sábado, 21 de agosto de 2010

Dirceu Rabelo - Cônsul de Poetas del Mundo em Dom Joaquim - MG

A necessidade de um porquê.

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Dirceu Rabelo (será?)

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Para Delasnieve Daspet

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Releio Nietzsche e me assusto mais uma vez.

Relaxo-me com um reconfortante Topamax.

Além de sua autêntica e profunda loucura

Em busca de explicações de coisas

Que ele próprio não sabia explicar,

Acusa os poetas (como ele) de serem filósofos.

E por quê? Porque formulam sempre porquês.

Diz ele: para um poeta, uma folha que cai,

Não é somente uma folha que cai,

Como um simples mortal a vê caindo.

Vem-lhe a dúvida.

Para o poeta, uma folha que cai pode ser levada pelo vento

Ou arrastada pela correnteza do riacho

Ou cair revoluteante à margem do regato.

E para Nietzsche a pergunta é, muitas vezes,

A antecâmara da dúvida.

Ou a dúvida, quem sabe, a antecâmara de uma pergunta?

Meio na dúvida, começo a concordar com Nietzsche.

Deve ser como partícula e antipartícula, afora o hífen.

Entenderam? Nem eu! Nem o antieu.

Tomo meu Seroquel de 100 mg, e fico parado,

Sistematizado, nesta dialética trágica

Que me traz o tumultuário para minha mente,

Já bastante combalida.

Digo boa noite a Nietzsche, que permanece de pé

Na cabeceira de minha cama, encaracolando com o dedo seu bigodão,

Trajando uma vistosa farda de Napoleão,

Com uma suástica no peito, bem ao seu jeito.

Ele sorri para mim e ajeita a minha camisa de força.

E eu durmo como um anjo, louco, mas anjo,

Pensando ser poeta e, portanto, filósofo.

Que isso nunca chegue nos ouvidos de mamãe!

Um comentário:

  1. Agradeço - com muito carinho - a atenção, bondade e gentileza do poeta Dirceu RAbelo,

    Delasnieve Daspet

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