Pâmilla Villas Boas
Nascida em Bambuí, Minas Gerais [07/06/1986], atualmente reside em Belo Horizonte. É poeta, comunicadora, jornalista, gestora cultural, guitarrista e compositora. Trabalha ministrando oficinas sobre memória para a Associação Imagem Comunitária. É colaboradora do Instituto Imersão Latina, atuando na comunicação e elaboração de projetos culturais. Participou da antologia “Nós da Poesia” editada pelo Instituto. Atuou no registro de projetos culturais como o Cinema no Rio São Francisco, onde realizou um diário de bordo sobre os ribeirinhos e suas manifestações tradicionais. É a criadora da revista Interferência que tem como objetivo divulgar a música independente do Brasil e do mundo.
Belo Horizonte - MG
A Anti-linguagem
Os átomos que recriam as palavras
do ápice do seu desalento
desconstroem como máquinas criativas
o poder da vontade de representação
O sentido vai se escondendo tranqüilo
nos rochedos que eram cenas de outrora
que guardavam a arte do dito para ser dito
e que mergulhavam no perigo inconsciente
E assim se misturam para se libertar
das esferas do conhecimento
das camisas que forçam a análise
e aprisionam o sentimento
Mas mesmo no caos, cintilam
olhares que querem continuar a descrição
do que nasceu para não ser dito
apenas experimentado
Guerra
Nem a poesia que guarda um lamento
Conseguiu se levantar
Após sombras de um sonho cinzento
Naufragou por entre o mar
E nele naufragou o homem
Que padeceu perante a vida
Que se esqueceu do vasto mundo
Que se esqueceu de ser humano.
E assim caminhou cortando o campo
Lutando pelo mundo sem razão
A oração guardava-lhe o espanto
Mas não guardava o coração
Lutaram muito e se mataram
A guerra era a dor que não findava
A dor que ninguém abandonava
A dor que chamavam de honra
E diziam ser louvor
Mitologia
No mundo místico das idéias
A razão é encontrada retraída
A imagem não se processa
Mas é imensamente sentida.
A razão guarda a verdade
Como um mestre subalterno
A verdade guarda a imagem
Como um comprovante impresso
Como ser convencida
Pelo mundo pleno de irrealidades
A imagem precisa ser sentida
E racionalmente comprovada
A razão só existe quando se pode enxergar
Para viver é melhor retraí-la
De olhos fechados é possível caminhar
Abandonar a razão e adentrar a mitologia
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