sábado, 13 de outubro de 2012

MEMBRO: MARIA DA GLÓRIA JESUS DE OLIVEIRA

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Maria da Glória Jesus de Oliveira
é Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais e Artista Plástica; Associada da Associação das Jornalistas e Escritoras do Brasil – AJEB; da Associação dos Escritores Independentes – AGEI; da Casa do Poeta Riograndense – CAPORI; e da Academia de Artes, Ciências e Letras Castro Alves, de Porto Alegre/RS. Participa de várias antologias e coletâneas internacionais e nacionais cooperativadas. Publicou os livros: DESPERTAR – poesia; NINHO DE PEDRAS – romance; CONTOS TRANSEUNTES – contos; e ALÉM DO JARDIM - memórias. Curte ler, escrever, pintar e diz-se viciada em arte postal. E-mail: madaglor@ibest.com.br - http://www.madaglor.com/
Porto Alegre - RS
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UM TEMPO DIFERENTE
Maria da Glória Jesus de Oliveira

Depois de passada a tempestade,
Vou pedir um tempo.
Quero sentar num banco de praça,
Com os pés sobre a grama orvalhada
E deixar o sol queimar meu rosto.
Vou pedir um tempo para recomeçar.
Quero admirar o sorriso da criança,
A chuva lavando as impurezas,
O menino sob o chafariz,
O ônibus cheio de pessoas,
O bebê sugando o peito.
Quero um tempo para pensar.
Um tempo só meu,
Quando possa escutar as batidas do meu coração,
Olhar-me no espelho da vida e nele me amar.
AFAZERES DOMÉSTICOS
Maria da Glória Jesus de Oliveira

Lavo a louça com presteza,
O telefone chama, insistente,
Vou com toda ligeireza,
Largo a tarefa, pode ser urgente.

Alô! Foi apenas engano.
A campainha toca, vou ver quem é.
Deixo a panela, levo o pano,
Quando retorno, ferveu o café.

Estendo as roupas, varro a casa,
Subo as escadas, molho uma flor.
Ah! Se pudesse ter asa
Ou então um elevador.

Arrumo os quartos, recolho brinquedos.
Há um botão de roupa a pregar,
Esfrego o chão, ralo meus dedos,
Procuro dar um jeito de não sangrar.

Saio à rua para colocar o lixo,
O lixeiro recentemente passou.
Ao olhar no caminhão fixo,
A vizinha pergunta como estou.

O arroz acaba queimando,
O odor, da casa toma conta.
Então sorrio, lamentado,
Pois deste jeito fico tonta.

Passo no rosto água fria,
Preparo a mesa para o jantar.
Preciso de mais horas no meu dia,
Senão, assim não irei aguentar.
A ESTRANHA
Maria da Glória Jesus de Oliveira

Vou ao espelho
E vejo uma estranha
Aquela não sou eu,
Peço que acreditem.
Olha-me, admirada.
Tento dela me afastar.
Não quero que me tire a fé.
Não sou aquela,
Sou outra mulher
Que tem coração palpitante,
Uma vontade de correr mundo,
Deixando para trás o olhar profundo
Com que a outra quer me prender


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