segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

Augusto dos Anjos

Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos (Sapé, 20 de abril de1884 — Leopoldina, 12 de novembro de 1914) foi um poeta brasileiro, identificado muitas vezes como simbolista ou parnasiano.1 Todavia, muitos críticos, como o poeta Ferreira Gullar, preferem identificá-lo comopré-modernista, pois encontramos características nitidamente expressionistas em seus poemas

Psicologia de um vencido
Augusto dos Anjos


Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênesis da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.


Profundíssimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância...
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.


Já o verme - este operário das ruínas -
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,


Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há-de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!
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