quarta-feira, 2 de maio de 2012

MEMBRO: DINIS MUHAI


DINIS MUHAI
Maputo-Moçambique  - África - dinismuhai@yahoo.com
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Dinis Muhai, vive em Maputo, é autor do livro de poesia Rascunhos para uma comunicação improvável (Prêmio T.D.M, 2008). Tem textos publicados nas revistas literárias Zunái (2011), Poesia Sempre da República Federativa do Brasil (2006), na França Latitudes (2005); em Moçambique foi co-fundador do movimento literário Oásis (1997); possui publicações dispersas na revista Tempo (1999), Jornal Notícias (1995/1996); autor da estória publicada em banda desenhada Nossos Direitos colecção nº1 (1996).
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Um “b” balbúcio ao
Quotidiano de Maputo
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Os  sapateiros    da
     calçada nº 1245
lixam   as  solas
com eloquência
e conhecimento.
Defronte   deles
noutra   calçada
moças  esbeltas
de  bicos   finos
exibem pernas altas com
vaidade. E os carros  como
núnvens   voam  pelas   faixas
num  vai  e vêm   ensurdecedor.
numa  das  varandas  do  prédio
miranda   crianças   fingidas   de
fuzileiros  lançam   seus    jactos
de água  gelada            e   evitam
o    olhar     das                pessoas
que indagnadas                 correm
com despreso e                    raiva.
- rick,  kres,  flac,                 vriiim:
lixam   as  solas                  de luz
com artimanhas                grácies
dos  seus dedos           de  luz, os
sapateiros. E    ao longe como
fantasmas,  estátuas  de  bronze
empoeiradas encenam famosas
narrativas   de   esquecimento
  - possa! e mais além,  com dor
o mar vem e morre na margem.
Dinis Muhai é poeta em Maputo
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Um “b” de bionose a civilização
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Numa  bolha  de  ar
mil   sonatas   de
s e n s ibilidades
difusas   descem
f r e neticamente
como    pápebras
curvas   de   jade,
     duma  miss Ásia,
cativadas      pela
livre lésbica gravidade.
Convergem fluidos verdes
E  amarelos  junto  as  leves
Curvas  da bolha,  num  ritual
protector  igual  aos  mukumes
e capulanas que   mulheres  das
Áfricas  tropicais   condicionam
seus corpos  de               cristais
enfeitados  por               grácieis
linhas  de aura                 e alma
feitos com  sal,                  pelos
finos maziones                 da era
dos eléctrodes.                A bola
ou bolha de ar,                no ar e
no espaço vira               e rebola
olha para a  gravidade  com cor
e desce descendo numa danada
calma. – dó,    mi,  mi    dó.
canta  embalada  pela  leveza
com  que  cai  e  então  cai e
cai com mil tradições de “b”.
Dinis Muhai é poeta em Maputo
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Fardo
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O fardo que arrasto por estes caminhos
é uma provação

As vezes, têm o peso dum cargueiro continental

Mas compreendo com precisão milimétrica:
o tempo me absorverá
e a liberdade virá com a mesma intensidade
dum orgasmo inocente.

E a matéria de que me sirvo
definhará para alimentar a continuidade da vida

A resignação conduz-me à fonte
que indescritível, espera o meu despertar.
                      Dinis Muhai é poeta em Maputo
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