segunda-feira, 7 de abril de 2014

MEMBRO: Naldice Beatriz Zanatta



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NALDICE BEATRIZ ZANATTA
CAXIAS DO SUL - RS


Nadilce Beatriz Zanatta Ponsoni, melhor somente Nadilce Beatriz, nasci em 30 de junho de 1954, numa cidade onde só havia luz das 8hs às 22hs. Bendita época que me patrocinou a leitura das estrelas!
Hoje resido em Caxias do sul, RS.
Casada com Gilberto Ponsoni, Oficial Superior da BM há 33 anos. Uma filha, Renata, 27 anos, jornalista.
Minha cidade natal cresceu demais. Esta, onde resido, é quase metrópole. Planejo voltar para o mato.
Fui professora e funcionária pública, trabalhei muitos anos com máquinas de escrever (ainda guardo a minha Hermes Baby) e calculadoras. Números!! Que patacoada para quem ama as letras! Mas foi uma questão de sobrevivência.
Não. Não forrei gavetas com diplomas, vários cursos técnicos, sim.
Sempre obtive as melhores notas em redação. Felizardos os que faziam trabalhos em grupo comigo. Eu raciocinava e escrevia. Notas máximas em português, literatura, sociologia... As restantes matérias... Coitados dos que faziam grupo comigo...
Ganhei alguns concursos em minha cidade natal, crônicas e redação. Aqui em Caxias, poesia e trova.
Nada publicado, embora já tenha uma filha e várias árvores plantadas...
Amo animais, música (qualidade), livros, fotografia (hobby), as telas, as flores, as matas, os rios, o silêncio; na TV, documentários e filmes bons, e a direção de um carro.
Coleciono selos e possuo uma biblioteca.
Um apartamento pequeno entupido de livros, pelos de gato e cachorro com cheiro de ventos do sul e as janelas viradas para o norte.
Muitas correrias socorrendo animais. Caridades muitas...Meu coração já não me pertence.
E vou continuar escrevendo até concluir minha biografia, que muitos já dizem ser minhaautobiografia. Pode ser.
Dois Blogs não muito recomendados... Este ano (2014) resolvi postar diariamente.





ARIDEZ 

Nestes fluídos, poeiras
e estradas feridas...
Sinto cheiro de vida,
abraço do tempo,
que mesmo sem intento
são frutos de videiras.

Estulto é este voo desorientado.
Asas indevidas
sem noção de partida.
E quando chega a vigília
meu sono é a quilha,
e o vento sopra deitado.

Vazios e inodoros alentos.
Lucidez nas despedidas.
Para viver, é só a subida,
que tolhe-me a crença
sem que eu vença,
prendendo-me a vida em sentimentos.

DESPUDOR

Pensei em retalhar as estrelas
Sem piedade, ralhar, abandoná-las
Expulsá-las todas, e depois querê-las...

Desafiar seus espaços de orgias
Cenas e pedaços saborosos de censuras
Deixar varrer a consciência dos dias...

Replantar assim, a pouca inocência
Dessecando este sabor aviltado
Da fantasia até a incoerência.

Entre o delírio e a cínica curiosidade
Questiona-me o enigmático Universo
Serei megera ou castidade.

Pensei, despudoradamente
Estrelas, astros, namorar e algo desolador
Mas nem toda calúnia mente...

 HISTÓRIA CURTA

Oh, que história curta!
Havia um céu
depois um sol,
depois uma chuva,
e veio a noite.
Depois um homem,
e veio um cão,
mas depois que o cão adoeceu
o homem sumiu.
Então o céu escureceu,
escondeu o sol,
secou a chuva.
O homem ainda quer o cão,
mas o cão morreu
O homem apagou-se...

TEMPO VIL

Intensa a verdade
De verdade, eu creio na realidade
Aos que não creem
Que o terno tempo
É jura do infinito
Nem creem
No que ainda não foi dito...
Que disparidade!

Inusitada beldade
louca beldade, eu desconfio da lealdade
Dos que juram que a têm...
Num senso insensato
Para a alma acalentar
Nem veem
Que o amor é só amar
Que fatuidade!

O tempo é amigo vil
Doido vil, um jovem vaidoso e senil
Na ânsia de ficar aquém
Da fuga finginda
Do fundo d'alma
Mas os que vão além...
A embarcação não chega ao porto
Que procura infantil!

TERCEIRA IDADE

A idade humana é alcoviteira.
Uma conversa esdrúxula
no início da vida.
Um segredo melindre em cada passo.
Uma prosa desafinada até saber falar.
Nebulosa mexeriqueira
é a pressa de sair ileso
da primeira idade.

No farfalhar do tempo
muita arte arvorosa,
postura sarcástica do Eu liberto,
onde no vigor de toda força
murmuram esforços ao léu.
Quanta patetice estampada na vaidade!
Que recebe a alcunha
de segunda idade.

No botequim do entardecer,
vozes aliciantes e sensuais
acomodam-se nos encantos,
nas ideias desmazeladas.
Vai sobreviver como no início
o que ainda souber alcovitar,
caluniar o escárnio que nos impinge
a terceira idade.


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