quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Flores que se Apagam - Aldo Cordeiro

   Flores que se apagam
                                                                                                Aldo Cordeiro
        Em Olinda de tantos carnavais, uma noite, eu e uma amiga estávamos saindo de casa para ir ao Recife. No jardim da casa dela, uns cactos estavam grávidos, mas tudo que víamos eram umas bananas verde, pontudas. 
        Voltamos de madrugada: as "bananas" haviam dado à luz da lua belíssimas flores brancas, cheias de brilho e luz.  Não havia palavras para descrever a cena.  A beleza era maior que qualquer idéia escrita.
        Na manhã seguinte, as flores já não eram mais, tinha terminada a sua breve passagem pela Terra, em forma de flores.
        Alguns seres humanos são assim: nascem, parecem ter toda a eternidade na expressão de seus sorrisos, de sua energia, brilham intensamente e... encerram sua jornada na Terra, em forma de flor humana.
        Jovens mortos em acidentes, por balas perdidas ou intencionadas - nas periferias da cidade -, nos estádios, pelas drogas, nas baladas das noites que nunca amanhecem.
        A vida é intensa demais em seus caprichos, surpresas, encontros, vazios, saudades.   Nossa cabeça pensante procura explicações nos textos religiosos, nas crenças e filosofias para os mistérios que nos rondam.   No entanto, sabemos nada. Explicamos tudo e continuamos com a alegria do desabrochar e a dor da despedida. Convencemos nossa mentes que pensam, mas não calamos o coração que chora.  Este não carece de explicações e teorias.  Precisa apenas do tempo do silêncio, esta ponte entre o momento da dor e a eternidade que continua, o Inominado que não nos cabe entender.

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