblantes gastos
    buscando arrego em fugaz regaço
    e um afago no olhar que partiu.

    Faça seresta em brisa e farfalhar
    que acalma as folhas e o vento soprando
    tão triste a sina do amor sem amar
    tão triste o peito tão só suspirando.

    Folhas das rosas saudosas nostálgicas
    de uma lembrança e de um beijo vazio
    folhas em branco em malsãos devaneios
    nas poesias das águas de um rio.


    Jonas R. Sanches

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  25. Pé na Estrada da Vida Sofrida

    Na jornada é o passo dado
    com a humildade da fome
    que corrói o artista nato
    que ama o que faz, por isso faz,
    e sobrevive as línguas
    e sobrevive a escória
    que exclui e corrompe
    as imagens incompreendidas.

    Na jornada o pé na estrada
    e a dor do preconceito real
    escondido em imagem social
    que nada sabe, nada vive
    só critica quem sobrevive
    as custas dos seus pés, do seu suor
    que atravessa toda culpa que há em nós;
    artistas que elaboram seus caminhos.


    Jonas R. Sanches

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  26. Resgatando os Erros da Lida

    Minha dor é o labor do resgate
    cavalgando nesse disparate
    de insanos risos e provações
    retorcendo o corpo em alucinações.

    Minha dor é a trilha que fervilha
    numa dívida de outras vidas
    ou então uma voz tão gritante
    na cabeça velha de um infante.

    Minha dor é cruz e galardão
    que carrego na estrada infinita
    e nas noites vislumbres da lida
    quando a fera interna a sós grita.

    Minha dor é a flor do destino
    nesse nascer e morrer contínuo
    é o fruto maduro da renovação
    dos pecados guardados no coração.

    Minha dor é o labor do resgate
    pelos crimes impunes da insensatez
    se preciso de tempo renasço outra vez
    e me dissolvo em coragem a quitar o meu soldo.

    Minha dor é a flor daninha do jardim
    que cultivei no passado esquecido
    mas agora eu espalho-a nas folhas do livro
    que guardou minhas palavras e sensações.


    Jonas R. Sanches

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  27. A Espreita da Morte

    É a morte espreitando na esquina
    do tempo e o vento é o lamento
    da chacina que assistida alucina
    todas as almas que caminham.

    É a morte espreitando na esquina
    da vida que é frágil e eterna
    e do outro lado da rua a lanterna
    que é o guia na passagem antiga.

    É a morte que espreita o presente
    e é o presente que a vida oferece
    quando o corpo tardio arrefece
    e a barca nos leva a travessia do rio.

    É a morte espreitando os meninos
    e meninas que a vida transborda
    e que os passos caminham na borda
    desse precipício que leva ao início.

    É a vida espreitando a morte consorte
    que leva e releva os motivos precisos
    de um viver de limites qu’eu não preciso
    e conciso eu caminho para me libertar.


    Jonas R. Sanches

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  28. Letras Antigas e Esquecidas

    Nos nomes dos anjos guardados
    segredos dos sábios hebraicos
    e histórias funestas da transmutação
    da vida em vida seguida por evolução.

    Nas folhas de chá foram vistas imagens
    dos tempos que paragens de estrelas
    ocultavam na fronte o limiar do horizonte
    e nas letras douradas segredos de ontem.

    Parece que um tanto passou e deteriorou a luz
    mas é vero que o lume é eterno de olhar sempiterno
    e cuida da sombra em um tal equilíbrio exato
    que é o traço que é nato do cosmo na transfiguração.

    Nos nomes secretos dos deuses antigos
    gritados em silêncio do peito em abrigo
    e da roda que quadrada gira um ciclo que segue
    e ao Tudo se refere como a forma em manipulação.

    Nas folhas as linhas de uma poesia antiga e repleta
    de versos dispersos pelos ecos do mundo oriundo
    dos astros que crio e recrio nas coisas da imaginação
    que é a força e vontade que impele essa continuação.

    E os mistérios continuarão sob as areias cálidas
    e minha pena continuará como se fosse um membro
    esguio que derrama do âmago das existências
    lágrimas mágicas exorbitantes como letras de paixão.


    Jonas R. Sanches

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  29. Versos Inadequados

    Sandices inóspitas inadequadas
    de uma estrela tola vagante
    que cansada orbita sem parada
    espalhando poeira de gente errante.

    Velhos cacos cósmicos desvirginados
    pelas carícias meteóricas pragmáticas
    que geram filhas e filhos alados
    que parem anjos caídos inanimados.

    E da poesia-ácida-explosiva
    átomos desintegrados de uma cerveja
    noturna em uma roda de alegações conclusivas
    sobre o penúltimo bocejar do último sol.

    E lá vai... E lá vem... O crepúsculo da aurora
    que sem demora desorvalha minhas pétalas caídas
    e de sobreaviso desnuda os caules da vida
    calando num espaço vazio as vozes do amanhecer.

    Já não quero algures novamente renascer
    só quero passear por essas vias siderais
    e espalhar com alguns versos as chaves do nunca mais
    ou quem sabe implodir minhas partículas numa velha supernova.


    Jonas R. Sanches

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  30. Adequação

    Vou me adequando
    de vez em quando
    ao bucolismo de domingo
    nas paragens do ribeirão.

    E a linguagem flui
    em cantos fúnebres
    de boca em boca
    e a mente segue a transfiguração.

    Vou me adequando
    ao inadequado pensamento
    e a poesia é como um vento
    que refresca o meu contemplar.

    E a linguagem influi
    nos entendimentos
    ou até um lamento
    da mente que se dissipou.

    Vou me adequando
    e deixo a continuação
    sem padronização
    somente subjetivos devaneios.

    E a linguagem explana
    e inflama as imaginações
    e incendeia paixões
    com um simples beijo da caneta.


    Jonas R. Sanches

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