segunda-feira, 7 de abril de 2014

MEMBRO: Ernesto Vita


 ERNESTO VITA
SAO PAULO - SP
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poeta Ernesto Vita, natural de Cacuaco, província de Luanda em Angola, encontra-se há quatro anos no Brasil trabalhando, estudando e fazendo poesias, principalmente com as lembranças de sua terra e de sua gente. Formado em Geografia e História em Angola e em cursos técnicos no Brasil, tem como meta principal desenvolver a escrita, que é a forma de arte com a qual sempre se identificou.
Vita faz parte da primeira geração de poetas pós-revolução colonial de Angola em 1975; portanto, não viveu os horrores da guerra, porém, participa ativamente da reconstrução ou formação de seu país, que conta apenas com 38 anos de independência. Um país que tem de se reinventar e se reconstruir a partir de duas guerras: a colonial, pela independência, e civil para se firmar como nação soberana.
Ernesto Vita tem como referência a atuação de Agostinho Neto, o herói revolucionário de Angola e também poeta, que cantava as dores de seu povo. E observa-se em sua poesia um mourejar melancólico. Primeiro por uma saudade inaudita de sua terra; depois, como na poesia de Agostinho, por uma preocupação social com seu povo que luta bravamente por reconstruir seu país depois de uma devastadora guerra fratricida.
Sabemos que um escritor está em consonância com seu tempo e uma das situações em que o poeta se debruça constantemente é o drama da falta de oportunidades de sobrevivência por que passa sua gente. Esse drama faz com que jovens deixem a terra natal em busca de oportunidades que não encontram lá. Entretanto, nosso poeta convive com a pretensão de breve retorno, levando consigo as experiências adquiridas no Brasil. O poeta angolano admira a gente brasileira, que também labuta, a despeito de uma classe de políticos que pouco atua em beneficio do povo, quadro que, segundo seu pensamento, se assemelha à situação de Angola.

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Palavras incinerados
Palavras incinerados
 Pelo doce do amargo da vida
Sonhos ondulados
pelo cinismo da sogra fresca
 Malva tortuosopreço que paga quando se traça uma linha
 Cores vivas dividendo para se a casalar com a solidão
 Fisgo no doce lar retrospectiva do nada conto
Sunisgotênue cento no canto diferente
 Corvo emancipada pelo vento
 Ventre vazio paparicado pela gelatina
 Trégua alinhavado
Fornalha da lua checa
 Lua gamaliada
 Vergo vagante
 Primordial do começo
 Lua de sol
 Berros a grito   no olhar
Gavarro fervilhante no intimo
Jarro berrante nas barricadas
Dé domínio barro marcante
Carro de ferro enlatado pelo cartomante
Junção dos fragmentos de rocha falante nas telas do cinema Piçarro carecendo de agua doce no mexerico do topo do fim
Esbarro com o cego visionário com o paladar dos beijos do seu grande amor
Escarro
Fomente sem cigarro na hora de falar com padre maconheiro
Bizarro é sua mãe divorciada na lua de mel com seu padrasto
Navarro nevoeiro vilipendiando a pobre soldado despencado
Autocarro sãos os carros mais visto nas ruas desta cidade
Vai tirar sarro na sua mãe que nem pra cama ela serve
Chiarão sem força de fazer as coisas
Manifestar descontentamento neste parro é o que mais sabes fazer
Gavarro homem bárbaro tatuado
Bebero


Autor: Ernesto Vita
Visgo no face da lua



Visgo no face da lua
 Agua escura
 Parto navegante
 Chato hospedado na casa da sogra
 Filha nascitura a procura da mãe
 Mordida mesmo sem Fisgo
Todos sabem o preço de ser solteiro
Letras escuras orlas no além mar
Promessas de vida na vida dos outrem
Tenta na madeira do leito
Sesgo defeituoso
 Olhar oblíquo na fenda do tempo
 Ferida sarada com beijo de Judá
 Namorico no começo do ano
 Mulher clamando por marido
 Infiel na fidelidade do olhar
 Sombra tenebrosa no sádico 
Ferro controlado pelo paus-visgo
Saudade no peito por conta da mulher traíra
Apesar de tudo respeitada pela molecada do bairro
Sem pelo preceito da vida dela
 Ela soube aproveitar
 A fraqueza do imperfeito marido
 Suspeito de ter a traído com o vizinho do beco ao lado
Deito dos homens modernos de hoje
 Feitos de machos e quando são perguntados batem no peito
Pretos no coração
 Desfeitos
 Sujeitos sem dó na alma
Satisfeitos pela forma como levam a vida
Perfeitos ao caminharem nas ruas
 Pensamos nós
 O que feitos deles na hora de irem a cama ou ao leitos
Onde só existe silencio dos pensamentos
 Sono curvo
 Velas sem clareza
 Aonde se pode fazer tudo
 Ate de bater uma poenta












Autor: Ernesto Vita













Silencio perene


O verão que me fez homem as letras que me tornaram firme
 As lagrimas que me fizeram alegre
 As músicas que me fizeram pensar
 As curvas que sondar minha mente
 Hoje estou aqui feito homem que luta para vencer
 O silencio perene
 Ando e caminho para caminhar nas curvas do tempo
 Sem paragens
 Sou aquele homem negro
 Sou eu aquele homem que não pode falhar
 Sou eu aquele moço que não sabe fazer as coisas
 Se o silencio falasse gritaria bem baixa para não ser ouvido
  Ando feito homem
 Vivo feito eu
 As coisas sempre têm o seu lado claro
 As feridas saram eu vivo do meu paladar
 Eu encanto mesmo sem ser ouvido
 Gosto por gosto
 Amor lúdico
 Curvas frenéticas
Os caminhos do meu coração
 Os dias mais sombrios da minha vida
 Guerra de honra
 Morrer aqui não faz meu tipo
 O tempo passa as coisas se fazem iguais
 Na iguaria da vida se rende o tom de vitória
 Estou aqui feito eu um loco que não pode viver sem vida
 Eu sou a argamassa
 Não quero ser freio sem sinto
 A guerra nos libertou do olhar sádico
 Nem beijo se pede mais
 Nem o olhar se quer mais
 Hipocrisia está no olhar de muitos
 Frieza está no beijo de quem diz te amar


Autor: Ernesto Vita
Lua nova


Som nas palavras certas
 Gosto de ser governado pelo vento
Pasto pensante
 Beijo roubado
 Tempo na ordem do tempo
 Estará você nos mesmos lugares
 Vivera a lua nova na festa da vida
 Calar a boca na triste realidade
 Gosto como as coisas são feitas
 Sejamos firmes
 Lua nova
é o nome predileto
de quem vive a beleza da vida
 Chorar feito refém não faz de ti um fraco
 A frieza desta gente
me faz mal
me faz ser igual
Embora diferente
 Lua nova
 Começa na festa da primavera
Anda e chega ao seu topo
 Viva e viva seus limites
 És p espelho da vitória
 É homem da fé
 A lua se faz tom das palavras
 Antes de ir ao limite sonda
 As belas caminhadas
 Você é forte
 Mesmo na fraqueza imposta
 Você é meu herói mesmo que não
 Ninguém reconheça isso
 Quando as coisas ter seu fim
Eu e você estaremos na cidade
 Que nos pariu para festejar
 Achega da lua nova
Autor: Ernesto Vita

É uma realidade


Quando aqui cheguei às coisas tinha seu brilho
 Hoje o tempo passou eu precisei me reencontrar
 Ando nas ruas sei o que as pessoas pensam
 Volto para casa sei o que o vizinho acha
 Eles pensam
 Eles sabem tudo sobre você
 Eles não gostam da sua vitória
 Eles são bons no que fazem dizem
 Eles não sabem brincar
 Digo são brotos
 Jogam sempre a culpa nos outros
 É uma realidade
 Quando estou a lado deles procuro não falar tudo
 Sobre mim
 Porque amanhã pode ser armadilha
Somos governados pela liberdade
 Mas tem outros que gostam do seu lado
 Do imprevisto
 Eu e os outros somos
 Filhos de Deus em busca da alegria
 Mas tem sempre aqueles que acham que Deus
É sua pertença
 Antes de fazermos as pazes com o espelho os pensamentos
 Que nos aprisionam deveria ser visto reajustado
 Matamos sem saber
 Moremos na mesma proporção que matamos
Ninguém é santo
 Mas ver você antes julgando
 Por causa da minha cor
 Vai pra filho da puta
 Mora até se for pessoa da sua cor melhor
 Não gosto de racistas
 São todos filhos do diabo
 Querem ser justo pertencendo um Deus que é de todos
                                                                                   
Autor: Ernesto Vita




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