domingo, 22 de julho de 2012

MEMBRO: VINNI CORREA


Vinni Corrêa
Rio de Janeiro - RJ
poeta@vinnicorrea.com
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Vinni Corrêa é poeta, carioca, nascido em 1981, pós-graduado em Adm. deMarketing e Comunicação Empresarial pela UVA e graduado em Gestão, Organiaçãoe Promoção de Eventos pela UNESA. Apaixonado por música, começou a rabiscar algumas canções aos 18 anos. Publicou textos em alguns sites e em seu antigo blog "De Encontro ao Desconhecido". Em 2007 obteve a segunda e a quinta colocações no concurso "I Antologia Poética da Editora Roccia" com as poesias "Losangos e Quadrados" e "Parem as rotativas!", respectivamente. No mesmo ano foi selecionado no concurso "A Palavra em Prisma" com a poesia "Constelação Germinante". Teve seu texto "Aracruz Celulose: a farsa da indústria do papel" publicado pelo Jornal Inverta, no site do Partido Socialista Unificado da Catalunia e citado no pronunciamento do deputado Chico Alencar. Em 2011 integra o movimento Poetas del Mundo e em 2012 lança o seu primeiro livro, intitulado Coma de 4, uma coletânea de poesias eróticas.
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O Sabor da Beleza
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De saia plissada ela anda pelo calçadão
Seu lindo traseiro é apalpado pelo vento
Revelando a calcinha cravada como unha na carne
Quem por ela passa tem seu apetite instigado
Os olhos penetram a pele a sentir seu cheiro
E então comem
Devoram cada linha cada tracejo
Cada poro cada pinta
Degustam o sabor da beleza
E permanecem numa visão insaciada
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Adeus ranzinza
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Tu, meu parrudo voraz limpa trilho,
Que ferozmente erguias os lábios mostrando
Os caninos ebúrneos de intenso brilho,
Cravados a puxar um sujo pano
E a rosnar, como quem morde, como quem brinca.
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Adeus ranzinza
Meu moleque que roubava à surdina um osso do lixo.
Tu enfiavas minhas meias debaixo dalgum canto,
Espreitavas de rabo de olho e nunca nos olhava fixo,
E sonso, esfregavas o focinho gelado implorando
Perdão. Não há quem melhor finja.
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Adeus ranzinza
Tu brilhavas os olhos, espanavas o rabinho e espichavas as orelhas
Quando eu dizia "imbecil" e tu entendias "vamos descer Bill".
Vinhas correndo feliz em direção à coleira,
E se eu não a pegasse, davas latidos mil.
E depois, já na rua, continuavas a latir ainda.
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Adeus ranzinza
Tu não podias ficar sem meu pai que na varanda uivavas a noite inteira,
Não adiantava chamar-te pelo nome e nem assoviar fiu fiu.
Quando alguém saia corrias para a porta, não davas bobeira,
Mas um biscoitinho tornava-te uma fera gentil.
Às vezes pedias mais um como pechincha.
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Adeus ranzinza
Quando no banho eu dizia sacode e tu sacudias molhando tudo,
Ainda úmido corrias pela casa te esfregando pelo chão.
Se eu pedia um abraço tu vinhas com as patas em minha perna, e cedias o ar carrancudo,
Apertava-o forte como quem abraça um grande irmão,
Embora se muito forte eu apertava, soltavas rezinga.
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Adeus ranzinza
Tu que eras valentão, firme porte, todo troncudo,
Mas não podias sair na rua e dar de cara com outro cão,
Colocavas o rabo entre as pernas e te metias atrás de um arbusto,
Empacavas na calçada, com olhar de dar dó, eras o oposto de um alão.
Teus ganidos, cainhados, latidos... Bill, meu choramingas.
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Adeus ranzinza
Deitado em minha cama descobrias a colcha e recostavas o rosto no travesseiro.
Todo enrodilhado dormias como uma criança, enchia o lençol de baba.
Em noite de fogos tremia no escuro do banheiro.
Sozinho caçavas o próprio rabo e abocanhavas moscas pela sala.
Mas foi triste quando veio tua míngua.
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Adeus ranzinza
Tu lutaste até o fim, forte aguentou o que pode, foste guerreiro.
Reergueste-te, aguentaste as dores do tumor e da pata amputada.
Apesar das mordidas foste um bom camarada, um bom companheiro.
Adeus ranzinza, adeus, pois em nossas lembranças permanecerá a tua graça.
Adeus ranzinza, cremado, virou cinza.
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Adeus ranzinza! 
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Fenda
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Atesta
Minha loucura
Em minha testa
O algodão
Molhado com o beijo
De meia hora
Cravada
Como a marca
Dimidiada
Na topada da pedra
Onde gravei desenhos
Simples profundo azul escuro
Que reflete na lágrima
Descente da fenda
Aberta
Na minha loucura 

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