sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Membro: Gilbamar de Oliveira Bezerra

 
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Gilbamar de Oliveira Bezerra
 é escritor, poeta e cronista, autor dos livros AQUELE HOMEM CRUCIFICADO(contos e crônicas), O MOTIM DOS FLAGELADOS(contos e crônicas), O ATAQUE DE LAMPIÃO A MOSSORÓ - Trovas, A DERROTA DE LAMPIÃO, etc.  Ganhou diversos prêmios literários com poesias, contos e crônicas em vários concursos. Escreve diariamente nos seguintes sites: www.recantosdasletras.com.br, www.omelhordaweb.com.br, entre outros. Tem um blog de poesias e crônicas: http://gilbamar-poesiasecrônicas.blogspot.com// e um site de cordéis www.cantodomeucordel.com Sua page no Facebook https://www.facebook.com/pages/Reflex%C3%B5es/139738806129035 Twitter 

@Gilbamarpoeta E-mail gilbamarbezerra@ig.com.br 

Parnamirim RN
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OH QUANTA DOR!
Te conheci num momento triste eoo esquecido, 
quando o céu estava sombrio e desestrelado, 
também desprovido desse luar, 
contudo tão melancólico quanto um olhar desiludido. 

Guardei nas lembranças o teu perfume afável, 
teus gestos de abandono e de saudade, 
teus olhos nadando em lágrimas, fortuitas, 
tua voz perdida num amargo desafino, 
talvez sonhando em fazer tantas coisas 

Talvez ansiando realizar tantos belos feitos. 
Não, nada, nunca, só a brisa em desespero 
rasgando a mágoa das ruas, levantando poeira, 
respirando sobre folhas, roçando teu rosto cansado, 
revolvendo sem entusiasmo os teus cabelos finos 

Que eram negros como uma noite apagada.
Tua ias sem rumo à procura de quê? Do talvez, decerto, 
dos senões imiscuídos nas entranhas do porvir, 
do mutismo solitário, doloroso, angustiante

Querias algo que provavelmente nem sabias o que fosse, 
e te perdias enfim nos próprios passos trôpegos, 
parecias flutuar num céu mágico e misterioso, 
como se levada somente pelo pensamento ensandecido 

Teu ego se perdia no coração do teu cérebro eunuco. 
Choravas e sorrias ao mesmo tempo, cantavas até, 
e eram pobres músicas mórbidas como chuva de granizo 
destruindo telhados, como fogueiras chamuscando o ar fresco 

Lembravam flores murchas esvaindo sobre brasas ardentes, 
como sendo desprovidas crianças inocentes alardeando 
o clamor dos tantos famintos por seios túrgidos, 
por carinhos vis, por abraços que jamais seriam dados.

Quisera não ter sido assim o nosso mórbido encontro, 
tão imerso nesse poço sem fundo de incertezas, 
de inesperada e desesperada falta de esperança, 
de repentino lufar de gélidos suspiros de dor 

De desnorteadas e retorcidas lantejoulas flamejantes 
brilhando sinistras nos lacrimejantes pingos 
que caíam dos teus olhos e lambiam o chão empoeirado. 
Oh, quem dera, quem dera! Sim, quem dera, sim!

Ah! fosse de maneira mais sublime esse nosso encontro 
em que passasse por nós um rio de ternura e nos molhasse 
com seu ar celestial, gorjeassem pássaros felizes sobre nós, 
cantarolassem melodiosos anjos em festa 

Ao nosso derredor, dançassem as pessoas felizes 
transbordando e distribuindo oceanos de felicidade
como se fora o primeiro dia de inesgotável paraíso 
se abrindo inteiramente aos nossos corações.

Todavia não foi assim, não houve fascinação, 
não se ouviram estrondosas gargalhadas de alegria,
ninguém beijou ninguém, afagos não foram feitos,
carinhos caíram por terra ressequidos pela falta de desejo 

Risos se transformaram em choro alucinante
sobraram temores e tremores, corpos não se fundiram 
não houve intensidade do gozo, mãos não se pegaram, 
não foram trocados efusivos nem fracos cumprimentos

A simpatia fugiu dos olhares e se transformou em pesar, 
em esgar, em incertezas, em loucos vislumbres de ódio 
destilado sem qualquer razão plausível. 
E todo mundo chorava sorrindo um sorriso sórdido

Todos se lamentava mesmo sem haver sentido para isso, 
corriam sem saber aonde iam, abriam os braços em cruz 
e gritavam "engula-me solidão!", jogavam-se ao chão 
e rastejavam feito serpentes famélicas prestes ao bote 

Preferi não gozar o céu da tua boca com um beijo de língua, 
não chegar nem perto de ti para não ser contaminado 
com o alarmante ar lúgubre estampado no teu rosto, 
preferi afastar-me em desabalada carreira, fugir de ti

Fui chorar meu próprio lamento, subir nos telhados úmidos, 
tentar voar o mais alto possível para ficar bem longe de ti. 
Achei por bem não abrir as portas do meu coração 
ao apelo desvairado e mortífero de tua tristeza

Gilbamar de Oliveira Bezerra


DESPERTAR

Vivo na magia dos meus sonhos poéticos, 
e nesses devaneios encontro você, 
seu olhar sobremaneira sorridente, 
seus lábios francos aos beijos, 
seus braços abertos aos meus. 
Entro em êxtase e viajo
porque ternura só pode existir 
até o limite de seus gestos carinhosos
de suas atitudes afetuosos.
Vai tristeza, dê-me um tempo 
para voltar-me à alegria, 
para sorrir e ser feliz 
ainda que por instantes
Vai saudade, deixa em paz 
esse coração cansado 
de tantas lembranças 
de um tempo que foi e não volta
vem sorriso, cumpre o teu papel 
de simpatia e conquista corações 
Por Deus, não me deixem acordar!

Gilbamar de Oliveira Bezerra


POETAS

Nas veias do poeta inspirado 
corre vinho e veneno,
raios de sol, água pura, 
mistérios do oceano,
ternura, sonhos dourados, 
olhar puro e leviano,
ele verseja num tom 
e diz que não quer, querendo.

Devanear, bem sabemos, 
é próprio de quem poema,
é obra  de garimpeiro, 
de escultor com cinzel,
de escritor tarimbado 
que viu Torre de Babel,
de Pierrot apaixonado, 
do casal Páris e Helena.

Mas só ao poeta é dado 
admirar o orvalho,
namorar o brilho da lua, 
ouvir atento as estrelas
conhecer muitas mulheres
 e a um só tempo quere-las.

Sempre alheio ao que o cerca, 
é eterno sonhador
enfrenta de perto a morte, 
não tem medo da dor
se mil vidas ele tivesse 
gostaria de vivê-las.

Gilbamar de Oliveira Bezerra

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