DINIS MUHAI
Maputo-Moçambique - África - dinismuhai@yahoo.com
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Dinis Muhai, vive em Maputo, é autor do livro de poesia Rascunhos para uma comunicação improvável (Prêmio T.D.M, 2008). Tem textos publicados nas revistas literárias Zunái (2011), Poesia Sempre da República Federativa do Brasil (2006), na França Latitudes (2005); em Moçambique foi co-fundador do movimento literário Oásis (1997); possui publicações dispersas na revista Tempo (1999), Jornal Notícias (1995/1996); autor da estória publicada em banda desenhada Nossos Direitos colecção nº1 (1996).
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Um “b” balbúcio ao
Quotidiano de Maputo
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Os sapateiros da
calçada nº 1245
lixam as solas
com eloquência
e conhecimento.
Defronte deles
noutra calçada
moças esbeltas
de bicos finos
exibem pernas altas com
vaidade. E os carros como
núnvens voam pelas faixas
num vai e vêm ensurdecedor.
numa das varandas do prédio
miranda crianças fingidas de
fuzileiros lançam seus jactos
de água gelada e evitam
o olhar das pessoas
que indagnadas correm
com despreso e raiva.
- rick, kres, flac, vriiim:
lixam as solas de luz
com artimanhas grácies
dos seus dedos de luz, os
sapateiros. E lá ao longe como
fantasmas, estátuas de bronze
empoeiradas encenam famosas
narrativas de esquecimento
- possa! e mais além, com dor
o mar vem e morre na margem.
Dinis Muhai é poeta em Maputo
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Um “b” de bionose a civilização
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Numa bolha de ar
mil sonatas de
s e n s ibilidades
difusas descem
f r e neticamente
como pápebras
curvas de jade,
duma miss Ásia,
cativadas pela
livre lésbica gravidade.
Convergem fluidos verdes
E amarelos junto as leves
Curvas da bolha, num ritual
protector igual aos mukumes
e capulanas que mulheres das
Áfricas tropicais condicionam
seus corpos de cristais
enfeitados por grácieis
linhas de aura e alma
feitos com sal, pelos
finos maziones da era
dos eléctrodes. A bola
ou bolha de ar, no ar e
no espaço vira e rebola
olha para a gravidade com cor
e desce descendo numa danada
calma. – dó, ré mi, mi ré dó.
canta embalada pela leveza
com que cai e então cai e
cai com mil tradições de “b”.
Dinis Muhai é poeta em Maputo
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Fardo
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O fardo que arrasto por estes caminhos
é uma provação
As vezes, têm o peso dum cargueiro continental
Mas compreendo com precisão milimétrica:
o tempo me absorverá
e a liberdade virá com a mesma intensidade
dum orgasmo inocente.
E a matéria de que me sirvo
definhará para alimentar a continuidade da vida
A resignação conduz-me à fonte
que indescritível, espera o meu despertar.
Dinis Muhai é poeta em Maputo
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