quinta-feira, 5 de abril de 2012

MEMBRO: Pâmilla Villas Boas

Pâmilla Villas Boas
 Nascida em Bambuí, Minas Gerais [07/06/1986], atualmente reside em Belo Horizonte.  É poeta, comunicadora, jornalista, gestora cultural, guitarrista e compositora. Trabalha ministrando oficinas sobre memória para a Associação Imagem Comunitária.  É colaboradora do Instituto Imersão Latina, atuando na comunicação e elaboração de projetos culturais. Participou da antologia “Nós da Poesia” editada pelo Instituto. Atuou no registro de projetos culturais como o Cinema no Rio São Francisco, onde realizou um diário de bordo sobre os ribeirinhos e suas manifestações tradicionais. É a criadora da revista Interferência que tem como objetivo divulgar a música independente do Brasil e do mundo.
Belo Horizonte - MG
A Anti-linguagem

Os átomos que recriam as palavras
do ápice do seu desalento
desconstroem como máquinas criativas
o poder da vontade de representação

O sentido vai se escondendo tranqüilo
nos rochedos que eram cenas de outrora
que guardavam a arte do dito para ser dito
e que mergulhavam no perigo inconsciente

E assim se misturam para se libertar
das esferas do conhecimento
das camisas que forçam a análise
e aprisionam o sentimento

Mas mesmo no caos, cintilam
olhares que querem continuar a descrição
do que nasceu para não ser dito
apenas experimentado

Guerra

Nem a poesia que guarda um lamento
Conseguiu se levantar
Após sombras de um sonho cinzento
Naufragou por entre o mar

E nele naufragou o homem
Que padeceu perante a vida
Que se esqueceu do vasto mundo
Que se esqueceu de ser humano.

E assim caminhou cortando o campo
Lutando pelo mundo sem razão
A oração guardava-lhe o espanto
Mas não guardava o coração

Lutaram muito e se mataram
A guerra era a dor que não findava
A dor que ninguém abandonava
A dor que chamavam de honra
E diziam ser louvor



Mitologia

No mundo místico das idéias
A razão é encontrada retraída
A imagem não se processa
Mas é imensamente sentida.

A razão guarda a verdade
Como um mestre subalterno
A verdade guarda a imagem
Como um comprovante impresso

Como ser convencida
Pelo mundo pleno de irrealidades
A imagem precisa ser sentida
E racionalmente comprovada

A razão só existe quando se pode enxergar
Para viver é melhor retraí-la
De olhos fechados é possível caminhar
Abandonar a razão e adentrar a mitologia

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