terça-feira, 22 de maio de 2012

MEMBRO: Jandyra Adami Neves de Carvalho - JANDYRA ADAMI



Jandyra Adami Neves de Carvalho  - JANDYRA ADAMI
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Nasceu em Santa Rita do Sapucaí onde fez seus estudos de 1º grau. Foi num dia 4 de novembro. Começou a escrever para atender os amigos pois fazia a coluna social do jornal de Santa Rita do Sapucai: Fala... Beagá... e escrevia crônicas em homenagem aos amigos.

Seu filho publicou um livro aos 15 anos, com textos que ela guardava do tempo de escola, dos 6  aos 14 anos, em 1980. Em 1981 escreveu Rosas e Espinhos - Em 1992 escreveu Passarela da Vida, uma auto-biografia e também com crônicas de homenagem aos amigos - Em 1994 escreveu um livro de pensamentos, compilado: Para Todos os Momentos - Em 2004 escreveu DEVANEIOS - (Acalanto Para Gente Grande) - Em 2010 escreveu Palavras ao Vento, em benefício das casas carentes de sua terra natal.
Em 1985 foi convidada para membro efetivo e fundador da Academia de Letras, Ciências e Artes de Santa Rita do Sapucai, tendo sido eleita Vice Presidente na inauguração da ALCA e logo após, com a renúncia do Presidente, passou a presidir a Academia, embora morasse longe da cidade.
É Auditora  Fiscal aposentada  da Receita  Federal do Brasil e até hoje tem contato com os colegas através dos jornais das entidades.

Em   2011 recebeu o Troféu Cecília Meireles-Mulheres Notáveis,  em nível nacional,  e, no mesmo ano recebeu  o Troféu Carlos Drummond de Andrade em  Itabira - Minas Gerais.
Pertence a vários grupos literários: Poetas del Mundo - Academia Virtual Brasileira de Letras - AVBL - AVPB - Academia Virtual de Poetas Brasileiros - Andarilhos das Letras - Sarau Libertário, CEN - Portugal, Portal BVEC - Biblioteca Virtual do Escritor Contemporâneo.
Home Page: www.berju.uaivip.com.br 
Belo Horizonte - MG -   jandadami@gmail.com
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 MULHER

Lembranças de nossas vidas.
Momentos inesquecíveis que passamos.
Tudo isto me faz ter uma saudade imensa.
Nossos passeios, nossas viagens...
As peripécias que eu aprontava
e tu eras testemunha, cúmplice de tudo.
Nossa vida foi bela, mesmo na pobreza,
pois havia o amor a nos unir.
Tua luta incansável para nos manter
deixou em mim um sabor de riqueza,
de entrega total, sem compromisso
com mais nada a não ser com tua família.
Depois de vivermos tantos anos sob o mesmo teto
não era possível perder-te, sem mais nem menos.
Mas Deus quis assim e quem poderá opinar contra alguma vontade Dele?
Despedir de ti foi difícil.
Olhar tuas mãos inertes sobre o peito,
sabendo de tudo que elas fizeram em vida,
foi cruel... Muito cruel...
Tua face estava serena, em paz...
Fiquei ao teu lado todo tempo possível...
Mas foi tão pouco, não deu para matar minha sede de ti, da tua presença, mesmo calada,
deitada entre flores perfumadas,
coroas espalhadas, que teus amigos queridos
mandaram em homenagem à tua vida que foi bela
marcante, honrada, cheia de virtudes
que todos reconheciam.
Tua partida foi chorada e sentida pelo que tu eras:
honesta, leal, amiga de todas as horas.
Hoje, Dia Internacional da Mulher lembro de ti mãe.
Tudo me passa pela cabeça...
A nossa vida, as nossas brincadeiras,
madrugadas inteiras a ler os bons livros,
revistas e tudo mais...
Conversávamos muito, eras minha confidente
e companheira constante.
Meus namorados eram teus também,
pois te amavam com o carinho
que se ama uma mãe de verdade.
Há quase vinte e dois anos partiste.
Ninguém te esquece.
Tenho em ti um exemplo a seguir,
uma saudade a sentir.
Eternamente estarás comigo, pois sinto tua presença
e assim será até o dia de nosso reencontro.
Tua bênção, minha mãe maravilhosa...
Jandyra Adami 
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AGORA SOU MULHER


Entra...
Apaga a luz e deita ao meu lado
Não quero saber quem tu és
E nem o teu nome
Quero que me faças mulher...
E que eu sinta todas as sensações,
todos os arrepios que leio em prosa e versos.
Quero ter o prazer de possuir-te mesmo sem te amar.
Serás objeto  do meu desejo  incontido
de êxtase... orgasmo... plenitude sexual...
Abraça-me forte...Beija-me onde quiseres
Faças tudo como se me amasses loucamente
E eu, de olhos fechados, estarei pensando nele,
Aquele a quem desejo e nunca poderei ter...
Quando eu adormecer, fecha a cortina
e cubra meu corpo maculado pelo teu...
Antes que feches a porta, olha para mim
Agora: sou uma mulher...
Jandyra Adami
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                        GAZELA  ASSUSTADA

A viagem que fazíamos de Lambari à Santa Rita(ou vice versa),de trem, tinha uma   parada enorme em Soledade de Minas.. Eu aproveitava  para visitar meu colega de Coletoria, filho do Prefeito, naquela época. Para passar o tempo, fazíamos o “footing” na estação, com duas plataformas, onde os trens iam e vinham, de todos os lados.
Naquele dia inesquecível, fizemos tudo como de costume e eu, trajando um conjunto “duas peças”, que modelava bem o corpo, um rosa diferente, muito bonito, sapato de salto, meias. Como diziam, “ desfilei a minha elegância o tempo todo”.
Depois de muita espera, entramos no trem. Mãe ficou sentada e eu fui ao outro vagão, com certeza, ver os passageiros, andar simplesmente.
Assim que acabei de entrar naquele carro, ele se desprendeu do resto do trem e foi fazendo um percurso oposto ao de Lambari, em cujo último vagão estava minha mãe, as malas, a frasqueira, o dinheiro. Quando eu ouvi um apito do trem que ficara perto da estação, pressenti que estava de saída o que ia para Lambari e então perguntei a um senhor, para onde iria aquele vagão em que estávamos. Ele respondeu que era um  vagão com romeiros, que iria engatar num outro trem, assim que a linha estivesse desocupada com a partida do trem para Lambari... Apavorada, desci a escadinha com sacrifício, já que a saia era bem justa e batia na canela. Comecei a correr entre os trilhos, com imensa dificuldade, pois o salto e a saia não me davam condições. Tirei os sapatos, carregando-os com a mão esquerda e com a direita, levantava um pouco a saia. E fui, em desabalada corrida, rumo ao trem que ia para Lambari e onde minha mãe, aflita, me esperava. Ainda bem que naquela época eu não tinha problemas de coração... Corri...corri... e o trem começou a movimentar-se.
Muita gente na última porta, torcendo para que eu chegasse! Parecia um filme cômico...
A muito custo, consegui chegar e sentei no primeiro degrau da escada. Com a alma pela boca, cansada e assustada...  O trem foi aumentando o ritmo  e as pessoas me ajudando a subir, pois eu não tinha mais forças.  Quando consegui sentar no meu banco, olhei os pés que sangravam. Vim correndo em cima daquele carvão pontiagudo!. Não sabia se ria ou se chorava. A meia, que era bem grossa,(parece que se chamava Nondesfil) protegeu um pouco os pés, mas mesmo assim ficaram machucados.
Passado o susto, fiquei pensando como aquele pessoal que estava na estação deve ter rido de mim, porque momentos antes eu desfilava pela plataforma, como uma gazela, depois, corria, desvairada, entre os trilhos! O pior é que ninguém sabia o que eu queria e para onde eu ia, naquela coisa assustadora, que deve ter sido a minha tragédia pessoal.
Sem dúvida, foi muito engraçado para eles que, chegando a suas casas, devem ter contado o ocorrido aos familiares, sem contudo, saber o que estava se passando comigo.
Devem ter pensado que eu era uma doida varrida.!
Eu fiz a viagem descalça, fui para casa e, no dia seguinte, nem pude ir trabalhar, pois os pés machucados, não permitiram.
Afinal... o que é que eu tinha que largar minha mãe sentada e ir para o outro vagão fazer hora e ficar olhando para os outros??!!
Jandyra Adami- Do livro Passarela da Vida- 1.992




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